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Censo 2022: indígenas do Paraná têm média de idade de 27 anos; quilombolas (Foto: Lucas Fermin/SEED-PR)

A população indígena do Paraná cresceu quase 15% ao longo de pouco mais de uma década, superando a marca dos 30 mil habitantes no estado. É o que revelam dados do Censo 2022 divulgados na última sexta-feira (3 de maio) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os quais apontam ainda que outras 7.113 pessoas quilombolas compõem a população paranaense.

Conforme o levantamento, em 2010 a população indígena no estado somava 26.559 pessoas. Doze anos depois, já eram 30.466 habitantes, o que aponta para um avanço de 14,7%. A proporção de gente vivendo fora de terras indígenas, no entanto, recuou entre as duas contagens populacionais, passando de 55,07% para 54,4%.

No Brasil, onde a população indígena soma 1.694.836 habitantes, os estados com o maior contingente são Amazonas (490.935), Bahia (229.443), Mato Grosso do Sul (116.469) e Pernambuco (106.646). O Paraná, por sua vez, fica apenas na 14ª colocação em número absoluto.

Média de idade

A média de idade da população indígena do Paraná é de 27 anos, dois anos superior à da nacional, que é de 25 anos, e semelhante aos demais estados do Sul: no Rio Grande do Sul ela é de 26 anos, enquanto em Santa Catarina, de 27. Em relação à população geral do Paraná, que possui média de 35 anos de idade, os indígenas paranaenses são, em média, 8 anos mais jovens.

No Paraná, são 30.466 indígenas. A faixa etária com mais indivíduos é a entre 15 e 19 anos, com 2.895 pessoas. Há ainda 2.858 indígenas entre 20 e 24 anos, 2.756 entre 10 e 14 anos, 2.690 entre 5 a 9 anos, 2.681 entre 25 a 29 anos, 2.197 entre 30 a 34 anos, 2.503 de 0 a 4 anos, 2.044 entre 35 a 39 anos e 1.835 entre 40 a 44 anos. O estudo também aponta 33 indígenas recém-nascidos, com até 4 meses de idade, enquanto 15 já viveram mais de um século de vida.

Terras e aldeias indígenas

Segundo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o Paraná concentra 45 aldeias e 23 terras indígenas. Uma dessas aldeias fica na Região Metropolitana de Curitiba (RMC): a Araçai Karagua, localizada em Piraquara.

Já no litoral paranaense há mais duas aldeias (Cerco Grande e Ilha de Cotinga, em Guaraqueçaba e Paranaguá) e três terras indígenas (além de Cerco Grande e Ilha de Cotinga, a terra do Sambaqui, em Pontal do Paraná).

Com relação às etnias, aproximadamente 70% pertence ao povo Kaingang e 30% ao povo Guarani. Também existem, no entanto, famílias descendentes do povo Xetá e algumas do povo Xokleng.

Segundo o Museu Paranaense e a Funai, a economia dessas comunidades baseia-se na produção de roças de subsistência, pomares, criação de galinhas e porcos. Além disso, a produção e venda de artesanatos como cestos, balaios, arcos e flechas ajuda a complementar a renda familiar.

A presença mais forte no estado, considerando-se as áreas de reservas já demarcadas, é da etnia Guarani, grupo do tronco linguístico Tupi-Guarani, presente em 16 das 24 terras indígenas. Os Kaingang, pertencentes a família linguística Jê, aparecem logo em seguida, com presença em 14 áreas. Por último vem os Xetá, também pertencentes ao tronco linguístico Tupi-Guarani, presentes em três áreas – sendo importante destacar que há áreas com a presença de mais de uma etnia.

A influência desses grupos para o Paraná, inclusive, é grande. Na culinária, por exemplo, além do consumo da erva-mate fria ou quente, há o costume de preparar alimentos com mandioca, milho e pinhão, como o mingau, a pamonha e a paçoca. No vocabulário, nomes como guabiroba, maracujá, butiá, capivara e jabuti são de origem Guarani, bem como o nome de cidades diversas. Curitiba, como já citado, tem origem guarani e tupo. Por outro lado, de origem Kaingang temos os nomes de outros municípios, como Goioerê, Candói, Xambrê e Verê.