Ao mesmo tempo em que ajuda a aproximar as pessoas que estão distantes, as novas tecnologias parecem ter distanciado aqueles que estão perto. Segundo um estudo da Brigham Young University, divulgado no ano passado, dispositivos tecnológicos são os responsáveis pelas interrupções mais constantes do casal nos momentos destinados ao lazer, conversas e as refeições conjuntas. Já outra pesquisa, desenvolvida por Russell Clayton, um estudante de doutorado em jornalismo na Universidade de Missouri (EUA), apontou que casais ativos nas redes sociais são muito mais propensos a viver conflitos com os seus parceiros românticos, ao ponto de levar à separação e até mesmo ao divórcio.

Mas para aqueles casais que querem se reconectar, ainda há uma esperança neste Dia dos Namorados. É que amanhã a academia IDance, na Rua General Carneiro, 937, no Alto da XV, vai oferecer um momento especial para casais. Intitulada Sentidos, a aula que começa às 17h30 busca despertar a percepção de nossos cinco sentidos (audição, visão, olfato, tato e paladar) de forma a revelar uma variedade de sensações e emoções geralmente pouco exploradas no nosso dia a dia mais high tech, instigando os casais a se conhecerem e entenderem corporalmente, e isso bem próximo.

Segundo a professora Sandra Ruthes, idealizadora da aula, desde 2007 aproximadamente 300 pessoas já participaram de eventos semelhantes, oferecidos todos os anos no Dia dos Namorados. As pessoas vem para a aula com o intuito de se conectar, se conhecer de outra forma. Com as palavras alguém consegue enganar, mas com os sentidos não, aponta Sandra. A comunicação digital está afastando os casais. Num restaurante, por exemplo, vi um casal que estava junto, mas cada um entretido em seu celular. Falta equilíbrio, complementa.

Equilíbrio esse que a aula Sentidos promete ajudar a reestabelecer. Embora a maior parte dos alunos que participem sejam mais jovens — pessoas que ainda estão se conhecendo —, Sandra recomenda a aula também para casais que estão há mais tempo juntos. Seria uma forma de se reaproximar, reacender a chama que está quase apagando. As vezes você para de prestar atenção no parceiro e de alguma forma quer resgatar isso. Atingimos muito mais casais novos, mas a aula seria uma grande ajuda para reconstruir relações, explica a professora.

Pós graduada em Consciência Corporal – Dança pela Faculdade de Artes do Paraná e em Dança de Salão – Teoria e Técnica pela FAMEC, Sandra utilizou os 20 anos de estudo teórico e prático na área e também sua própria relação com o marido para criar a aula — que segundo ela não é uma aula de dança, mas que usa a dança como um instrumento, ajudando os casais a aprender a conhecer e sentir o outro. Até por isso, não é preciso saber dançar para participar e nem mesmo levar roupa específica, basta usar algo confortável.

Outro lado — Ao mesmo tempo, outras pesquisas falam exatamente o contrário: que a tecnologia ajuda a aproximar os casais, que passam o dia trocando mensagens. Mas no final, fica a eterna dica — tecnologia é boa, sim, desde que bem utilizada.

Estimulando Os sentidos

Para conseguir atingir o objetivo proposto na aula de amanhã, os alunos terão um dos sentidos isolados, o que fará com que os demais sejam aguçados. Em uma das situações, a dama usa um fone de ouvido. Só ela escuta a música, então o cavalheiro tem de escutar a música por meio do corpo dela.

Perfumes também são usados na aula dos sentidos para aguçar mais ainda os sentidos, como o olfato. Na aula, o estímulo é para o cheiro da própria pele, do outro ou os cheiros que se misturam no salão.

Também tem olhos vendados, texturas. São vários artifícios para que os participantes foquem em diferentes sentidos enquanto dançam e percebam a sensação que eles podem trazer. O olhar pode ser sobre si próprio, o outro e sobre os outros que se fazem presentes no salão.

Temos a tendência a sempre colocar a culpa no outro pelo desequilíbrio na relação, mas fazendo uma analogia com a dança, este desequilíbrio pode acontecer porque você não esperou o tempo certo do outro, então pisou antes dele ou muito depois, e aí pisou mal. A dança a dois ajuda a avaliar o outro e a se autoavaliar, diz Sandra.