Número de violênioa contra médicos cresce 68% em dez anos. no Brasil. (Valquir Aureliano)

Casos de violência contra médicos tem apresentado crescimento no Brasil. Segundo dados do Conselho Federal de Medicina, a cada 12 minutos um profissional é vítima de agressão. E o Paraná ocupa o segundo lugar neste ranking, apesar de ter o quinto maior número de médicos atuantes por estado.

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Em 2024, o Paraná registrou 767 casos, atrás de São Paulo, que teve 832 registros, e à frente de Minas Gerais (460 casos), Santa Catarina (386 casos) e Bahia (351 casos).

O levantamento foi feito com base nos números de Boletins de Ocorrências (BOs) feitos junto às Polícias Civis dos Estados. Os registros incluem situações de ameaça, injúria, desacato, lesão corporal, difamação, furto, entre outros crimes, dentro de unidades de saúde, hospitais, consultórios, clínicas, prontos-socorros, laboratórios e outros espaços semelhantes, públicos ou privados.

Casos de violência contra médicos chegam a 4.562 em 2014

Os números nacionais na série histórica preocupam, pois vêm crescendo rapidamente. Em 2013 foram 2.454; contra 4.562 no ano passado – 68% a mais.

Cabe lembrar que a violência no contexto dos estabelecimentos de Saúde Pública e Privada não atinge somente os médicos e médicas. Profissionais da enfermagem e os demais trabalhadores da Saúde estão muito expostos a esse fenômeno nefasto que causa sérios danos ao funcionamento dos estabelecimentos e, principalmente, atingem a saúde física e mental dos trabalhadores.

Simepar reivindica mais segurança para médicos

O Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná (Simepar) vêm atuando na prevenção dos casos de violência, principalmente junto às administrações municipais, reivindicando a presença constante de profissionais de Segurança nas Unidades de Saúde, em especial nas Unidades de Pronto Atendimento.

O Simepar também atua no âmbito nacional, através da Federação Médica Brasileira, no combate a qualquer tipo de violência contra os profissionais.

O Conselho Regional de Saúde do Paraná também vêm trabalhando na prevenção da violência. O Conselho instituiu em 2024 uma Comissão de Prevenção à Violência Contra Médicos. Essa Comissão também vêm recebendo um número crescente de denúncias, que são analisadas para que medidas de prevenção sejam efetivadas.

O CRM recebe denúncias de violência por e-mail ([email protected]) e por telefone (41 3240 7800), respeitando o sigilo dos denunciantes que assim o desejarem.

Imagem: CFM.

Para o Marlus Volney de Morais, é muito importante que os casos de violência contra médicos e médicas sejam registrados com Boletim de Ocorrência na Polícia Civil e também junto ao CRM. O Simepar também possui um canal para recebimento de denúncias em seu site: https://simepar.org.br/denuncia/.

“Vale lembrar que a violência pode ser física ou psicológica e que o assédio moral também é uma forma de violência que muitas vezes pode vir da própria chefia e/ou dos/as gestores das unidades e estabelecimentos de Saúde. Nesses casos, a intervenção do Simepar é imprescindível.”

Sobre o levantamento nacional, os dados foram coletados pelo CFM junto às Polícias Civis das 27 unidades da Federação por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Foram solicitadas informações atualizadas do ano de 2024 sobre a quantidade de boletins de ocorrência registrados nas Polícias Civis, com detalhes sobre o tipo de violência cometido, onde (hospital, clínica, consultório, posto de saúde, etc.), perfil da vítima (sexo e idade), entre outros itens.

CFM registra quase 40 mil casos de desde 2013

Desde 2013, o CFM contabilizou quase 40 mil boletins de ocorrência em que médicos denunciaram algum tipo de abuso sofrido em ambientes de saúde. “Há, inclusive, registros de mortes de médicos”, afirma José Hiran Gallo, presidente do CFM.

Os homens continuam sendo mais ameaçados, porém o número de médicas que sofreu algum tipo de delito no ano passado quase alcançou o de médicos: 1.757 contra 1.819.

Em oito estados, a quantidade de mulheres agredidas superou a de homens: Acre, Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Roraima e Tocantins. Ou seja, em 44% das unidades da Federação que informaram os dados sobre sexo (18 no total), a médica foi mais alvo de violência.

A distribuição de ocorrências entre capital (sem considerar região metropolitana) e interior mostra que 2.551 (66%) dos casos ocorreram no interior; foram 1.337 (34%) nas capitais dos estados. De acordo com os dados levantados pelo CFM, os autores dos atos violentos são, em grande parte, pacientes, familiares dos atendidos ou pessoas sem nenhum vínculo com os médicos.

Há uma minoria de casos cometidos por ex-namorados e por motivação de ódio ou vingança e ainda situações minoritárias de ameaça, injúria e até lesão corporal cometidos por colegas de trabalho, incluindo enfermeiros, técnicos, servidores e outros profissionais da saúde.

Dos 4.562 boletins de ocorrência no ano passado, 256 (6%) foram registrados por crimes de calúnia, injúria, difamação e ameaça cometidos contra médicos na internet, seja em redes sociais ou em aplicativos de mensagens.