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Caminhada do coração em Curitiba incentiva hábitos saudáveis (Fotos: Luis Pedruco)

Uma pesquisa feita por médicos em Curitiba mostra o impacto do sedentarismo para a saúde cardiovascular do curitibano.

A pesquisa, conduzida por médicos da Quanta Diagnóstico por Imagem e publicada no ano passado na conceituada revista científica International Journal of Cardiology, revelou que o sedentarismo é o fator modificável que mais contribuiu para mortes cardiovasculares na capital paranaense ao longo de uma década.

O levantamento analisou dados de 25.127 pacientes entre 2010 e 2020 e apontou que cerca de 40% das mortes poderiam ter sido evitadas caso a população tivesse adotado hábitos mais ati

Durante o estudo, foram avaliados pacientes com 18 anos ou mais, residentes em Curitiba, que nunca haviam passado por infarto, angioplastia ou cirurgia de revascularização do miocárdio.

“Este último critério foi necessário porque nós conectamos nossos dados com o do Sistema de Informação em Mortalidade de Curitiba. Este sistema contém todos os óbitos de pessoas com residência em nossa cidade”, explica Miguel Morita Fernandes da Silva, coordenador do estudo.

O levantamento avaliou como fatores de risco modificáveis (como pressão alta, diabetes, colesterol elevado, tabagismo, obesidade e sedentarismo) impactaram as taxas de mortalidade por doenças cardíacas. “Tratando adequadamente os pacientes, controlando estes fatores de risco, esperávamos que o impacto dos mesmos nos índices de mortalidade fosse reduzido”, avalia o cardiologista.

O resultado mostrou que mais da metade das mortes cardiovasculares poderiam estar relacionadas a fatores de risco modificáveis, sem alteração significativa ao longo de 10 anos. O sedentarismo respondeu por 40% dos óbitos, seguido pela hipertensão (17%) e diabetes (15%). “O sedentarismo aumenta o risco de morte tanto por levar à ocorrência de outros fatores de risco, quanto por ações diretas no sistema cardiovascular. Ele está associado ao aumento de peso e da pressão arterial e da piora do perfil de colesterol e do perfil glicêmico”, alerta Dr. Morita.

De acordo com o especialista, a prática regular de exercícios físicos promove benefícios amplos. Melhora a função de bomba do coração, promove melhoria da função endotelial (o endotélio é uma película que cobre as artérias internamente e tem funções importantes na vasodilatação) e contribui para a eficiência de extração de oxigênio pelos músculos”, detalha.

Pesquisa

A pesquisa foi realizada no Inova – Departamento de Pesquisa e Inovação da Quanta Diagnóstico por Imagem. Por meio deste departamento, a clínica participa de projetos de pesquisas e estudos nacionais e internacionais, cooperando e contribuindo para o desenvolvimento científico na área da saúde.

“Nosso trabalho científico tem colaborado para o aprimoramento de protocolos de medicina diagnóstica em vários países”, afirma Dr. João Vicente Vítola, um dos fundadores da Quanta.

“Desde 2007, temos um acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica da ONU para o desenvolvimento da medicina nuclear no diagnóstico do câncer e doenças cardíacas”, completa.

O trabalho foi realizado pelos médicos Miguel Morita Fernandes da Silva (coordenador do estudo), Julia de Conti Pelanda, Larissa M. Vosgerau, Gustavo S.P. Cunha, Karoline C. Vercka, Andre Crestani, Gianne M. Goedert, Rodrigo J. Cerci, Odilson M. Silvestre, Wilson Nadruz e João Vicente Vítola.

O estudo pode ser acessado no link:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/

Caminhada reúne milhares em Curitiba: esta segunda-feira é o Dia do Coração

Nesta segunda-feira (29) é comemorado o Dia Mundial do Coração. E para marcar a data, neste domingo (28) aconteceu a tradicional Caminhada do Coração de Curitiba, uma ação que acontece há duas décadas na Capital, para estimular a prática de hábitos saudáveis entre a população.

O evento tradicional que já reuniu mais de 100 mil participantes em duas décadas e voltou a ocupar as ruas com um trajeto entre a Praça do Japão e o Parque Barigui, chegou neste ano à sua 21ª edição, promovida pelo Hospital Cardiológico Costantini.

“O Hospital Costantini atua, desde a sua inauguração, há 27 anos, sob três pilares: a excelência em cardiologia, a atenção à educação continuada e a prevenção e promoção da saúde cardiovascular. A Caminhada do Coração é uma expressão muito clara da nossa missão”, destaca Rafael Macedo, Diretor de Prevenção do Hospital Cardiológico Costantini.

Outras
Outras ações também marcam a data. O Setembro Vermelho chama a atenção para a saúde cardiovascular.

Os últimos dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2022, estimam que 19,8 milhões de pessoas morreram em decorrência de doenças cardiovasculares, o que representa aproximadamente 32% de todas as mortes no mundo. Desses óbitos, 85% foram causados por infarto e acidente vascular cerebral (AVC), sendo que mais de três quartos ocorreram em países de baixa e média renda.

Samu

No Paraná, outro dado chama a atenção. De 1º de janeiro a 9 de setembro de 2025, o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) registrou 3.336 atendimentos por Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) no Paraná, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde.

O número já se aproxima do total contabilizado em todo o ano de 2024, quando houve o registro de 3.792 casos. Em 2023, o estado somou 2.818 atendimentos relacionados à mesma condição.

“É importante que as instituições capacitem frequentemente suas equipes multidisciplinares, para que possam reconhecer os principais sintomas e sinais de infarto ou AVC, agir com rapidez e segurança e evitar falhas de comunicação entre os profissionais atuantes”, diz Gilvane Lolato, gerente geral de Operações da ONA (Organização Nacional de Acreditação).

A acreditação hospitalar exerce um papel fundamental na melhoria da qualidade do atendimento em saúde, especialmente em situações críticas como a identificação precoce do infarto agudo no pronto atendimento.

Ócio

Apesar de ser uma cidade arborizada, com parques e espaços favoráveis à prática esportiva, Curitiba ainda apresenta índices elevados de sedentarismo, segundo dados do VIGITEL, pesquisa do Ministério da Saúde. Isso reforça a necessidade de ação tanto da população quanto dos profissionais de saúde. “Fizemos um estudo de pacientes que estão indo aos seus médicos e observamos que o impacto dos fatores de risco permaneceu o mesmo em 10 anos. Isso significa que precisamos melhorar nosso trabalho, não apenas nós os profissionais da saúde, mas também a população como um todo, cuidando desses fatores que exigem atenção diária. Médicos podem modificar este panorama fazendo uma orientação de exercícios, e os pacientes devem seguir estas recomendações para que se tornem mais ativos. Convidamos a todos a buscar hábitos mais saudáveis, prolongando a vida”, destaca Dr. Morita.