Sete territórios do Paraná já contam com registro de indicação geográfica

Outros cinco territórios já fizeram ou estão fazendo solicitação ao INPI para obter registro, que agrega valor aos produtos

Rodolfo Kowalski

Franklin de Freitas - O mel do Oeste do Paraná já possui Indicação Geográfica: valorização e reconhecimento do produto típico

Considerada uma importante ferramenta coletiva de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios, as Indicações Geográficas (IGs) estão fazendo sucesso no Paraná. Segundo informações do Sebrae, o Brasil possui hoje 71 registros desse tipo, sendo que só no Paraná são sete territórios com registro de IG e outros cinco pedidos prestes a serem protocolados e ou sendo analisados pelo INPI. Em todo o mundo, são mais de 10 mil produtos com indicação geográfica e que movimentam mais de 50 bilhões de euros.

Criado para promover produtos típicos e também a sua herança histórico-cultural (o que abrange aspectos como a área de produção definida, tipicidade, autenticidade e a disciplina quanto ao método de produção), as IGs hoje existentes no Paraná estão em: São Mateus do Sul, com a erva mate e derivados; Norte Pioneiro, com os cafés especiais; Carlópolis, com a goiaba de mesa; Oeste do Paraná, com o mel; Witmarsun com o queijo colonial; Marialva, com as uvas finas de mesa; e Ortigueira, com o mel.

Além destes, outros cinco territórios estão com pedidos prestes a serem protocolados ou sendo analisados pelo INPI: Capanema, com melado e derivados; Querência do Norte, com o ginseng; Morretes, com a cachaça; Antonina, com a bala de banana (apesar de recentemente indeferido, já está com novo processo em andamento); o Litoral, com barreado e farinha de mandioca; e Querência do Norte, com o ginseng. 

O tema de Indicações Geográficas, inclusive, ganhou grande destaque com a assinatura do Acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que deve oferecer benefícios diretos aos produtores, uma vez que os produtos com o registro possuem um reconhecimento formal por parte dos países europeus. Antes mesmo da assinatura do acordo, alguns produtores já sentem os efeitos benéficos desses registros. É o caso da goiaba, de Carlópolis, que possui a IG há dois anos, obteve no início do ano o selo Global G.A.P. e iniciou recentemente as primeiras exportações do produto para Portugal.

“Se não tivesse a IG, a gente não teria valorizado tanto o nosso produto e o nosso trabalho. Construímos elos que fizeram com que chegássemos a esse patamar. Buscamos adequações, formamos a cooperativa, fizemos contatos e visitas a feiras no exterior e conseguimos as certificações necessárias. Hoje também já temos interesse dos EUA, da Holanda e do Canadá no nosso produto”, afirma Rodrigo da Silva Viana, diretor da Cooperativa Agroindustrial de Carlópolis.

Quarta reunião do Fórum Origens Paraná
O envolvimento de chefs de cozinha, universidades, órgãos públicos e privados, a presença de novos produtores rurais, realização de eventos, reconhecimento e até mesmo exportação de produtos para a Europa. Esses e outros resultados positivos foram levantados na quarta reunião do Fórum Origens Paraná, que busca articular, planejar e coordenar junto com parceiros o desenvolvimento de Indicações Geográficas (IGs) e de Marcas Coletivas, realizado no Sebrae/PR na última quinta-feira, dia 15.

“Queremos que os nossos produtores estejam cada vez mais preparados para vender, possam ter uma mercadoria de qualidade, um preço justo e resultados. É isso que fará com que os nossos produtos se tornem diferenciados e o Paraná ser reconhecido com um mercado de excelência também nesta área”, afirmou o diretor-superintendente do Sebrae/PR, Vitor Tioqueta.

O trabalho de reconhecimento de produtos típicos do Paraná trouxe a presença de novos produtores rurais, como os de farinha de mandioca de Guaraqueçaba, a farinha de trigo de Irati, os vinhos de Bituruna, o ginseng de Querência do Norte e os morangos de Pinhalão. O produtor de ginseng, Misael Jefferson Belo, começou a participar do fórum e explica que buscou o grupo para poder reforçar a qualidade do seu produto.

“Temos um produto diferenciado, que é composto apenas pelas raízes do ginseng, onde ficam os princípios ativos. Com a busca pela IG queremos colocar o nosso produto em destaque no mercado nacional. Além disso, hoje já exportamos para a França, a China e o Japão e esse registro começa a ser exigido pelo mercado externo”, analisou Belo.

Loja no Mercado Municipal e festival gastronômico
Na reunião do Fórum Origens do Paraná, entidades e instituições como a Universidade Positivo, a Secretaria Municipal de Segurança Alimentar de Curitiba, o Senar, a Paraná Turismo, a Emater e o Ministério da Agricultura apresentaram suas contribuições e demonstraram de que maneira é possível contribuir para impulsionar o tema das IGs. As instituições devem se engajar para promover diferentes ações relacionadas ao tema e já anunciaram novidades.

Entre elas, está a negociação para a abertura de uma loja física no Mercado Municipal de Curitiba com o título “Origens Paraná”, voltada para a venda de produtos que possuem o registro.

Já a Universidade Positivo promoverá nos dias 2 e 3 de outubro, em Curitiba, o Festival Saberes e Sabores, com o tema Cozinha Regional Brasileira e o Legado Indígena, que deve oferecer aulas shows com o preparo de pratos com produtos típicos do Paraná por parte dos chefs paranaenses.