Rubens Meister, o “pai” da Rodoferroviária

A área onde se encontra a Rodoferroviária já abrigou outros empreendimentos

SMCS

Paulista de Botucatu, onde nasceu em 1922, Rubens Meister, que faleceu em 2009, foi responsável por inúmeros projetos arquitetônicos de prédios públicos e privados de Curitiba, aí inclusa a Estação Rodoferroviária de Curitiba, inaugurada em 1972, e que neste 13 de novembro de 2012 completa 40 anos de funcionamento. O projeto de Meister, considerado arrojado, moderno e próprio para uma Curitiba que vivia então profunda transformação urbana, foi o escolhido pelo então prefeito Omar Sabbag.

A área onde se encontra a Rodoferroviária já abrigou outros empreendimentos. No começo do século XX ali funcionava uma usina termoelétrica, popularmente conhecida por Usina Elétrica do Capanema, porque a edificação foi construída nas terras que originalmente pertenciam a Guilherme Schüch, o barão de Capanema, responsável pela instalação do serviço telegráfico no Brasil durante o Império. Esse empreendimento era dirigido pelo alemão Josef Hauer. Em frente à usina passava então a rua, de terra batida, batizada de avenida Capanema – a atual avenida Presidente Affonso Camargo.

Em 1910, a usina foi vendida a uma empresa francesa, que, três anos depois, inaugurou os serviços de bondes elétricos na capital. Dali saíam os vagões elétricos que operavam algumas linhas recém-instaladas de bondes na cidade. Em meados do século XX o terreno foi adquirido pela União, que instalou ali as oficinas da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA). Onde atualmente se situam as plataformas de embarque na ala interestadual da Rodoferroviária, ficavam as casas, com desenho padronizado, que serviam de moradia para os funcionários da Rede.

No começo dos anos 1970, a União repassou essas terras à Prefeitura de Curitiba, que imediatamente iniciou as obras do novo terminal rodoviário. O velho Terminal Guadalupe, até então endereço para embarque e desembarque de quem viajava em ônibus rodoviários, já não comportava mais a demanda. Estava no seu limite máximo. A situação era idêntica à da estação ferroviária, localizada na avenida Sete de Setembro, com a fachada principal voltada para a rua Barão do Rio Branco (antiga rua da Liberdade).

Dali partiam regularmente os trens de carga e de passageiros que se dirigiam, principalmente, ao litoral do Paraná – Morretes e Paranaguá, predominantemente –, serviço que funcionou até meados da década de 1990.

Modernismo – O descendente de suíços foi responsável pela difusão do movimento arquitetônico modernista em Curitiba a partir do concurso para o Teatro Guaíra, quando, recém-formado, obteve o terceiro lugar. O concurso foi vencido por dois projetos acadêmicos, resultado de um júri considerado conservador, segundo relato do arquiteto Salvador Gnoato.

Mas o projeto de Rubens Meister acabou sendo o escolhido pelo então governador do Paraná, Bento Munhoz da Rocha Neto, como parte das obras realizada pelo Estado, que incluía também o Centro Cívico e tinha a arquitetura como expressão da modernidade.

Autor de inúmeros projetos arquitetônicos – que incluem, entre outros, o Palácio 29 de Março, que abriga a sede da Prefeitura de Curitiba; o auditório da Reitoria da Universidade Federal do Paraná, o edifício-sede da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP), o Edifício Barão do Rio Branco (que fica na esquina com a rua Marechal Deodoro), ou, ainda, o prédio da Caixa Econômica Federal, na praça Rui Barbosa -,  o projeto da Rodoferroviária foi uma de suas últimas obras públicas.

No relato de Salvador Gnoato, a solução de Meister demonstra sua capacidade de resolver uma estrutura simples, com os grandes vãos que o programa solicitava e usando telhas de cimento-amianto. Um detalhe construtivo chama a atenção na concepção estética da obra: o pilar que torce de lado, na relação do apoio do piso e na junção com a viga superior. Rubens Meister, que ainda projetou o Centro Politécnico da UFPR, que fica no Jardim das Américas, morreu em 30 de julho de 2009.