
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou ontem que – desde 8 de janeiro, quando aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília (DF) – o Brasil teve 16 torres de energia danificadas e 4 derrubadas em 11 episódios de ataque no Paraná e outros três estados. O balanço mais recente do órgão incluiu o Mato Grosso entre os estados com registro de vandalismo à rede elétrica.
De acordo com os registros, três torres foram derrubadas em Rondônia e uma no Paraná. As 16 torres danificadas estão distribuídas da seguinte forma: seis no Paraná, seis em Rondônia, três em São Paulo e uma no Mato Grosso. Entre os tipos de danos que não resultaram na derrubada das torres, estão cabos de transmissão rompidos, estruturas retorcidas pela queda de torres vizinhas e cabos de sustentação da base cortados.
Como um episódio de ataque pode resultar em mais de uma torre derrubada ou danificada, o registro é feito de forma conjunta, o que resultou em 11 ocorrências até agora. Desse total, o Paraná lidera, com quatro incidentes. Em seguida, vêm São Paulo (três registros), Rondônia (três) e Mato Grosso (um).
Em nota oficial, a Aneel informou que acompanha os ataques a torres de energia e trabalha em conjunto com outros órgãos, como a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para reforçar a segurança da estrutura elétrica e identificar avarias o mais rápido possível na rede para evitar danos maiores que provoquem a interrupção no fornecimento de eletricidade.
Investigação
Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que as investigações sobre os episódios estão sendo conduzidas pela Polícia Federal (PF). Em relatórios enviados à agência reguladora, algumas empresas apontaram a identificação de indícios de “sabotagem” e “vandalismo”.
O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, explicou que a regulamentação do setor de transmissão prevê que, quando há indisponibilidade do serviço, o concessionário recebe uma receita menor pela prestação do serviço, salvo em situações de caso fortuito ou força maior. “Se a Aneel avaliar que essas ocorrências de queda de torres e de interrupção do serviço de transmissão, não do serviço suprimento de energia elétrica, decorreu de casos fortuitos e de força maior, a empresa é isenta do desconto na receita”, disse ele. “Vandalismo não é susceptível a isenção do desconto na receita, apenas casos extremos, considerados de força maior e fortuito, como é o caso sabotagem”, explicou
O subprocurador Carlos Frederico Santos, coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, pediu a Anell, informações sobre a derrubada de torres de transmissão de energia elétrica em Rondônia e no Paraná entre os dias 8 e 16 de janeiro. A Procuradoria investiga se há ligação entre os ataques e os atos golpistas em Brasília no dia 8.