Acupuntura passou a auxiliar em vários tratamentos veterinários (Fotos: Divulgação)

Fisioterapia ajuda os animais na recuperação de movimentos

Florais, acupuntura, aromaterapia, reike, células-tronco. O assunto não é tratamentos para humanos e sim as terapias complementares para pets. Um movimento notado ao longo da última década se intensificou durante a pandemia e trouxe novos parâmetros para a relação com os pets. Com eles mais dentro de casa, novos desafios surgiram, mais riscos e também a busca de uma medicina veterinária que veja o paciente como um todo.

A nova realidade aumentou o potencial de problemas físicos e distúrbios comportamentais, pois a ‘humanização’ dos bichos os expõe mais às variações emocionais dos humanos, o que eles absorvem e espelham. “E camas, sofás, escadas, pisos lisos, toda uma gama de possibilidades propiciam acidentes ou degenerações articulares”, completa a veterinária fisiatra, Pâmela Schiochet.

A evolução da medicina veterinária também caminhou junto e trouxe procedimentos modernos, como o uso de células-tronco. Tudo, claro, sob orientação de profissionais que devem ser escolhidos com cuidado, afinal, “curso de uma semana não forma terapeutas” e muito menos médicos.

Quando começou a trabalhar com fisioterapia e alimentação natural, Renata Novak quase implorava por pacientes. A fisioterapia animal chegou por acaso, a nutrição veio pela quantidade de cães obesos que atendia. Há nove anos surgiu a Physius, clínica pioneira em fisio e acupuntura, com 12 profissionais, que oferece também medicina chinesa, massoterapia, ozônio, floral. “A proposta é reabilitação domiciliar porque o paciente fica confortável e colabora mais”, observa a médica veterinária fisiatra, que já tratou até corujas.

Sobre a alimentação natural, Renata entende que é difícil sair da praticidade da ração, mas argumenta que um paciente precisa de algo reconfortante. “Dar ração para um cão com gastrite não faz sentido”, questiona. O tempo livre para cozinhar durante a pandemia, ajudou no aumento da procura por este profissional que parte de uma análise técnica para montar um quebra-cabeças alimentar personalizado.

Tutores que escolhem terapias integrativas para seus pets, em geral são usuários. Com a veterinária Daniele Mangueira, anestesiologista e terapeuta integrativa, foi assim. “São técnicas sem efeito colateral, sem contra indicações e com bons resultados”, afirma ela, que tem formação em acupuntura, reike e em aromaterapia. Na pós pandemia a ansiedade da separação aumentou e as pessoas decidiram usar tratamentos naturais. “Também como forma de prevenção, o que é uma mudança”, completa ela que, em geral usa terapias combinadas.

A primeira consulta costuma ser longa para uma análise completa também dos tutores e do ambiente. “Todo o histórico, temperamento e comportamento devem ser analisados. Parece homeopata, que pesquisa desde antes do nascimento para buscar a causa do problema”, diz, comentando que é comum o tutor precisar do tratamento.

Células-tronco – “O foco é melhorar a qualidade de vida dos pacientes”, explica Michele Milistetd, professora do UniCuritiba, Mestre em Ciência Animal com foco em Terapia Celular. Em 2014, ela passou a atuar com uma empresa de células-tronco. Era tudo experimental e apenas recentemente surgiu no Brasil a primeira pós-graduação em medicina regenerativa, que compreende a célula-tronco. “Foi uma integração direta com o laboratório, estudando e comparando relatos clínicos e trabalhos científicos”, explica ela, que defendeu o mestrado sobre doença renal em cães tratados com célula-tronco. “A gente vê o resultado clínico no paciente, em especial o renal, que em geral é idoso e bem debilitado”, comenta ela, que trabalha com o tipo de célula mais pesquisada, a mesenquimal, que regenera cartilagem, tendão e ligamento. Na veterinária, o tratamento é liberado para cães, gatos e equinos em mais de 20 doenças.

“Espero que conforme avance na medicina humana os veterinários defendam mais”, torce, acrescentando que o tratamento não é tão caro quanto se imagina. “Muitas vezes, é o preço de um exame, mas ainda recebemos pacientes já muito debilitados. Quanto antes mais chances de tratar”, diz ela, que usa e indica as terapias energéticas. “Os tratamentos vieram para ficar, no mínimo para dar mais qualidade de vida para os animais, que é o mais importante”.

Segundo o Conselho Regional de Medicina, não existem dados oficiais sobre aumento da procura ou número de profissionais utilizando tais práticas. Orienta os tutores que verifiquem o registro profissional e se certifiquem de que tenham conhecimento na área de atuação.

“É importante destacar que tais práticas não substituem o modelo convencional de cuidados médicos-veterinários, mas agem de forma integrada e/ou complementar no diagnóstico, na avaliação e no cuidado”, diz a nota.

Médica e tutora
Pamela Schiochet desistiu de clinicar quando percebeu, ainda em seu estágio, que preferia trabalhar com bem estar e reabilitação, por meio da fisioterapia. “As pessoas não sabem, mas os veterinários estão entre as profissões com alto índice de suicídios. A técnica não resolve tudo, a gente sente muito as perdas, também”, garante a médica.

Pâmela é a tutora da Chacal, uma cachorra paraplégica, que teve a coluna fraturada e estava abandonada na rodovia. “O trabalho é pra dar qualidade de vida, seja feliz, não sinta dor… ela não vai voltar a andar”, conta sobre a cachorra que tem seis amigos em casa. Chacal já operou um quase milagre na vida da antes médica workaholic. “Mudou tudo, em casa e no trabalho. Ela veio para me dar mais qualidade de vida. Agora vou sempre pra casa almoçar, porque ela tem necessidades especiais e eles não ficam mais sozinhos. Todos estão mais felizes”, completa.

As demandas de Chacal se refletiram na lida com os tutores. “É diferente viver o que eles vivem, passei a entender os medos e consigo orientar melhor, ajudar mais com a parte técnica”, diz ela que vive levando sua matilha para atividades familiares, como passear de caiaque, andar de bike, passear nos parques.


Em casa
Cuidados para evitar problemas na coluna
Alguns tipos de cães tem mais tendência a desenvolver as discopatias, ou problemas na coluna. Afinal, eles são essas coisas fofas quando filhotes, cheios de energia e agilidade, e ninguém quer o sofrimento quando estiverem velhinhos ou que se machuquem. Os de coluna alongadas, como os ‘linguicinhas’, são os mais propensos: Dachschund, Beagle, Basset Hound, Cocker Spaniel, Shih Tzu, Lhasa Apso, Pequinês, Corgi, pastor alemão.

Como prevenir:
Janelas baixas exigem tela para evitar que pulem;
Rampas para sofá e cama;
Tapetes e antiderrapantes, caminhos com emborrachados ou tapetes nas curvas;
Elevar os potes de água e comida à altura do ombro: o cachorro descarrega até 60% do peso nos membros torácicos e quando se abaixa para comer, joga mais peso;
Corte dos pelos entre as almofadas das patas para diminuir a lisura.
Aumentar a frequência de consulta com o avanço da idade e observar qualquer alteração;

Serviço:
@physius.vet
@danimangueira_vet e www.minhalandingpage.com.br
Michele Milistetd:
https://terapia-celular-veterinaria.negocio.site/
@terapiacelularvet

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