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A demora para religar a energia elétrica em Curitiba e outras cidades do interior do Paraná após a tempestade de domingo (22) surpreendeu os consumidores da Copel. Segundo último boletim da companhia, na terça (23) às 18 horas, 30 mil domicílios seguiam sem energia elétrica, 600 deles em Curitiba. Às 7 horas desta quarta, 24, o número havia caído para 12 mil, apontou boletim emitido às 7h07 pela companhia.

Alguns consumidores ficaram mais de 48 horas no escuro, fato incomum. Preocupa ainda mais que a Primavera, que começou na segunda (22), segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), será de ondas de calor, grandes períodos sem chuva e temporais, por causa do fenômeno El Niña.

“Perdemos toda a comida da geladeira e não temos ainda ideia de quando a energia vai voltar. Ninguém nos atende direito. Quem vai pagar tanto prejuízo. Da próxima vez, será uma semana?”, pergunta dona Maria Soletude Ferreira, 72 anos, moradora do bairro Santa Cândida, que estava de domingo até terça à noite sem energia.

“Evento climático foi totalmente atípico”, diz Copel

Questionada pela reportagem do Bem Paraná, a assessoria de imprensa da Copel afirma que o evento climático de domingo foi totalmente atípico, por isso a demora em atender os consumidores. “Este é considerado o evento climático mais desafiador dos últimos anos para as redes elétricas da Copel. Os ventos ultrapassaram os 100 km/h em ao menos 12 cidades, e os acumulados de chuva em dois dias fizeram com que dez estações meteorológicas do Instituto Simepar atingissem o volume de água previsto para todo o mês de setembro já no dia 22”, afirmou a companhia em nota. “Apenas em Curitiba, 120 árvores foram derrubadas em consequência do vendaval. No pico dos desligamentos, registrado às 7h desta segunda-feira, o número chegou a 1,1 milhão de domicílios sem energia elétrica simultaneamente”.

Segundo a companhia, como a tempestade atingiu o Paraná como um todo, não foi possível deslocar equipes e 2,7 mil eletricistas, apoiados por equipes técnicas e de operação trabalharam para o restabelecimento dos serviços. Um dos exemplos citados pela Copel é que os fortes ventos causaram a queda de duas torres de alta tensão em Bandeirantes, no Norte do Estado, cujo trabalho de reconstrução ainda estava em andamento na terça à noite.

A contabilidade de postes quebrados em todo o Paraná chega a 322, principalmente em decorrência da queda de árvores sobre as redes de distribuição.

Em entrevista ao Boa Noite Paraná, da RPC, a diretora de operação e manutenção da Copel, Karine Lopes, reforçou que várias redes tiveram que ser reconstruídas. “São situações que não estão sob nosso controle para resolver. Foi uma situação totalmente atípica, mas 50% dos clientes foram religados em minutos”, afirmou ela. A diretora também pediu desculpas aos clientes pelos transtornos, mas afirmou que todo o possível está sendo feito. Nesta terça-feira, a Copel ultrapassou a marca de 11,4 mil serviços atendidos em todo o Paraná.

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Mais de 2,7 mil eletricistas da Copel estão em campo, atuando na recuperação dos danos e na recomposição dos serviços aos imóveis desligados em decorrência do ciclone extratropical e das tempestades localizadas que atingiram as diversas regiões do Paraná a partir do último fim de semana.


Por que em algumas regiões ficaram mais tempo sem energia elétrica no Paraná?

De acordo com Karine, além do grau de complexidade dos danos, há uma lógica de prioridade seguida pela Copel. O atendimento aos serviços segue uma ordem que prioriza hospitais, postos de saúde e outros serviços essenciais à população, assim como situações que possam representar risco à vida. Segundo Karine, os locais com vários comércios, indústrias e atividades agropecuárias também entram antes na “fila” prioritária.

Outro fator avaliado é o número de domicílios afetados em cada ocorrência e a possibilidade de acesso para o atendimento. “Quanto maiores os blocos, maior a prioridade para atingirmos mais consumidores”, afirmou ela.

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E nos próximos temporais, o religamento da energia vai demorar?


A assessoria de imprensa da Copel afirmou que a companhia tem intensificado suas ações para enfrentar eventos climáticos extremos como o de domingo, cada vez mais frequentes. “Investimentos em tecnologia para consolidar dados meteorológicos e hidrológicos têm permitido prever impactos e orientar as ações em campo. As inovações implantadas têm tornado a empresa uma referência para o setor”, diz a nota.

Das 30 mil casas sem luz até terça, 11,4 mil estavam na região Centro-Sul; 7,1 mil no Norte; 4,2 mil no Leste, 3,6 mil no Noroeste e 3,6 mil no Oeste e Sudoeste do Paraná. Seiscentas residências eram da capital.

Para sindicato, situação era previsível

Para o Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge), a demora de atendimento aos consumidores testemunhada nesta semana não é surpresa. “Isso já era previsto, assim como aconteceu em outros locais como em São Paulo junto com a privatização vem precarização do trabalho e a falta de investimentos na rede elétrica. Eu avisei! Se vocês olharem nossos apontamentos em 2023, enquanto a Copel estava para ser privatizada) vão ver que não foi por falta de aviso”, disse o presidente do Senge, Leandro Grassmann.