A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa-PR) alerta a população para os riscos de leptospirose, doença infecciosa e grave que pode levar à morte. O alerta vem em um momento em que chuvas típicas da primavera-verão chegam com mais frequência.
A leptospirose é caracterizada por ser infecciosa, febril aguda, que é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais, principalmente de ratos infectados pela bactéria Leptospira.
Dados do Sistema de Agravos de Informação de Notificação (Sinan Net), do Ministério da Saúde, registraram, de janeiro a 16 de outubro, 1.435 casos suspeitos de leptospirose no Estado, sendo 237 confirmados. Desses casos, 15 evoluíram para óbito. No mesmo período do ano passado foram 1.686 notificações, 325 casos e 43 óbitos. Se considerado o ano de 2024 fechado, foram 2.104 notificações, 433 confirmações e 50 mortes.
“Levando em conta as condições climáticas que propiciam a disseminação da bactéria no ambiente, cresce a preocupação com o surgimento de casos novos de leptospirose. Esse é um momento que exige atenção redobrada da população, pois a doença pode evoluir rapidamente para quadros graves, com comprometimento dos rins, hemorragias e até levar à morte, por isso todo cuidado é necessário”, afirma o secretário de Estado da Saúde em exercício, César Neves.
Formas mais graves da leptospirose e seus sintomas
Nas formas mais graves da doença geralmente há icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos), com a necessidade de cuidados especiais em caráter de internação hospitalar. A pessoa pode apresentar também hemorragias, meningite, insuficiência renal, hepática e respiratória, que podem levar ao óbito.
De acordo com a Divisão de Vigilância de Zoonoses e Intoxicações (DVVZI) da Sesa, existe a necessidade de fortalecimento das ações de prevenção e controle da leptospirose na primavera e no verão.
Como não existe uma vacina contra a leptospirose no Brasil, os cuidados e a prevenção são os maiores aliados. Lavar bem os alimentos, ter cuidado com a água ingerida e evitar acúmulo de entulhos em quintais e terrenos baldios são algumas medidas que auxiliam a conter a doença.
Cuidados
No período de chuvas, a Divisão de Vigilância de Zoonoses orienta evitar o contato direto com os alagamentos e com água potencialmente contaminada. Pais e responsáveis devem estar atentos, evitando que as crianças nadem ou brinquem nesses locais, lagos ou córregos possivelmente contaminados com a urina de roedores.
Outras importantes medidas de prevenção são: após a água das chuvas baixarem é preciso retirar a lama e desinfetar o local, lavando pisos, paredes e bancadas, desinfetando com hipoclorito ou água sanitária; usar botas e luvas de borracha para evitar o contato da pele com a água e lama contaminados; para evitar a presença de roedores, é importante manter alimentos e rações bem guardados, cozinhas limpas, eliminar entulhos e restos de comida, cuidar de terrenos e margens de rios, armazenar o lixo em sacos fechados e em locais altos até a coleta.
SINTOMAS – Caso a pessoa apresente febre, falta de apetite, dor muscular, principalmente na panturrilha, dor de cabeça, náuseas e vômitos é recomendado procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da residência para uma avaliação médica e encaminhamento para o tratamento adequado. Nos casos mais graves, pode ocorrer amarelamento da pele e dos olhos, tosse seca, falta de ar, insuficiência renal e hemorragias.
Quais os sintomas?
Principais manifestações da fase precoce:
- Febre
- Dor de cabeça
- Dor muscular, principalmente nas panturrilhas
- Falta de apetite
- Náuseas/vômitos
Podem ocorrer diarreia, dor nas articulações, vermelhidão nos olhos, fotofobia, dor ocular, tosse; mais raramente podem manifestar exantema, aumento do fígado e/ou baço, aumento de linfonodos; hiperemia e edema das conjuntivas ao longo das pálpebras, podendo evoluir para hemorragias conjuntivais.
Em aproximadamente 10% a 15% dos casos ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que normalmente iniciam-se após a primeira semana de doença. Nas formas graves, a manifestação clássica da leptospirose é a síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia (tonalidade alaranjada muito intensa – icterícia rubínica), insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar. Pode haver necessidade de internação hospitalar.
Principais manifestações na fase tardia:
- Síndrome de Weil – tríade de icterícia, insuficiência renal e hemorragias
- Síndrome de hemorragia pulmonar – lesão pulmonar aguda e sangramento maciço
- Comprometimento pulmonar – tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica
- Síndrome da angustia respiratória aguda – SARA
- Manifestações hemorrágicas – pulmonar, pele, mucosas, órgãos e sistema nervoso central
Os casos com comprometimento pulmonar podem evoluir para insuficiência respiratória aguda, hemorragia maciça ou síndrome de angustia respiratória do adulto e, muitas vezes, esse quadro precede o quadro de icterícia e insuficiência renal. Nesses casos, pode ocorrer óbito nas primeiras 24 horas de internação.
Como prevenir?
A prevenção da Leptospirose ocorre por meio de medidas como:
- Obras de saneamento básico (drenagem de águas paradas suspeitas de contaminação, rede de coleta e abastecimento de água, construção e manutenção de galerias de esgoto e águas pluviais, coleta e tratamento de lixo e esgotos, desassoreamento, limpeza e canalização de córregos), melhorias nas habitações humanas e o controle de roedores.
- Evitar o contato com água ou lama de enchentes e impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas. Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha (ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés).
- A água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) mata as leptospiras e deve ser utilizada para desinfetar reservatórios de água: um litro de água sanitária para cada 1.000 litros de água do reservatório. Para limpeza e desinfecção de locais e objetos que entraram em contato com água ou lama contaminada, a orientação é diluir 2 xícaras de chá (400ml) de água sanitária para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15 minutos.
Controle de roedores – acondicionamento e destino adequado do lixo, armazenamento apropriado de alimentos, desinfecção e vedação de caixas d´água, vedação de frestas e aberturas em portas e paredes, etc. O uso de raticidas (desratização) deve ser feito por técnicos devidamente capacitados.