“Escolhi dizer sim à mudança.” Essa é a resposta de Acir Pimentel Martins, 55 anos, que venceu a luta contra a depressão e as drogas. Há três meses, ele era encontrado dormindo nas ruas de Curitiba. O acolhimento em uma unidade da Fundação de Ação Social (FAS) e o acompanhamento em um Centro de Atenção Psicossocial (Caps), da Secretaria Municipal da Saúde, foram decisivos para que ele desse a volta por cima.
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Acir hoje trabalha como motorista em uma empresa da área de alimentação pronta, contratada pela FAS para fornecer refeições às unidades de acolhimento. “Foi o destino que me ajudou”, resume. Ele conta que sempre via os caminhões da empresa entregando refeições no local onde esteve acolhido, a Casa de Passagem Solidariedade, no Jardim Botânico.
Um dia, depois de uma sessão de terapia em um Caps, decidiu perguntar a um funcionário da empresa sobre oportunidades de trabalho. “Ele pegou meu currículo e disse para eu também procurar pessoalmente. Fui até a empresa, passei por entrevista e fui contratado.”
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Há pouco mais de um mês, a vida de Acir mudou de direção. Ele abriu conta em banco, alugou um quarto próximo da empresa e está se adaptando à nova rotina. Acorda de madrugada, começa a jornada de trabalho às 4h30 e percorre a cidade entregando refeições.
Acir foi Empresário e viveu na Inglaterra
Antes da fase mais difícil, Acir já havia trabalhado como motorista de aplicativo, e conta que foi dono de açougue e de transportadora. Também morou quase dois anos na Inglaterra, de 2003 a 2004, onde trabalhou como motorista. “Voltei para o Brasil para ver minha mãe, que estava doente, e também porque sentia muita falta do meu filho, que ainda era pequeno”, explica.
Acir se separou há cinco anos e mais recentemente entrou em depressão. Chegou a passar por quatro internamentos para desintoxicação de substâncias psicoativas. “Na última vez, pedi para sair. Bati no peito e decidi mudar. É difícil, porque na rua a droga está em todo lugar, mas eu escolhi ter uma nova vida”, conta.
Necessidades atendidas
Durante dois meses acolhido na Casa de Passagem Solidariedade, Acir teve apoio da FAS. “Me ajudaram em tudo: currículo, agendamento de entrevistas de emprego, emissão de documentos. A gente só precisa querer. Quem quer, muda”, diz.
Hoje, com mais estabilidade, Acir faz novos planos. Quer continuar no emprego atual, mas também voltar a trabalhar como motorista de aplicativo nas horas de folga. A ideia é alugar um carro e também um apartamento que lhe dê mais privacidade. “Quero uma nova vida. A gente tem sempre duas opções: sim ou não. E eu escolhi dizer sim para a mudança”, afirma.
Como FAS e Caps ajudaram Acir a deixar às ruas
Para o presidente da FAS, Renan de Oliveira Rodrigues, histórias como a de Acir reforçam o compromisso da fundação e da Prefeitura de Curitiba em oferecer atendimento digno às pessoas em situação de rua.
“Nosso objetivo é dar condições para que cada pessoa atendida pela FAS possa reconstruir seus planos de vida. Com o apoio da assistência social e de outras políticas do município é possível deixar as ruas e viver com autonomia”, ressalta.
Além da FAS, outras secretarias e instituições parceiras trabalham juntas para ampliar o alcance das políticas públicas para a população em situação de rua em Curitiba.
O programa Mesa Solidária, por exemplo, oferece refeições diárias e gratuitas em cinco pontos da cidade. Na área da saúde, o município oferece serviços por meio do programa Consultório na Rua, que realiza atendimentos em diversos pontos da cidade, além das unidades de saúde e dos Caps.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano (SMDH) mantém o projeto Nova Morada Vida Nova, que oferece 100 vagas de acolhimento para homens e mulheres. A iniciativa tem como foco a reinserção social de pessoas em situação de vulnerabilidade ou dependência química. Além disso, a secretaria faz encaminhamentos para comunidades terapêuticas especializadas em desintoxicação.
Na área do trabalho, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação (SMDEI) oferece cursos gratuitos pelo Liceu de Ofícios e Inovação, muitos deles realizados dentro das próprias unidades de acolhimento. Além disso, promove regularmente feiras e mutirões de emprego, muitas com possibilidade de contratação imediata.
A FAS também promove encaminhamentos para vagas de emprego, para incentivar a autonomia.
Qualquer cidadão em situação de vulnerabilidade pode buscar o atendimento da FAS por conta própria em uma das unidades da instituição, que fará os encaminhamentos necessários de acordo com as demandas de cada um.