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Chaiana Lorenzi: projeto RUMO visa prevenir atrasos, paralisações e desvios em obras públicas (Foto: Franklin de Freitas)

Uma mulher estará em breve representando o Paraná na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Trata-se de Chaiana Foletto Lorenzi, de 36 anos. Ela é chefe do Departamento de Administração Financeira da Diretoria do Tesouro, na Secretaria da Fazenda do Paraná (Sefaz-PR). E foi selecionada para viajar à renomada instituição após participar da elaboração de um projeto de alto impacto para a gestão pública. A iniciativa utiliza a inteligência artificial para prevenir atrasos, paralisações e desvios em obras públicas.

Tudo começou no final do ano passado, quando Chaiana resolveu participar de um Curso de Lideranças Femininas em Finanças Públicas, promovida pela Secretaria do Testouso Nacional (STN), em parceria com a Caixa Econômica Federal (CEF). As aulas foram ministradas pelo Insper, com um quadro de professoras, coordenadoras e banca avaliadora 100% feminina.

“Eu estava de férias no final do ano passado e vi um post do Tesouro Nacional, que trazia em letras garrafais: ‘Oportunidade para ir para Harvard’. Me interessei na hora e me inscrevi, com indicação do secretário Norberto [Ortigara], em nome do governador”, relata ela, que é formada em Ciências Contábeis e desde 2019 trabalha na Sefaz-PR. “Foram 144 horas de aulas com a temática Finanças Públicas, Liderança, e 12 horas de Projeto Aplicado. Apenas os melhores projetos foram selecionados para o Módulo Internacional, em Harvard”, emenda ainda a contadora.

RUMO: o projeto vencedor

Durante o curso, que contou com 50 participantes, as alunas foram divididas em grupos de cinco mulheres. E o grupo de Chaiana, formado por representantes de Rondônia, Bahia, São Paulo e Goiás, elaborou um projeto de alto impacto para a gestão pública. Chama-se RUMO (Rastreamento Unificado de Metas e Obras), um agente de inteligência artificial voltado à análise de cronogramas físico-financeiros de obras públicas, com o objetivo de prevenir atrasos, paralisações e desvios.

“Identificamos o problema de paralisações em obras públicas no país, onde mais da metade das cidades do Brasil (56%) apresentam ao menos uma obra pública paralisada. Metade dessas obras é na Educação e a cada cinco obras paradas, uma é na Saúde. Em termos de valores, isso representa R$ 63,1 bilhões parados”, aponta a contadora.

Ainda segundo ela, as pesquisas feitas pelo grupo também revelaram que os profissionais que trabalham com cronogramas físico-financeiro das obras utilizam planilhas manuais. Além disso, a maioria esses profissionais não é engenheiro. E a falta de integração de dados e padronização dos processos é um dos maiores desafios a serem enfrentados.

“Assim, elaboramos o projeto RUMO, com a missão de automatizar essas análises utilizando Inteligência Artificial, tornando-se o cérebro digital por trás dos grandes projetos de infraestrutura. Nosso foco é que essa inteligência artificial sugira medidas corretivas, com base nos riscos encontrados”, aponta Chaiana.

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Mais da metade das cidades brasileiras apresentam ao menos uma obra pública paralisada, com o equivalente a R$ 63,1 bilhões parados (Foto: Franklin de Freitas)

A viagem para Harvard

O projeto RUMO foi apresentado para a banca avaliadora no dia 27 de junho e tirou nota máxima (10). No mesmo dia, Chaiana recebeu um e-mail informando que ela havia sido aprovada para o módulo internacional do curso, em Harvard. A viagem será no final deste mês, no dia 27, com retorno no dia 31 de julho.

“A ideia é ter aulas com os professores de Harvard, obter esse conhecimento. Ainda vou ter acesso à grade de matérias, para saber do que vai ser tratado lá exatamente. Mas o curso é de Finanças Públicas, então será alguma coisa nesse sentido. Ainda vão mandar alguns materiais para a gente já ir lendo e se preparando. A ideia é ter contato com os melhores professores do mundo e estar ao lado de outras líderes de diferentes regiões do Brasil, para trocar experiências e ideias. Será uma grande honra”, destaca a contadora.