Conheça a cidade do Paraná que tem título de Vale Nacional dos Dinossauros

Cruzeiro do Oeste, no noroeste do estado, abriga fósseis raros, como o Vespersaurus paranaensis, primeiro dinossauro escavado no Paraná

Isabelle Sales
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Cruzeiro do Oeste recebeu o título de Vale dos Dinossauros (Foto: Ari Dias/AEN)

No Noroeste do Paraná, a pequena Cruzeiro do Oeste, com pouco mais de 20 mil habitantes, guarda um dos maiores patrimônios paleontológicos do Brasil. A cidade, localizada a aproximadamente 530 km de Curitiba, foi reconhecida oficialmente pelo governo federal como o “Vale Nacional dos Dinossauros”, título concedido pela Lei nº 14.985, publicada no Diário Oficial da União.

O reconhecimento faz parte de décadas de descobertas científicas que colocaram o município no mapa mundial da paleontologia e abriram espaço para o turismo científico no estado.

O grande marco da paleontologia em Cruzeiro do Oeste foi a descoberta de uma colônia inteira de pterossauros da espécie Caiuajara dobruskii, identificada apenas no Brasil. Essa espécie chama a atenção por apresentar características anatômicas únicas, como a mandíbula inclinada para baixo, que lembra um bico.

O achado é tão raro que colocou Cruzeiro do Oeste entre os três únicos lugares do mundo com registro de acúmulo de fósseis de pterossauros, ao lado da China e da Argentina.

Em 2014, escavações revelaram 47 fósseis desses répteis voadores, um dos maiores conjuntos já encontrados no país.

Vespersaurus paranaensis: o primeiro dinossauro do Paraná

Embora a colônia de pterossauros seja um tesouro científico, foi a descoberta de um dinossauro inédito que colocou a cidade definitivamente sob os holofotes. Em 2019, pesquisadores anunciaram o Vespersaurus paranaensis, primeiro dinossauro escavado no Paraná e um dos mais bem preservados do Brasil.

Vespersaurus (Ilustração: Rodolfo Nogueira/Divulgação)

A espécie viveu entre 60 e 90 milhões de anos atrás, no período Cretáceo. Tinha aproximadamente 1,5 metro de altura, era bípede, carnívoro e se destacava por possuir garras afiadas nos pés e braços curtos. O nome “Vespersaurus” remete ao pôr do sol, em referência à região do Noroeste paranaense.

As escavações também trouxeram à tona outros fósseis inéditos. Outras duas espécies importantes são Gueragama sulamericana, um lagarto acrodonte, e a Keresdrakon vilsoni, um pterossauro apelidado de “Dragão Espírito da Morte”.

Como o sítio paleontológico foi descoberto

A história começa em 1971, quando o proprietário de uma área rural percebeu que havia fósseis diferentes em seu terreno. O material foi levado para a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), onde ficou guardado por décadas.

Somente em 2011, o geólogo Paulo César Manzig teve acesso ao material e decidiu visitar o sítio em Cruzeiro do Oeste. A partir daí, novas escavações foram realizadas e o acervo passou a ser estudado em instituições como a Universidade do Contestado, em Mafra (Santa Catarina).

De lá para cá, foram feitas quatro descobertas científicas de impacto. Além da colônia de pterossauros e do dinossauro, também se encontraram registros de outro pterossauro e de um lagarto pré-histórico.

Hoje, o local está sob a guarda da Prefeitura e do Museu de Paleontologia de Cruzeiro do Oeste, que centraliza as pesquisas e a preservação dos fósseis.

Museu de Paleontologia

Criado para abrigar e divulgar essas descobertas, o Museu de Paleontologia de Cruzeiro do Oeste é um dos principais atrativos da cidade. Além de expor fósseis originais e réplicas, o espaço promove atividades educativas e culturais, aproximando a ciência da comunidade.

Fósseis estão expostos no Museu de Paleontologia (Foto: Ari Dias/AEN)

O município também realiza eventos como o Vale dos Dinossauros, exposição fixa que conta com réplicas animatrônicas, ambientes temáticos e experiências interativas que encantam crianças e adultos. Há ainda a proposta de espalhar réplicas de dinossauros pela cidade, reforçando a identidade local ligada ao turismo paleontológico.

Outros parques temáticos de dinossauros no Paraná

Quem gosta do assunto e pretende descobrir ainda mais sobre o mundo pré-histórico, encontra opções em outras cidades do Paraná.

Em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, escultor Jonas Corrêa mantém um parque de 1.600 m² no quintal de sua casa, com réplicas de dinossauros como velociraptor, tiranossauro, pterodáctilo e triceratops. O espaço abre aos domingos, com ingressos a R$ 25.

Em Foz do Iguaçu, o Vale dos Dinossauros é uma das atrações mais visitadas do complexo Dreams Park Show. O parque abriga 30 dinossauros animatrônicos, cercados por lagos e florestas, oferecendo uma experiência imersiva. O ingresso custa R$ 110 para adultos (com meia-entrada disponível).