
Salas de aula vazias, crianças em casa e o ensino acontecendo de forma remota. A pandemia do coronavírus transformou a educação. Mas não só as escolas foram impactadas. No Paraná, as papelarias também sofrem com o cenário pandêmico, com quedas expressivas no volume de vendas e no nível de faturamento das empresas. Com o final de ano se aproximando, a esperança era de que o início da temporada de compra de materiais escolares para o novo ano letivo amenizasse a crise do setor, mas ao que tudo indica os pais estão deixando as tradicionais listas para mais tarde e também reduzindo o volume das compras.
Conforme dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE, no Paraná, o setor de “livros, jornais, revistas e papelaria” foi um dos mais impactados nas vendas pela pandemia do coronavírus, com queda de 27,7% no faturamento até setembro, em comparação com o mesmo período do ano passado. Em Curitiba, contudo, há casos de tombos ainda maiores, em situações que obrigaram muitas empresas a se adaptar, migrando, ainda que parcial e temporariamente, para outras atividades ou até mesmo obrigando o encerramento das atividades.
Proprietária da Papelaria Abranches, fundada há 19 anos, Natália Pinatel Malito conta que entre o final de novembro e o começo de dezembro já costumam começar a aparecer as tradicionais listas de materiais escolares, com muitos pais buscando antecipar as compras em vista do ano letivo que se aproxima. Em 2020, contudo, isso está acontecendo de forma bem mais tímida.
“Estamos com algumas listas na mão, já começou a procura. Devagar, mas já senti. Neste momento estaríamos numa loucura de separação de material escolar para participar de feiras, vendendo os kits prontos, mas a feiras não vão acontecer e as vendas estão bem tímidas”, relata Natália. “O volume de vendas em novembro não foi nem 10% do esperado. Agora seriam os pais adiantados, que querem relaxar, não se preocupar com loucura de volta às aulas. Os pais que vão viajar e querem voltar com tranquilidade. Mas as pessoas não estão se preparando para viajar. É complicado”, complementa.
O cenário relatado por Natália é parecido àquele com o qual também se depara a Desta’k Papelaria. Segundo Mirielle Hamilko, proprietária da empresa, este ano nem lista muitas escolas estão tendo, já que sobrou muito material do atual ano letivo e estão reaproveitando o que dá.
“Não vendemos nada até agora”, afirma a empresária, relatando que as expectativas para o que costuma ser o pico de vendas nas papelarias não é das maiores até aqui. “Materiais escolares os alunos estão usando 20% do que usavam, mas ainda usam um pouco. Agora, uniforme escolar a gente vendia todo dia alguma peça, mas agora parou totalmente, os alunos não estão mais usando. Não estamos esperançosos, não estamos fazendo compras como costumamos. Trabalhamos com estoque antigo ainda.”
‘Fosse só papelaria, eu teria fechado’
Para sobreviver em tempos pandêmicos, a saída que as resistentes papelarias têm encontrado é ampliar a gama de serviços ofertados ou simplesmente focar em atividades que até então eram secundárias n a empresa. No caso da Papelaria Abranches, por exemplo, o que tem ajudado a empresa a se manter é a linha de presentes, a procura por xerox e impressões e também a venda de cartuchos de tinta para impressoras.
“Desde o começo sentimos um baque. Nossa loja é muito ligada à criança, mas não tem criança circulando. Agora estou fazendo mais impressões, encadernação, vendemos cartucho de impressão, que era algo que nem vendíamos tanto, em tão mudou o estilo da venda”, diz Natália Malito. “Enquanto não sair a vacina, não vejo uma grande melhora. Preciso que as escolas voltem a funcionar para o meu segmento dar continuidade. Ainda bem que não sou apenas uma papelaria, tenho linha de presente, xerox, cartucho. Fosse só papelaria, eu teria fechado”, emenda.
Já no caso da Desta’k, como a empresa já tinha uma forte atuação no ramo de uniformes escolares, resolveu começar a atuar com a produção de uniformes profissionais. “Começamos a fazer para aproveitar a parte de costuma que já tínhamos. Com o home office, também, aumentou um monte a procura por material de escritório”, relata Mirielle Hamilko.
Trabalhar com entregas vira grande diferencial
Em tempos de pandemia, uma estratégia que muitas papelarias estão adotando para conquistar clientes é oferecer não só a montagem dos kits escolares, mas também fazer a entrega do produto direto ao comprador. Foi isso, por exemplo, o que fizeram a Papelaria Abranches e a Loucos por Papelaria.
“Diante da pandemia, tivemos de buscar ferramentas que não utilizávamos com tanta frequência, como as redes sociais, e também começamos a trabalhar com serviço de entrega, com atendimento personalizado por WhatsApp e escola dos produtos nas redes sociais”, comenta Graciele Lima, da Loucos por Papelaria.
“A diferença do nosso volta às aulas é que vamos fazer entrega, é o nosso diferencial. Montamos os kits, deixamos tudo pronto, encapado, imprimimos etiqueta com nome da criança e neste ano vamos entregar também, para evitar aglomeração”, complementa Natália Malito, da Papelaria Abranches.