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Setor vem se recuperando da pandemia da Covid-19 e público volta às salas de cinema (Franklin de Freitas)

Ainda se recuperando dos impactos causados pela pandemia de Covid-19, as salas de cinema em todo o Paraná ficaram mais lotadas em 2023 do que em anos anteriores. É o que revela o Informe Anual do Mercado Cinematográfico, o qual aponta que mais de 6,6 milhões de espectadores estiveram nas salas de cinema espalhadas pelo estado, público inferior apenas ao registrado em São Paulo (37,8 milhões), Rio de Janeiro (14,6 milhões) e Minas Gerais (8 milhões) no mesmo período.

Ainda de acordo com o documento, divulgado pelo Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA), da Agência Nacional do Cinema (ANCINE), as 215 salas de cinema espalhadas por todo o Paraná receberam ao longo de 2023 um público total de 6.632.054, o que gerou uma renda de R$ 129,9 milhões. No ano anterior, o público no estado havia sido de 5.645.348, com geração de uma renda de R$ 107,2 milhões através de bilheteria.

Ou seja, o número de espectadores nos cinemas paranaenses cresceu 17,5% no ano passado (em relação ao ano anterior), enquanto a renda com bilheteria avançou 21,2%. É, em disparado, o melhor resultado para a sétima arte nos últimos tempos. Em 2021, quando as salas de cinema voltaram a receber público (ainda com restrições, devido à necessidade de adoção de medidas sanitárias extraordinárias), as salas de cinema do Paraná receberam 2,65 milhões de espectadores, com uma renda de R$ 43,3 milhões.

Por outro lado, o público registrado neste ano segue distante daquele verificado antes da pandemia. Em 2018, por exemplo, 8.379.170 pessoas foram ao cinema no Paraná. No ano seguinte (2019), o último antes da crise sanitária, o número foi ainda mais expressivo: 9.495.013.

Alguns fatores ajudam a explicar os motivos de o antigo patamar ainda não ter sido retomado. Entre elas está a perda do hábito de ir ao cinema durante a pandemia e a expectativa de que os filmes em exibição nas salas de cinema rapidamente estejam disponíveis em serviços de streaming.

“Acho que as pessoas ainda não voltaram a ter o prazer de sentar numa sala escura e ver o filme, que não é substituído pelo streaming. Acredito que (esse hábito) vai voltar, mas está difícil. Está demorando mais do que a gente achava”, relatou em entrevista recente ao jornal O Estado de São Paulo a produtora cinematográfica Bianca de Felippes, afirmando ainda acreditar que o caminho é continuar oferecendo bons títulos ao público. “O que está acontecendo é um reflexo dos três anos em que ficamos dentro de casa. Temos de continuar produzindo e fazendo filmes.”

Das 399 cidades paranaenses, 33 possuem sala de cinema

Em todo o Paraná, revela ainda o Informe Anual do Mercado Cinematográfico, há 58 complexos cinematográficos em funcionamento, os quais reúnem um total de 215 salas de cinema. Isso significa que, no estado, há uma sala de cinema para cada 53.230 habitantes, resultado melhor que a média nacional (de 58.558 habitantes por sala de cinema) e inferior apenas ao registrado no Distrito Federal (35.663), São Paulo (40.411), Rio de Janeiro (43.275), Roraima (45.479), Amapá (48.917) e Santa Catarina (52.126).

Além disso, entre as 399 cidades paranaenses, os dados oficiais mostram que 33 possuem pelo menos uma sala de cinema à disposição da população (o equivalente a 8,3% do total de municípios no estado). Curitiba (com 80 salas), Londrina (com 25), Maringá (com 18) e Foz do Iguaçu (com 10) são as localidades com mais salas de cinema.

Na sequência aparecem ainda Ponta Grossa (8); Cascavel e Pato Branco (ambas com 7); Campo Largo e São José dos Pinhais (com 5 cada uma); Guarapuava, Paranaguá e Umuarama (com 4); Arapongas e Francisco Beltrão (3); Apucarana, Assis Chateaubriand, Campo Mourão, Castro, Colombo, Cornélio Procópio, Fazenda Rio Grande, Guaratuba, Irati, Medianeira, Paranavaí, Telêmaco Borba e Toledo (todas com duas salas de cinema cada); e, finalmente, Cianorte, Ivaiporã, Jaguariaíva, Piraquara, Prudentópolis e Santo Antônio da Platina (cada uma com uma sala de exibição).

Os filmes nacionais e internacionais mais assistidos

Considerando-se os dados nacionais, os cinco maiores públicos do ano foram ‘Barbie’ (10,7 milhões), ‘Super Mario Bros – O Filme’ (6,6 milhões), ‘Velozes e Furiosos 10’ (6,5 milhões), ‘Gato de Botas 2: O Último Pedido’ (5,2 milhões) e ‘Avatar: O Caminho da Água’ (4,9 milhões). Já entre os longas-metragens nacionais, os mais assistidos foram ‘Nosso Sonho’ (505,1 mil), ‘Minha Irmã e Eu’ (468,8 mil), ‘Os Aventureiros – A Origem’ (418,7 mil), ‘Mamonas Assassinas, O Filme’ (314,9 mil) e ‘Mussum, O Filmis’ (212,6 mil).

Em relação a 2022, o público total nos cinemas brasileiros cresceu 19,7%, com uma renda de R$ 2,2 bilhões (contra R$ 1,9 bilhão em 2022). O market share do cinema nacional, contudo, ainda é significativamente modesto, tanto no público (3,2%), quanto na renda (3%). Não à toa, no ranking dos 20 maiores públicos de 2023, nenhum filme é brasileiro – a boa notícia, por outro lado, é que 2023 terminou com um grande fenômeno de público do cinema nacional, a comédia “Minha irmã e eu”, o filme nacional de maior bilheteria em cinco anos, lançado no final do ano passado e cujo impacto efetivo, informa a Ancine, só será mensurado no informe do próximo ano.