O ministro da Advocacia-Geral da UniĂ£o (AGU), Jorge Messias, minimizou a rejeiĂ§Ă£o dos evangĂ©licos ao governo do presidente Luiz InĂ¡cio Lula da Silva (PT), que foi registrada pelos principais institutos de pesquisa do PaĂ­s em levantamentos realizados no mĂªs de março. “Eu nĂ£o acho que o segmento evangĂ©lico tenha resistĂªncia como se coloca ao presidente”, afirmou Messias durante a Brazil Conference, em Universidade Harvard.

Pesquisas encomendadas pelo PalĂ¡cio do Planalto reforçaram os indicativos de queda na popularidade de Lula, especialmente no segmento evangĂ©lico, que representa 30% do eleitorado. A portas fechadas, como mostrou o EstadĂ£o, o diagnĂ³stico Ă© que o governo tem perdido a batalha da comunicaĂ§Ă£o para aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Em resposta, o Planalto organizou a campanha publicitĂ¡ria intitulada “FĂ© no Brasil”. A aĂ§Ă£o estĂ¡ baseada na exibiĂ§Ă£o de peças com indicadores positivos do governo durante as visitas de Lula e dos ministros aos Estados. Questionado sobre se participou da concepĂ§Ă£o do projeto, Messias disse que o slogan Ă© fruto do “trabalho que vem desde a campanha e da nossa (governo) aproximaĂ§Ă£o com o segmento”.

“Eu acho que estamos cumprindo aquilo que o governo se comprometeu em campanha e, da nossa parte, eu acho o movimento tende a ser muito positivo”, disse Messias. “Nosso trabalho com o segmento evangĂ©lico Ă© uma relaĂ§Ă£o respeitosa, mas com o foco na construĂ§Ă£o de polĂ­ticas para toda a populaĂ§Ă£o, que Ă© o papel do Estado. Precisamos lembrar que o Estado Ă© laico”, prosseguiu.

Ainda de acordo com o ministro, Lula “tem cumprido absolutamente tudo aquilo que ele se comprometeu com o povo evangĂ©lico” durante a campanha ao apresentar uma carta de intenções. PorĂ©m, os dados da pesquisa Atlas/Intel divulgada no dia 10 de março mostram que 41% dos evangĂ©licos consideram a gestĂ£o petista ruim ou pĂ©ssima. Entre a populaĂ§Ă£o geral, a avaliaĂ§Ă£o negativa Ă© de 32%.

Messias diz que todos os ministros tĂªm a obrigaĂ§Ă£o de dialogar com os diferentes setores sociais, mas que ele assume papel de destaque na aproximaĂ§Ă£o com os evangĂ©licos por ser seguidor da religiĂ£o. “Como eu tenho 40 anos de evangĂ©lico na igreja Batista, eu tenho uma interlocuĂ§Ă£o mais prĂ³xima com o segmento evangĂ©lico, mas dialogo com todos os segmentos religiosos”, disse.

PolĂ­tica

A campanha “FĂ© no Brasil” pretende transmitir a ideia de que, apĂ³s um ano definido por Lula como sendo de “plantar”, chegou a hora “da colheita” e as promessas saĂ­ram do papel. A propaganda aparecerĂ¡ em rĂ¡dio, TV, jornais e mĂ­dias digitais. Nas redes sociais, os anĂºncios serĂ£o emoldurados pela inscriĂ§Ă£o “Bote fĂ© no Brasil”, com letras coloridas, ao lado de “Estamos no rumo certo”.

Messias assume a dianteira da interlocuĂ§Ă£o com os evangĂ©licos ao lado dos ministros Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, e Wellington Dias, do Desenvolvimento Social. HĂ¡ duas semanas, Padilha e Messias se reuniram com integrantes da Frente Parlamentar EvangĂ©lica no gabinete da liderança do PSD, na CĂ¢mara, e ouviram muitas queixas.

O EstadĂ£o mostrou que as principais queixas dos deputados estĂ£o relacionadas ao fato de que, quando votam a favor de alguma medida do governo, sĂ£o sempre associados Ă  defesa do aborto e das drogas. Os ministros disseram que Lula nĂ£o defende essas pautas.