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Gilberto Bastos/Divulgação

Foi protocolado na sexta-feira (31), no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), o pedido de registro da Indicação Geográfica (IG) para o Pão no Bafo de Palmeira. Esse pedido visa garantir que o prato seja oficialmente reconhecido por suas características e tradição únicas, ligadas à sua origem geográfica. A IG, na modalidade de Indicação de Procedência (IP), protege produtos com qualidades ou reputação atribuídas à sua região de origem, nesse caso, o município de Palmeira, que fica na região dos Campos Gerais, no Paraná.

O Pão no Bafo é uma receita tradicional que foi introduzida em Palmeira em 1878, pelos imigrantes russo-alemães, que se estabeleceram em áreas como Quero-Quero, Colônia Papagaios Novos, Santa Quitéria, Lago e Pugas. O prato passou a ser incorporado à cultura local e é uma parte importante da culinária de Palmeira até hoje.

A IG é uma forma de reconhecimento que ajuda a preservar e proteger a autenticidade do produto, garantindo que apenas os produtores de Palmeira possam comercializar o Pão no Bafo sob esse nome, com o preparo tradicional característico.

Em 2015, o Pão no Bafo foi reconhecido como Patrimônio Imaterial de Palmeira, destacando sua relevância cultural para a cidade.

Rosane Radecki, empresária que trabalha com o Pão no Bafo desde 2016 e presidente da Associação dos Produtores de Pão no Bafo de Palmeira (APAFO), expressa grande expectativa com a conquista da IG. Ela destaca a importância do apoio financeiro da Prefeitura e da colaboração de parceiros para organizar o processo. Atualmente, a APAFO conta com sete associados. “Nosso objetivo é sensibilizar os restaurantes da cidade sobre a importância da IG. O prato deverá seguir o Caderno Técnico de Especificações para preservar sua autenticidade, que inclui carne suína, repolho ou couve, pão cozido a vapor e a forma de apresentação ao cliente”, explica Rosane.

A consultora do Sebrae/PR, Nádia Joboji, comenta que o processo para a obtenção do registro de IG é fruto de uma colaboração entre o Sebrae/PR, a Prefeitura de Palmeira, os empresários da APAFO, o Conselho Municipal de Turismo (Comtur), a Secretaria Estadual de Turismo, além de diversas entidades locais e regionais. “Todos trabalharam juntos para que o Pão no Bafo de Palmeira conquistasse o reconhecimento de IG. Essa é uma vitória para o desenvolvimento territorial da cidade, com potencial para atrair mais turistas e valorizar a gastronomia, a história e a cultura local. Além disso, a IG ajudará a proteger esse produto e serviço tão emblemáticos”, afirma Nádia.

Rosemari Schweigert Schuebel, moradora de Palmeira, compartilha que sua mãe aprendeu a receita com a sogra, que era casada com um imigrante russo. Desde então, a tradição de fazer o Pão no Bafo é passada de geração em geração. Em 2024, Rosemari começou a vender o prato na feira de Colônia Quero-Quero. “O registro de IG pode ajudar a preservar essa tradição e manter viva a receita que passa de geração para geração”, afirma.

Indicações Geográficas no Paraná

O Paraná conta com 16 Indicações Geográficas reconhecidas pelo INPI, incluindo produtos como a Cracóvia de Prudentópolis, a cachaça e aguardente de Morretes, melado de Capanema, mel de Ortigueira, cafés especiais do Norte Pioneiro, morango do Norte Pioneiro, vinhos de Bituruna, goiaba de Carlópolis, mel do Oeste do Paraná, barreado do Litoral do Paraná, queijos coloniais de Witmarsum, bala de banana de Antonina, erva-mate São Matheus, camomila de Mandirituba, uvas finas de Marialva e as broas de centeio de Curitiba. Também há uma IG que abrange produtos de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul: o mel de melato da Bracatinga do Planalto Sul do Brasil.

O Paraná ocupa a segunda posição no Brasil em número de Indicações Geográficas, ficando atrás de Minas Gerais, que possui 20 registros, e seguido pelo Rio Grande do Sul, com 13 IGs.

Além dos produtos já reconhecidos, outros estão em busca do registro, com pedidos de IG em andamento no INPI. Dentre eles, destacam-se as tortas de Carambeí, o mel de Prudentópolis, o urucum de Paranacity, os queijos do Sudoeste do Paraná, a carne de onça de Curitiba, o café de Mandaguari, o ponkan de Cerro Azul, os ovinos e caprinos da Cantuquiriguaçu, o ginseng de Querência do Norte e as ostras do Cabaraquara.