
Uma pesquisa feita pelo Observatório Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Sistema Fiep) revela que o Paraná possui atualmente 1,5 milhão de jovens de baixa renda. Para se ter uma dimensão do que isso representa, o número corresponde a 14% de toda a população paranaense, o que significa que um a cada sete paranaenses é um jovem de baixa renda.
O estudo, divulgado nesta segunda-feira (18), traça um raio-x completo desse público no território nacional. Segundo Fabiane Franciscone, diretora regional do Senai e superintendente do Sesi e IEL no Paraná, a pesquisa procurou entender o comportamento da juventude brasileira de baixa renda tendo como base a missão de gratuidade do Senai, que oferece cursos de formação e capacitação profissional com foco na indústria.
“Fomos buscar respostas para entender porque, mesmo o país tendo um alto índice de pessoas buscando emprego e uma demanda expressiva da indústria por mão de obra qualificada, as vagas para os cursos de capacitação gratuitos não eram preenchidas”, relata Franciscone. “Precisávamos compreender essa lacuna e avaliar por que essas variáveis não se conectavam”, justifica.
A nível nacional, o levantamento mostra que os jovens com idade entre 15 e 29 anos representam um quarto da população brasileiro (o equivalente a 49 milhões de jovens), sendo que quase 70% deles (dois em cada três) são de baixa renda (ou seja, são 34 milhões de jovens brasileiros de baixa renda). Somente 33% estudam atualmente e, desses, um terço está em atraso escolar, sendo que a defasagem é maior entre os jovens que não trabalham.
No caso paranaense, a boa notícia é que o estado vem melhorando indicadores. É o oitavo no país que mais registrou alterações de faixa entre jovens de baixa renda entre 2017 e 2022 (-4,5%), ou seja, esses melhoraram de vida. Entre os que estudam, 47% frequentam o Ensino Médio e, 40%, o Ensino Superior – o maior porcentual do Brasil. Aqui, 92% dos jovens de baixa renda têm acesso à internet – o 10º melhor resultado de todo o país.
Ainda segundo Fabiane Franciscone, o objetivo maior do trabalho é inspirar diversos segmentos da sociedade para que possam criar e apoiar políticas públicas mais acessíveis e inclusivas para assegurar a cidadania e a dignidade desses jovens. “Isso será feito dando oportunidades e realizando transformações na vida da juventude brasileira de baixa renda”, afirma. “Esse trabalho muito nos orgulha porque é uma grande contribuição que vamos entregar à sociedade e que vamos poder refletir juntos. Trata-se de um balizador para entidades de classe, organizações, empresas, instituições de ensino públicas e privadas e órgãos governamentais estabelecerem prioridades e planejarem políticas que realmente atendam às necessidades emergentes da juventude de baixa renda no Brasil”, completa.
Para a realização do estudo, 14 profissionais estiveram diretamente envolvidos, contando ainda com uma equipe multidisciplinar de apoio com 80 colaboradores para desenvolver o material. A metodologia adotada traz dados quantitativos da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos últimos dez anos, além da análise de mais de 100 fontes de referências dos últimos 15 anos.