
Final de semana é sinônimo de descanso e lazer. Mas não só isso: é também um período para se ter cuidado redobrado na hora de colocar o pé na estrada. Isso porque dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) levantados com exclusividade pelo Bem Paraná mostram que é justamente o período entre sexta-feira e domingo aquele que concentra a maior quantidade de acidentes de trânsito no Paraná.
Em 2024, por exemplo, um total de 7.576 acidentes de trânsito ocorreram nas rodovias (BRs) que cortam o estado. Desse total, 3.645 se concentraram entre sexta e domingo, o equivalente a 48,1% das ocorrências. No ano anterior, quando houve 7.110 registros, o número foi parecido: 3.490 acidentes em finais de semana, ou 49,1% do total.
No ano passado, o sábado foi o dia com mais acidentes: 1.257 (16,6% do total). O domingo veio na sequência, com 1.206 (15,9%), seguido pela sexta-feira (1.182 ou 15,6%). Só na sequência que aparecem datas como a quarta-feira (997 ou 13,2%), a segunda (993 ou 13,1%), a terça (972 ou 12,8%) e a quinta (969 ou 12,8%).
Maior fluxo de veículos e comportamentos de risco explicam estatística
De acordo com Luiz Gustavo Campos, diretor e especialista em trânsito da Perkons, os dados indicam a necessidade de redobrar os cuidados durante o final de semana, quando há maior fluxo de veículos nas vias e comportamentos de risco, como consumo de álcool e excesso de velocidade, se tornam mais frequentes.
“Os perigos no trânsito nesses dias são amplificados por diversos fatores. A pressa para iniciar o fim de semana, muitas vezes, leva motoristas a adotarem comportamentos de risco, como desrespeito aos limites de velocidade e ultrapassagens perigosas. Além disso, o consumo de álcool, especialmente nas noites de sexta e sábado, é um agravante que compromete a segurança de todos”, comenta.
Para diminuir esses sinistros, a conscientização é crucial, bem como fiscalização mais rigorosa, aliada a penalizações severas para infrações, que podem servir como inibidor eficaz contra práticas perigosas ao volante. “Além disso, incentivar o uso de transportes alternativos, como táxis e aplicativos de transporte, pode reduzir a quantidade de motoristas sob efeito de álcool nas vias”, reforça Campos.
Ações educativas e de prevenção também são importantes, bem como atitudes individuais, como realizar a manutenção regular dos veículos, podem salvar vidas. Da mesma forma, infraestrutura viária e o uso de tecnologias de fiscalização têm demonstrado grande impacto na redução de infrações e sinistros. “A segurança no trânsito é um compromisso coletivo. Acreditamos que a combinação de educação, fiscalização e tecnologia é a chave para transformar esse cenário. Cada equipamento de fiscalização de trânsito instalado evita 3 mortes e 34 sinistros por ano. É a tecnologia em prol da sociedade”, afirma o especialista.
Paraná é o terceiro estado com mais acidentes em BRs
Uma pesquisa da Zignet em parceria com a Unicamp revela ainda que, em 2024, o Paraná foi o terceiro estado com mais acidentes em rodovias federais (as chamadas BRs).
Em todo o país, houve 73.156 acidentes em BRs ao longo do ano passado, com 6.160 mortes. Minas Gerais é a unidade da federação com mais ocorrências (9.296), seguido por Santa Catarina (8.381), Paraná (7.576), Rio de Janeiro (6.389) e Rio Grande do Sul (5.206). Na outra ponta, Roraima (135 acidentes), Amapá (159), Amazonas (169), Acre (287) e Sergipe (597) são os estados com menos registros.
Entre as rodovias que cortam o Paraná, a BR-277 é aquela com maior número de ocorrências (2.061) e mortes (164). Na sequência aparecem as BRs 376 (1.371 acidentes e 126 óbitos), 116 (1.143 e 65), 369 (821 e 57) e 476 (457 e 42).