Paraná é um dos estados com mais jovens vítimas da violência

65% dos óbitos da juventude resultam de causas externas, identificou pesquisa divulgada hoje

Rodolfo Luis Kowalski
abr

Paraná registra a quinta maior taxa de incidência das notificações por violência interpessoal/autoprocada no Brasil (Foto: Marcello Casal Jr./Arquivo/Agência Brasil)

O Paraná é a quinta unidade da federação com maior taxa de incidência de casos de violência interpessoal e autoprovocada entre jovens no Brasil. É o que revela um estudo divulgado nesta segunda-feira (25 de agosto) pela Fiocruz, o qual revela que a faixa etária é um fator de risco mais significativo do que a localização geográfica para violências e acidentes. E isso vale tanto para áreas metropolitanas como em cidades do interior.

No caso paranaense, por exemplo, a taxa de mortalidade por causas externas (por 100 mil habitantes) entre a população em geral é de 167,4. Entre a juventude (pessoas de 15 a 29 anos), no entanto, esse número já sobe para 185,7.

O que chama a atenção mesmo, no entanto, é a taxa de incidência das notificações por violência interpessoal/autoprovocada no estado. Entre a população em geral, essa taxa é de 373,8. Entre os jovens, já salta para 553. Essa, inclusive, é a quinta maior taxa do país, bem acima da média nacional (de 407,9). Apenas Distrito Federal (696,1), Espírito Santo (637,8), Mato Grosso do Sul (629,1) e Roraima (623,5) apresentam taxas de incidência entre a juventude maiores que a paranaense.

Metodologia

Os pesquisadores da Fiocruz utilizaram as bases de dados do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022 e 2023, para determinar as taxas de mortalidade e incidência na população jovem entre 15 e 29 anos em todo o Brasil. De acordo com o levantamento da Agenda Jovem Fiocruz (AJF) e da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), a taxa de mortalidade por violências e acidentes entre jovens é maior do que a da população como um todo em todos os estados e no DF. Na maioria dos casos, essa diferença é maior que 50%. Na Paraíba, a diferença chega a 90%.

Mais da metade das mortes na juventude decorrem de causas externas

Segundo a Fiocruz, jovens no final da adolescência (15 a 19 anos) sofrem mais violência no geral, especialmente física, além de serem mais vítimas em situações de conflitos; e que jovens de 20 a 24 anos, período em que costumam começar a trabalhar, estão mais sujeitos a uma morte violenta.

Além disso, o estudo também identificou que 65% dos óbitos da juventude resultam de causas externas, como violências e acidentes (84.034 das 128.826 mortes entre 2022 e 2023). A taxa de mortalidade por causas externas para jovens é de 185,5 mortes para cada 100 mil habitantes, maior do que a da população geral (149,7). A taxa é ainda mais alta em jovens entre 20 e 24 anos (218,2). Em contraste, essas causas representam apenas 10% do total de óbitos do conjunto da população brasileira. Mais de um terço dos casos de violência notificados no SUS vitimaram jovens (36%).

Jovens sofrem principalmente com agressão física (47%), violência psicológica e moral (15,6%), e violência sexual (7,2%). Segundo o estudo, “quanto mais velha a vítima, maior a proporção de violência psicológica. Quanto mais jovem, maior a proporção de violência física.”