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Bar Stuart: futuro ainda incerto, com possibilidade do ponto virar uma farmácia ou uma loja de chocolates (Foto: Franklin de Freitas)

O mais antigo bar do Paraná e um dos mais antigos do Brasil, fundado em 1904, o histórico Bar Stuart completou nesta quinta-feira (4 de abril) quatro meses com as portas fechadas e segue com futuro incerto, inclusive com risco crescente de não reabrir mais.

O bar está com as atividades paralisadas desde o dia 4 de dezembro do ano passado. Pouco tempo depois, chegou a ser divulgada a venda da operação para o Grupo Mustang Sally, um dos mais tradicionais conglomerados gastronômicos da cidade, e o tradicional Quintal do Monge. A ideia era fazer uma reforma no estabelecimento, mantendo a essência do centenário bar, e o mês de março chegou a ser anunciado como o do retorno do histórico Stuart.

O mês de março já passou, no entanto, e a reabertura do bar ainda está longe de acontecer – se é que vai acontecer.

Ao Bem Paraná, o Grupo Mustang Sally confirmou ter desistido do negócio, sem dar maiores detalhes sobre o motivo para a desistência.

A reportagem, no entanto, apurou que o problema estaria no passivo trabalhista dos antigos funcionários. A empresa enfrentava dificuldades financeiras desde a morte do antigo proprietário, Nelson Ferri, em 2021, e a administração do bar teria perdido o controle das jornadas e devidas remunerações do pessoal, informou o advogado Casemiro Laporte à página O Centro de Curitiba.

Com isso, a retomada das atividades acabou se tornando financeiramente inviável, situação que se agravou após uma ação coletiva movida por ex-funcionários vir à tona, expondo ainda mais a delicada situação financeira do histórico bar curitibano e aumentando os riscos jurídicos para aqueles que cogitam ou cogitaram ficar com o ponto e manter a marca do Stuart viva.

Presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), Fabio Aguayo comenta ainda que tem recebido muita lamentação, muita gente triste por conta da possibilidade do Bar Stuart não ser reaberto. “Lamentamos essas ações que inviabilizaram o estabelecimento. Queremos sensibilizar os advogados, para que eles revejam essas ações e o bar possa ser reaberto, para voltar a gerar dinheiro e aí sim pagar os antigos funcionários. Faltou sensibilidade, os novos empresários não tem culpa. Para pagar a conta, tem de fazer girar”.

Farmácia ou loja de chocolate no lugar do bar?

Agora, o bar segue no aguardo de novas propostas. No mês passado, inclusive, o site XV Curitiba chegou a noticiar a possibilidade do ponto onde ficava o Bar Stuart virar uma farmácia, situação que até o momento não se concretizou. Já nesta semana o Bem Paraná, em diálogo com nomes fortes do setor gastronômico de Curitiba, descobriu uma outra possibilidade: a do lugar acabar virando uma loja de chocolates.

Certo mesmo, no entanto, é que o futuro do velho Stuart segue sendo incerto. E a cada dia que passa, aumenta o temor de que o bar, que estava prestes a completar 120 anos de história, não mais reabra as suas portas.

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Bar Stuart: quase 120 anos de história (Foto: Franklin de Freitas)

História

Fundado em 1904, o Bar Stuart é (ou era?) o mais antigo bar não só de Curitiba, mas de todo o Paraná. Idealizado por Joseph Richter e fundado pelo casal Stuart (origem do nome do estabelecimento), ficava originalmente na Rua Comendador Araújo e levava o nome de Bar e Confeitaria Stuart, pois também vendia doces, salgadinhos, sorvetes e outros quitutes. Desde 1954, contudo, a casa funcionava no mesmo ponto onde esteve até recentemente, em frente à Praça Osório, esquina com a Alameda Cabral, mantendo sempre um conceito mais bucólico e uma pegada de “bar raiz”.

Teve diversos proprietários até 2008, quando Nelson Ferri comprou o bar e deu sequência à sua história. Em 2021, porém, o empresário faleceu e a situação da empresa começou a se deteriorar, por conta também dos impactos da pandemia de Covid-19.

Em maio do ano passado, por exemplo, o Bem Paraná esteve no Bar Stuart e conversou com Luiz Carlos de Carvalho, que vinha ajudando o filho de Ferri a tocar o negócio. Segundo ele, antes da pandemia a casa atendia, num dia útil, entre 100 e 150 pessoas. Depois, mesmo com a retomada da atividade econômica e social, passou a atender entre 50 e 60 pessoas diariamente.

“Ainda estamos tendo muita dificuldade, até porque o estabelecimento tem um custeio caro. O imóvel aqui, por exemplo, é alugado. Acredito que seja um dos contratos de aluguéis mais antigos de Curitiba. Temos um custo alto com funcionário, energia, água… Isso tudo pesa”, disse ele na ocasião.