Pobreza atinge o maior nível no Paraná

Pela primeira vez o estado soma mais de 2 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza, enquanto o rendimento per capita atingiu o menor valor da série histórica do IBGE

Rodolfo Luis Kowalski

DESIGUALDADE SOCIAL VILA CORBELIA (Franklin Freitas)

Os paranaenses sobrevivem com cada vez menos dinheiro no bolso, ao mesmo tempo em que o número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza avança no Paraná e atinge nível recorde dos últimos 10 anos, num movimento que reflete uma situação que assola todo o Brasil. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada na última sexta-feira (2) pelo IBGE.

Conforme o estudo, considerando-se as linhas de pobreza propostas pelo Banco Mundial, cerca de 2 milhões de pessoas (ou 17,3% da população do Paraná) estavam na pobreza em 2021, sendo que 429 mil (ou 3,7% da população) estavam na extrema pobreza. É o maior número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza no Paraná desde o início da série, em 2012.

O Banco Mundial adota como linha de pobreza os rendimentos per capita US$ 5,50 PPC, equivalentes a R$ 486 mensais per capita. Já a linha de extrema pobreza é de US$ 1,90 PPC, ou R$ 168 mensais per capita.

Na comparação com os dados de 2020, verifica-se que houve aumento de 16,7% no grupo de paranaenses vivendo abaixo da linha de pobreza, o que significa 286 mil pessoas a mais nessa condição em relação ao ano anterior. Por outro lado, o contingente na extrema pobreza teve queda de 1,5% (menos 6,5 mil pessoas).

Já o rendimento médio domiciliar per capita dos paranaenses caiu pela terceira vez consecutiva em 2021. Em 2018 o valor era de R$ 1.755. No ano passado já estava em R$ 1.529, o que aponta para uma queda de 12,9% em três anos. Trata-se, ainda, do menor rendimento médio no estado na série histórica, iniciada em 2012, sendo que pela primeira vez o valor fica abaixo de R$ 1,6 mil.

Com relação a 2020, o recuo nesse rendimento foi de 5,5%, sendo maior para mulheres (5,7%) do que para homens (5,3%). Enquanto elas possuem rendimento médio de R$ 1.484 no Paraná, eles têm R$ 1.575.

Índice de desigualdade volta a crescer no Estado
Por fim, em 2021 o Índice de Gini voltou a subir no Paraná, sendo que quanto maior o Gini, maior a desigualdade local. De 2017 para 2018 o índice passou de 0,481 para 0,492. Nos anos anos seguintes (2019 e 2020), caiu para 0,477 e 0,462, respectivamente. Já em 2021 voltou a subir e alcançou 0,475. O menor valor já registrado, em 2015, foi de 0,453.

Na região Sul, o Paraná apresenta o pior resultado, atrás de Santa Catarina (0,424) e Rio Grande do Sul (0,468). No Brasil, Rondônia (0,459), Mato Grosso (0,461) e Goiás (0,467) também apresentam índices menores que o paranaense, enquanto para o país esse valo é de 0,544.