O preço da cocaína e do crack está em alta em Curitiba. De acordo com informações da Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc) o “valor de venda” das drogas na Capital subiu até 64% desde o ano passado. O motivo seria a menor disponibilidade da droga no mercado negro. Segundo a delegada Camila Cecconello, da Denarc, ao mesmo tempo em que o valor de alguns entorpecentes subiu, a apreensão de drogas também registrou crescimento em todo o Paraná.
Os dados deverão ser divulgados até amanhã, mas a policial adianta que a maconha e a cocaína deverão ser os destaques das apreensões. Aumentaram bastante as apreensões de maconha e de cocaína, enquanto a apreensão de crack deu uma diminuída, teve queda, afirma Camila.
Nós também notamos o aumento do preço do crack e da cocaína em Curitiba, enquanto a maconha permanece (com) o mesmo preço. Isso se deve à diminuição da quantidade de droga no mercado. Está vindo menos cocaína e crack para cá, explica.
Segundo Camila, o preço do quilo da cocaína, que no ano passado custava aproximadamente R$ 14 mil, em 2015 subiu para R$ 23 mil. Isso significa que quem compra hoje a droga irá pagar 64,28% mais caro do que pagaria no ano passado. Já o quilo de crack, que antes saía por R$ 6 mil, hoje está custando 50% a mais, ou seja, R$ 9 mil. Já a maconha se manteve estável, custando entre R$ 600 e R$ 1.200 o quilo dependendo da qualidade da erva.
Lei da oferta e da procura
Dados divulgados pela ONU (Organização das Nações Unidas) por meio do Relatório Mundial sobre Drogas e do Conselho Internacional de Controle de Narcóticos ajudam a entender o porque da cocaína e do crack terem subindo tanto de valor. É que enquanto o consumo explodiu em todo o Brasil, a América do Sul viu cair o cultivo de coca, inclusive na Bolívia, maior fornecedor da cocaína.
Segundo a ONU, enquanto o consumo de cocaína registrou queda em todo o mundo desde 2005, no Brasil ela mais do que dobrou. Há 10 anos, a entidade apontava que 0,7% da população entre 12 e 65 anos consumia cocaína no Brasil. Ao fim de 2011, a taxa chegou a 1,75%.
Com a demanda em alta, o Brasil se consolidou não apenas como rota da cocaína dos Andes para a Europa, mas também como mercado fundamental, segundo o Conselho Internacional de Controle de Narcóticos.
E é aí que entra em ação a mão invisível da economia, a famosa lei da oferta e da procura. É que ao mesmo tempo em que o número de usuários de cocaína registrou crescimento, houve uma queda no cultivo de coca na América do Sul — Bolívia, Peru e Colômbia em especial.