Sicride completa 30 anos como pioneira no País

Redação Bem Paraná

AEN

Primeiro do Brasil, o Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride) da Polícia civil do Paraná completou 30 anos no fim de julho.

A unidade é responsável por centralizar notificações de desaparecimentos de crianças de até 12 anos, recebendo automaticamente os boletins de ocorrência registrados em qualquer delegacia do Estado.

Segundo a delegada-chefe do Sicride, Patrícia Paz, desde 2019 todos os casos registrados foram solucionados, e foram mais de 800.

O serviço foi criado em 31 de julho de 1995.

O Sicride é a única delegacia especializada exclusivamente na investigação de desaparecimento de crianças no Brasil. Com sede em Curitiba, a unidade atua em cooperação com órgãos da rede de proteção, como conselhos tutelares, abrigos, escolas e forças de segurança.

“Muitos dos casos são resolvidos nas primeiras horas após o registro. O trabalho imediato da equipe e a orientação para que não se espere 24 horas para registrar o desaparecimento são fundamentais para o êxito das investigações. Para o registro, é necessário apresentar uma foto recente da criança, descrição das vestimentas, locais frequentados e contatos próximos”, explica Patrícia.

Um exemplo da eficácia do trabalho investigativo é o caso da menina Eloah, de 1 ano, que desapareceu em Curitiba em janeiro de 2025. A criança foi localizada em menos de 48 horas no município de Campo Largo, na Região Metropolitana. A rápida solução do caso foi possível graças à atuação conjunta de diversas unidades da PCPR, que mobilizaram uma força-tarefa e contaram com o uso do Alerta Amber.

Ao longo dos anos, o Sicride incorporou novas tecnologias à rotina investigativa. Entre os recursos utilizados estão justamente o Alerta Amber, implantado no Paraná em 2024. A tecnologia permite o envio de informações sobre crianças desaparecidas para usuários de redes sociais em um raio de até 160 quilômetros do local do fato. Também viabiliza a Progressão de Idade Digital, que atualiza a imagem facial da criança conforme o tempo passa.

Além disso, o banco de perfis genéticos, mantido com apoio da Polícia Científica, contribui para a identificação de crianças localizadas. Foi o caso da solução dada ao caso da menina Raquel Genofre em 2019. A identificação do homem como autor do crime ocorreu por comparação genética, graças à integração da base de dados entre Paraná, São Paulo e Brasília. Houve cruzamento do material genético encontrado sobre o corpo da vítima com o material genético colhido com um homem em São Paulo por meio do Banco Nacional de Perfis Genéticos.

A unidade ainda atua em apoio ao Poder Judiciário em casos cíveis envolvendo guarda, convivência e subtração de menores. Em 2025, um caso de desaparecimento com quase 20 anos foi reaberto e resultou em denúncia oferecida, prestes a ser arquivado por prescrição. “A comemoração dos 30 anos do Sicride representa para a Polícia Civil do Paraná o reconhecimento de uma política pública de segurança voltada à proteção de crianças e adolescentes. O modelo paranaense é referência e inspira iniciativas similares em outros estados brasileiros”, completa Patrícia Paz.

CASOS ANTIGOS – Apesar de ter 100% de resolução em casos ocorridos desde 2018, o Sicride continua atento a desaparecimentos mais antigos, alguns até de décadas atrás. Nestes casos, as investigações podem ser retomadas se forem constatadas novas pistas ou denúncias, com o uso inclusive de tecnologias mais modernas, como o sistema que simula a progressão de idade da criança com base em fotos antigas e a identificação de material genético por DNA.

PREVENÇÃO – O Sicride ressalta a importância da prevenção para evitar o desaparecimento de crianças. É necessário conscientizar pais e filhos sobre os cuidados. Para crianças pequenas, a atenção deve ser redobrada em locais com grande concentração de pessoas ou próximos a rios. Em relação às mais velhas, é recomendável observar mudanças de comportamento e rotina.

O Sicride realiza ações contínuas de orientação à população, como palestras, distribuição de materiais informativos e entrega de pulseiras de identificação em períodos como festas de fim de ano e férias escolares.

DENÚNCIAS – Informações podem ser registradas em qualquer delegacia e denúncias anônimas podem ser feitas pelos números 197 (PCPR) ou 181 (Disque-Denúncia). O site do Sicride também divulga casos em andamento e materiais de orientação à população.