Uso de medicação errada a queda de pacientes; no Paraná mais de 30 mil foram vítimas em hospitais e clínicas

Redação Bem Paraná com assessoria

Franklin de Freitas

Em um ano, o Paraná registrou mais de 30 mil vítimas de erros em atendimentos realizados em hospitais e clínicas. São exatas, 30.187 notificações contabilizadas entre agosto de 2023 e julho de 2024. No Brasil foram registradas 295.355 mil falhas na assistência à saúde. O grupo que mais sofre com essa falhas é da faixa etária entre 66 e 75 anos.

Lesão por pressão foram responsáveis por 7662, assistência à saúde contabilizaram 6.724 erros e falhas envolvendo cateter venoso, 3797. Os dados foram levantados pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), com base em informações fornecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e divulgados nesta manhã de terça, 18. As falhas foram identificadas no serviços privados e públicos.

Uso de medicação errada é o erro mais grave

Entre as ocorrências mais graves estão a administração incorreta de medicamentos, seja por dosagem ou tipo errados, e a realização de cirurgias em locais equivocados no corpo dos pacientes. 

Além disso, destacam-se casos de lesão por pressão, divididos em três tipos: contusão (lesão dos tecidos moles causada por trauma), entorse (alongamento dos ligamentos) e luxação, considerada a mais grave, em que há deslocamento do osso da articulação.

Esses dados refletem a seriedade das falhas no sistema de saúde brasileiro e o impacto que podem ter na segurança do paciente.

Acreditação de processos ajudam a reduzir falhas

Existem, no entanto, diversas medidas que podem ser implementadas para reduzir estes erros e até evitar óbitos. Uma delas é a implementação de processos de acreditação, que permitem às instituições adotar protocolos de segurança mais rigorosos para proteger os pacientes.

Recentemente, a ONA conduziu uma pesquisa com aproximadamente 100 instituições de saúde, para avaliar a redução de falhas após a implementação de medidas de segurança.

“Mais de 30% dos entrevistados relataram que as falhas na administração de medicamentos diminuíram em 51%, erros na identificação de pacientes caíram 52%, infecções hospitalares reduziram 42%, falhas na prescrição de medicamentos baixaram 35%, enquanto os problemas de comunicação diminuíram 37%. Houve ainda uma redução de 33% nas quedas de pacientes nos leitos e de 45% tanto nas falhas na esterilização de materiais quanto na manutenção preventiva dos equipamentos”, evidencia a gerente de Operações da ONA, Gilvane Lolato

“A obtenção da acreditação é um processo desafiador que exige comprometimento, disciplina e uma profunda mudança cultural dentro das organizações. Além de aumentar a segurança no atendimento médico e na realização de exames e diagnósticos, também traz maior precisão e confiança tanto para pacientes quanto para profissionais de saúde. O processo contribui ainda para minimizar riscos e reduzir falhas operacionais”, acrescenta Gilvane.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que ocorram anualmente cerca de 134 milhões de eventos adversos em hospitais de países de baixa e média renda, levando a aproximadamente 2,6 milhões de mortes.

O cenário de acreditação no Brasil 

Atualmente, das mais de 380 mil organizações de saúde registradas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), apenas 1.932 estão acreditadas. Deste total, a ONA é responsável por 72,1% das certificações, o que corresponde a mais de 1.500 instituições, sendo 422 hospitais.

No entanto, apenas 0,45% das instituições de saúde no Brasil possuem certificação. Dentre as acreditadas, 68,4% são de gestão privada, 22,2% de gestão pública, 8,3% filantrópica e 0,1% são de gestão militar.

No Estado do Paraná há 63 instituições de saúde acreditadas, sendo 11 filantrópicas.