
De acordo com dados da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), o número de acidentes aumentou 11,6% em 2024, se comparado ao ano anterior, com 2.373 ocorrências registradas. A quantidade de fatalidades subiu de 674 para 759, um aumento de 12,6%, e os incêndios por sobrecarga elétrica, que já eram um alerta, registraram um salto alarmante de 23,5%, de 963 para 1.205 casos.
O ranking de ocorrências elétricas nos estados revela que São Paulo lidera com 252 casos, seguido pelo Paraná com 216 e Minas Gerais com 184. Em relação aos choques elétricos, São Paulo também ocupa o primeiro lugar, com 93 ocorrências, seguido pela Bahia (88), Santa Catarina (83) e Paraná (81). A região Sul, especialmente o Paraná, apresenta um aumento preocupante nos acidentes elétricos, o que serve como um sinal de alerta para a situação na área.
No entanto, há aspectos mais positivos. A pesquisa aponta uma redução no número de mortes em incêndios (25,4%) e também uma diminuição de 35% nos acidentes relacionados a raios. Essas quedas, no entanto, não são suficientes para minimizar o impacto das ocorrências de choque elétrico, que continuam a preocupar.
O engenheiro eletricista Fábio Amaral, sócio-diretor da Engerey Painéis Elétricos, destaca a importância de se observar as normas de segurança e fazer manutenção adequada das instalações elétricas. “O uso de dispositivos de proteção e a inspeção regular das instalações são fundamentais para evitar acidentes”, alerta. Para ele, a negligência com a manutenção e o uso de equipamentos de baixa qualidade são os principais fatores que resultam em choques e incêndios, sendo necessário que tanto residências quanto empresas adotem práticas rigorosas para garantir a segurança elétrica.
Em busca de soluções, Amaral destaca que a prevenção é a chave. O uso de dispositivos de proteção em painéis elétricos, como o Dispositivo Diferencial Residual (DR), que desliga automaticamente a corrente elétrica em caso de fuga de energia, pode salvar vidas. No Brasil, no entanto, apenas 27% das residências possuem esse dispositivo, o que evidencia a falta de conscientização.
“Além disso, muitas residências não possuem o dimensionamento adequado para o aumento de carga que ocorreu nos últimos anos, especialmente com a modernização dos equipamentos. Em muitos casos, os sistemas elétricos e o painel elétrico não foram atualizados, o que pode resultar em sobrecarga e até mesmo em riscos de curto-circuito. É importante que as instalações sejam revisadas por um profissional habilitado para garantir a segurança”, diz Amaral.
A Engerey, com mais de 20 anos de experiência, enfatiza a importância da educação e da formação contínua para profissionais do setor elétrico. A conscientização dos riscos, a realização de manutenção preventiva e a instalação de dispositivos de segurança são estratégias essenciais para prevenir acidentes e garantir a segurança elétrica, tanto nas residências quanto nas empresas.
O estudo também oferece dicas importantes para evitar acidentes, como manter as instalações em boas condições, evitar fios danificados e proteger crianças de tomadas e fios. Além disso, é importante evitar o uso de “Ts” ou extensões de forma contínua e manter uma distância segura de postes e torres de alta tensão. Essas ações simples podem prevenir tragédias que, muitas vezes, poderiam ser evitadas com medidas de precaução.
Acidentes por região
Em resumo, os acidentes e mortes por região foram:
- Nordeste: 598 acidentes e 287 mortes (268 por choque elétrico e 19 por incêndios), com 19 ocorrências de raios sem fatalidades;
- Sudeste: 592 acidentes e 152 mortes (141 por choque elétrico, 8 por incêndios e 5 por raios);
- Centro-Oeste: 320 acidentes e 121 mortes (104 por choque elétrico, 11 por incêndios e 6 por raios);
- Sul: 557 acidentes e 150 mortes (134 por choque elétrico, 9 por incêndios e 7 por raios);
- Norte: 306 acidentes e 128 mortes (112 por choque elétrico, 3 por incêndios e 13 por raios).