Quem paga melhor o professor? A rede pública ou privada?

No Paraná, as vantagens salariais são da rede estadual. Na particular, o que vence é o ambiente escolar

Bem Paraná

Assim que se forma, o primeiro dilema que um professor enfrenta é sobre qual caminho deverá seguir: investir em concursos para fazer carreira no setor público ou se aventurar no setor privado, onde a estabilidade é menor, mas o ambiente de trabalho, em geral, mais positivo?

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Sergio Gonçalves, presidente do Sindicato dos Professores no Estado do Paraná (Sinpropar), aponta que num geral o setor público deve aparecer em primeiro plano para aqueles que estão em início de carreira, mas o ambiente das particulares tende a ser melhor. Dependendo do estabelecimento, o ambiente pode ser muito saudável, com maior grau de seriedade, de valorizar a categoria. No serviço particular tem boas empresas, ressalta.

Os principais benefícios para aqueles que atuam no setor público está na estabilidade e no salário inicial. Segundo dados da Secretária Estadual de Educação, na rede pública a remuneração inicial é de R$ 3,6 mil (R$ 2,8 mil de salário mais R$ 800 de auxílio-transporte) para 40 horas semanais, hora-atividade, quinquênios, licenças especiais e até licenças para tratamento de saúde de familiar são os principais exemplos.

No setor privado, o piso da categoria é um pouco menor (em torno de R$ 2,6 mil para uma jornada de 40 horas semanais), mas há outras vantagens, como destaca Esther Cristina Pereira, presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR).

A primeira particularidade é a qualidade emocional para trabalhar, porque na rede privada temos todo um movimento de cuidar do professor, de mimar ele, fazer com que ele não sofra com demanda negativa da família. Em segundo, o número de alunos por sala é menor, o que auxilia muito na condição de um bom trabalho, aponta Esther. A questão disciplinar também tem um ganho na rede particular, onde os alunos tendem a ter um processo disciplinar um pouco maior. A impressão é de que a família está mais próxima, complementa.

Estado oferece mais oportunidades

Um outro aspecto, contudo, deve ser ponderado pelo profissional na hora de decidir qual rumo tomar, é que o setor público oferece mais incentivos para aqueles que buscam aprimoramento. Por exemplo, o professor que for fazer um mestrado ou doutorado consegue tirar licença remunerada enquanto estiver estudando. No setor privado isso não acontece.
Na escola particular ele (professor) tem que tirar do próprio horário. A escola dificilmente vai disponibilizar horário pago para aprimoramento. Não conheço alguma que o faça, explica Sergio Gonçalves, presidente do Sinpropar.
Ainda de acordo com Gonçalves, com relação à aposentadoria, hoje o setor público dá de 10 a 0 no setor privado. A situação, porém, pode se modificar caso a reforma da Previdência proposta pelo governo federal seja aprovada. Vai depender do que o Legislativo aprovar. Se for essa legislação proposta passar, não só nós, professores, mas quase toda a sociedade vai sofrer um revés danado na aposentadoria, explica.

Federal, estadual ou municipal

Para aqueles que decidirem por seguir carreira no setor público, uma outra dúvida pode surgir. Afinal, qual vale mais a pena: investir uma carreira no âmbito municipal, estadual ou federal? Olhando pelo ponto de vista exclusivamente financeiro, o setor público federal aparece como o mais rentável, com os salários variando, em média, entre R$ 10.393,56 e R$ 12.335,37.
Já as escolas municipais são as que pagam o menor valor médio, entre R$ 2.828,92 e R$ 3.983,77, ficando apenas à frente do setor privado. Por fim, o setor estadual apresenta uma remuneração inicial de R$ 3.205,09, mas para aqueles que já têm doutorado ou pensam no longo-prazo pode ser uma boa, já que é nessa faixa de graduação das escolas estaduais que se encontra a maior remuneração média, de 13.683,54.

Comparações entre público e privado

 

Público

Privado

Piso salarial

De acordo com a Secretária Estadual de Educação, a remuneração inicial no setor público é de R$ 3,6 mil (R$ 2,8 mil de salário mais R$ 800 de auxílio-transporte) para 40 horas semanais, hora-atividade, quinquênios, licenças especiais e até licenças para tratamento de saúde de familiar são os principais exemplos

Dados do Sinpropar indicam que o pisto para os professores de escolas particulares gira em torno de R$ 2,6 mil para uma jornada também de 40 horas semanais

Hora-atividade

No Paraná, é assegurado aos trabalhadores 37,5% da jornada para a hora-atividade, o que significa que de uma jornada de 40 horas semanais, 15 delas ficam reservadas para o professor planejar as aulas e corrigir provas

Nas escolas particulares, os professores ganham um acréscimo de 12% no salário para planejar aulas e corrigir provas, mas para tanto deve cumprir a hora-atividade dentro da instituição de ensino. Caso opte por desempenhar a atividade em outro local, não há benefício

Promoções, progressões e benefícios

Desde janeiro os professores contam com promoções e progressões na carreira. Com isso, garante-se aos trabalhadores a possibilidade de aumento na referência salarial e a elevação de nível/classe. Já foram concedidos 75 mil benefícios, no valor de R$ 40 milhões

Embora não conte com promoções e progressões na carreira, o professor de escolas particulares (especialmente de escolas maiores) conta com algumas vantagens como: auxílio-saúde, bolsa de estudo para o filho, quinquênio e ainda há escolas que oferecem participação de resultado

 

   
 No topo da carreira

Os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2014 (último ano com dados disponíveis) revelam que um professor com doutorado chega a ganhar 13.683,54 trabalhando para o Estado. Com mestrado, o vencimento médio chega a R$ 10.393,56 em instituições federais e a R$ 5.187,32 nas estaduais

Os mesmos dados do RAIS indicam que nas escolas privadas o salário médio para quem tem doutorado é de R$ 6.620,67, menos da metade do que ganha um professor de escola estadual com a mesma graduação. Já se o profissional tiver mestrado, receberá um salário médio de 4.088,09, abaixo do que pagam as instituições estaduais e federais

 

   
 Ambiente de trabalho

Num geral, as condições de trabalho são piores, com os professores tendo de lidar com turmas mais lotadas e estando mais suscetíveis à pressão dos pais. Por outro lado, nos últimos seis anos foram nomeados mais de 23,5 mil profissionais, entre professores e funcionários, volume que representa um aumento de 37% no total de servidores

De acordo com o Sinepe, uma das particularidades é a qualidade emocional para o professor trabalhar, no sentido que há todo um esforço para cuidar do profissional, evitar que ele sofra com demandas negativas. Outro ponto é que o nú]mero de alunos por sala costuma ser menor, o que garante melhor condição de trabalho, além de a questão disciplinar também costumar ser mais positiva

Pós-Graduação

Segundo o Sinpropar, no setor público, quando o profissional vai exercer estudo de melhora profissional, como mestrado ou doutorado, consegue, com relativa facilidade, tirar licença remunerada

Na escola particular, o professor que for fazer mestrado ou doutorado não ganha licença remunerada, tendo, portanto, de tirar do próprio horário. Por exemplo, vai fazer o aprimoramento no período noturno, só conseguindo trabalhar então de manhã e/ou de tarde