Demorou. Mas o Núcleo de Concursos (NC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) finalmente divulgou na última semana a relação de obras literárias e referências bibliográficas que serão cobradas para o vestibular 2019/2020. A divulgação ocorre mais de um mês após o início das aulas nos principais cursinhos da cidade, sendo que no caso de cursos preparatórios específicos, como para quem quer prestar Medicina, as aulas tiveram início ainda antes, no final de janeiro.
Agora, professores e vestibulandos pedem para que a universidade mude os critérios para divulgação das leituras obrigatórias, a fim de que a prepararação possa ser feita de maneira mais adequada e bem planejada, com mais tempo para os estudantes fazerem as leituras. Ao todo, são cobradas oito obras literárias, três de Filosofia, seis de Sociologia e oito de Música (as últimas, apenas para a prova específica da graduação).
“A UFPR solta todo ano a lista de livros e é sempre muito tardio. Os alunos querem começar a estudar e o professor de literatura não pode tocar o barco, o de sociologia vai tocando sem um norte claro”, comenta o professor Marcos Crozetta, do Curso Dom Bosco. “Não pode começar em fevereiro o ano letivo. Tem de começar em outubro do no anterior”, complementa.
Braz Ogleari, professor de Português e Literatura do Curso Positivo, corrobora com as reclamações do colega de docência. “A UFPR insiste em fazer anual (a lista de leituras) e em fazer surpresas. Eu, como professor, me viro, embora tenha de preparar o material de afogadilho. Mas aluno de escola pública não tem a facilidade de aluno de escola particular, com resumos e tudo o mais, e aí acaba sendo o mais prejudicado”, diz.
A solução, então, seria a adoção de uma agenda comum a outras grandes instituições de ensino do país. A Fuvest, por exemplo, divulgou já no final de 2018 a lista de obras literárias que serão cobradas no vestibular da USP nos anos de 2020, 2021 e 2022. Já outras instituições, como Unicamp e UFSC, divulgam a lista de leituras em dezembro, quase um ano antes do vestibular.
“O ideal seria uma coisa tipo Fuvest, obras por três anos. Seria o modelo mais adequado para organizar materiais, quem não passar num ano também teria mais facilidade no outro, só revendo o conteúdo. Outra opção, caso a UFPR tenha algum senão quanto a isso, que pelo menos liberem as obras no final do ano anterior ou logo após sair o resultado do vestibular, para gente saber o que o aluno precisa”, sugere Crozetta.
Duas mudanças na lista de obras literárias
Divulgada na terça-feira da semana passada, a lista de obras literárias que serão cobradas no vestibular da UFPR trouxe duas novidades: entram ‘Casa de Pensão’ (de Aluisio de Azevedo) e ‘Sagarana’ (de Guimarães Rosa) e saem ‘Várias Histórias’ (Machado de Assis) e ‘Eles Não Usam Black-tie’ (de Gianfrancesco Guarnieri).
Além dessas, as outras obras que serão cobradas são: ‘O Uraguai’, de Basílio da Gama, ‘Últimos Cantos’, de Gonçalves Dias, ‘Casa de Pensão’, de Aluísio de Azevedo, ‘Clara dos Anjos’, de Lima Barreto, ‘Sagarana’, de Guimarães Rosa, ‘Morte e Vida Severina’, de João Cabral de Melo Neto, ‘Nove Noites’, de Bernardo Carvalho, e ‘Relato de um certo oriente’, de Miltom Hatoum.
Além das obras literárias, também serão cobradas três de filosofia, seis de Sociologia e oito de Música (as últimas, apenas para a prova específica da graduação). Para conferir a lista completa, acesse o link https://portal.nc.ufpr.br/PortalNC/PublicacaoDocumento?pub=882.