
Quem passa em frente à Biblioteca Pública do Paraná em Curitiba pode não ter percebido, mas bem ali na frente está um “pequeno refúgio” da fotografia na cidade. São centenas de porta-retratos, álbuns de foto e um aviso bem grande: revelação digital e filme em 30 minutos. A Yamasaki Produções, com esse nome, existe há mais de 30 anos na cidade e por trás de tantas fotos leva a história de muito resiliência e amor do Sr. Masanori Yamasaki
O Sr. Yamasaki chegou como imigrante e ainda jovem no Brasil. Em 1963, ele e sua família se mudaram e a busca por um emprego teve que ser rápida. Em Curitiba, Masanori conseguiu seu primeiro emprego na ‘Okamoto Fotos’. Na época, ele conta que não recebia nem salário, mas tinha alimentação e moradia para sua família – o que era uma grande conquista.
Depois de um ano aprendendo a fotografar, Masanori começou a receber e um tempo depois foi convidado pelo próprio patrão para substituí-lo. Aos 20 anos, ele assumiu novas responsabilidades, se tornando sócio em 1967 e, posteriormente, o proprietário do negócio.
Inicialmente, o estúdio se chamava Okamoto, em homenagem ao primeiro dono. Anos mais tarde, após a transição de propriedade, o nome foi alterado para Yamazaki, simbolizando o novo ciclo que a loja iniciava sob o comando do imigrante, sua esposa, Elisa Yamasaki, e toda a sua família.
Yamasaki acompanhou as mudanças na fotografia
Ao longo de seis décadas, a fotografia passou por muitas mudanças, mas a Yamasaki superou todas. “Quando comecei, usávamos chapas de vidro, que estavam no fim, e começava o filme rígido. Tudo era caro e cada foto precisava ser precisa, porque não dava para repetir,” relembra o
Com a chegada da fotografia digital, alguns desafios apareceram. “Foi difícil, porque precisava aprender computador e Photoshop. Muitos estúdios fecharam nessa época. Mas meus filhos me ajudaram a me adaptar. Minha esposa e eu fizemos até cursos por um ano para aprender.”
Mesmo com a chegada do digital, a verdade é que o Sr. Yamasaki notou a ‘nova antiga tendência’ do analógico e já logo se adaptou também. “Os jovens gostam muito dos filmes em preto e branco, então decidi voltar a revelar esses filmes. Eu também ensino como fotografar para que não desperdicem. Sempre digo: filme é caro, né”, brincou o dono.
“A esperança é última que morre, então vou até o fim”
Para além das mudanças na fotografia, o estúdio enfrentou dificuldades financeiras também. “Quase quebrei há uns 30 anos. Tive problemas com clientes que não pagaram e fornecedores que não queriam mais trabalhar comigo. Mas alguns fornecedores confiavam em mim e continuaram fornecendo. Foi assim que consegui me reerguer. Nunca desisti.”
Na pandemia, a loja também teve que se reinventar. “Fechamos por um tempo, mas usamos reservas e começamos a atender pelo WhatsApp. Fazíamos entregas com motoqueiros e mantemos até hoje”, conta. A Yamasaki Produções continua oferecendo revelação de filmes, fotografia de estúdio e impressão digital.
Hoje, aos quase 80 anos, Masanori se lembrou do ditado brasileiro ao contar a história da Yamasaki. “A esperança é a última que morre, então vou até o fim. Não fiquei rico, mas tenho orgulho do que fiz.”
Aos clientes que há tantos anos acompanham o estúdio, ele deixa a sua gratidão. “Atendo até a terceira geração de alguns clientes. Tenho muito a agradecer a eles. Sem meus clientes, não teria chegado até aqui.”
“Dá pena pra mim sair dessa ramo pela idade, mas eu vou tocar até o fim. Nunca desisti. Por isso quero mostrar para as minhas gerações, meus netos, talvez meus bisnetos… que eles contem a história da gente. Que o meu avô nunca desistiu, que veio do Japão, lutou honestamente, sempre respeitando a sociedade e nunca tomando o caminho errado”, finalizou. Para o sr. Yamasaki, a fotografia, mais do que o seu estúdio, virou o seu próprio sangue e o plano é realmente seguir até o fim.