
Os casos de gastroenterite (ou simplesmente diarreia aguda) estão em alta na capital do Paraná. Segundo dados do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba, na primeira semana epidemiológica de 2025 (entre os dias 29 de dezembro e 4 de janeiro) foram registrados 3.602 casos desse tipo. Isso representa um aumento de 65% em relação à primeira semana epidemiológica de 2024, quando foram registrados 2.172 casos. Uma variação que reflete o deslocamento e concentração de pessoas em determinados lugares, como nas praias do litoral do Paraná e de São Paulo, que vivenciam um surto desse tipo de doença.
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De acordo com o médico Alcides Oliveira, diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, é comum que todo começo de ano e no verão propriamente dito a incidência dessas viroses aumente. “Isso é muito fruto do deslocamento e concentração de pessoas em determinados lugares, facilitando então a contaminação dos veículos transmissores da doença diarreica”, diz ele, explicando que o problema pode ter várias origens. “Pode ser por vírus, bactérias ou parasitas que contaminam águas e alimentos. O que a gente vem observando no litoral paranaense e de São Paulo é muito fruto disso: muita gente em um pequeno espaço utilizando água e com isso ocorre a contaminação por esses micro-organismos.
Por isso, ressalta Oliveira, é importante que as pessoas tenham cuidado com a água ingerida, buscando utilizar sempre água potável/filtrada, além de tomar cuidado com a higienização de alimentos e um cuidado extra com alimentos crus. A higienização das mãos e limpeza de superfícies com álcool líquido 70% também é importante e esses hábitos de higiene devem ser repetitivos. “Por exemplo, é muito comum no período de férias ir a bares, restaurantes e confraternizações. É preciso entender, então, que os alimentos precisam ser bem processados, em lugares confiáveis, para que não haja essa contaminação”, destaca o especialista.
Os sintomas comuns das gastroenterites são diarreia, mal-estar, náuseas, febre, dor abdominal e vômitos. A doença normalmente dura de 2 a 14 dias e é autolimitada, ou seja, tende a desaparecer sozinha. Na vigência do quadro inicial de vômito, dor abdominal e/ou diarreia, com mais de três episódios de fezes amolecidas, a pessoa deve imediatamente aumentar a sua hidratação e aguardar pela melhora dos sintomas.
No entanto, há casos que podem se agravar, principalmente em crianças e idosos, que são considerados públicos mais vulneráveis. Nessas situações, é necessário buscar o serviço de saúde para avaliação e orientação.
“Caso essa diarreia se prolongue por mais de três, quatro dias, e a pessoa tenha sintomas outros associados, como perda do apetite, cansaço, sangue nas fezes, aí deverá procurar um serviço de saúde, já que o problema poderá ser de origem infecciosa, principalmente viral ou bacteriana, e precisará ser acompanhado por um profissional de saúde. Então, no prolongamento do quadro da gastroenterite, ou se por acaso tiver fezes com sangramento, significa que já há uma vigência de infecção do trato gastrointestinal e merece esse acompanhamento”, explica Oliveira.
Nesses casos, a pessoa pode buscar diretamente uma unidade de saúde ou entrar em contato com a Central Saúde Já Curitiba, pelo telefone 3350-9000, de segunda a sexta, das 7h às 22h; e nos fins de semana, das 8h às 20h. Em situações de urgência e emergência, a orientação é procurar uma UPA.
“Provavelmente esse aumento do número de casos [de gastroenterite] em Curitiba é muito fruto do retorno do período festivo de final de ano para a cidade, um reflexo desse deslocamento. As pessoas adoeceram no litoral e acabaram voltando para a capital e procurando os serviços de saúde. Em Curitiba, os serviços estão todos abertos, preparados para o atendimento. Não há uma demanda exagerada, que possa comprometer o atendimento. Pelo contrário, os serviços estão com portas abertas, atendendo as pessoas sem impacto maiores no dia a dia das unidades de saúde.”
do médico Alcides Oliveira, diretor do Centro de Epidemiologia da SMS