Um pedido de vistas na Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa adiou ontem a votação de um pacote de projetos enviado à Casa na véspera pelo governador Ratinho Júnior (PSD) que autoriza o Estado a vender ações da Copel e promove uma reforma administrativa do primeiro escalão do governo. Funcionários da companhia acompanharam a sessão e se manifestaram contra a proposta. Os projetos tramitam em regime de urgência e devem voltar à pauta do plenário hoje, para votação em primeiro turno. A intenção do governo é aprovar o pacote ainda nesta semana.
O primeiro projeto transforma a Copel em companhia de capital disperso sem acionista controlador, promovendo uma oferta pública ações ordinárias e certificados de depósito de ações. A intenção é reduzir a participação do Estado no capital social da empresa de 31% para 15% e a 10% da quantidade total de votos conferidos pelas ações com direito a voto da companhia. A estimativa do Estado é arrecadar R$ 3 bilhões para investimentos com a operação.
A reforma administrativa prevê a criação de nove novas secretarias e 493 cargos a um custo anual de R$ 93 milhões. As novas secretarias serão Justiça e Cidadania; Ação Social e Família; Mulher e Igualdade Racial; Cultura; Esporte; Turismo; Ciência, Tecnologia e Ensino Superior; Indústria, Comércio e Serviços; Trabalho, Qualificação e Renda; e Inovação, Modernização e Transformação Digital. Nessa mudança, algumas superintendências criadas na reforma administrativa em 2019 passam a ter status de Secretaria.
Também haverá mudanças de nomenclatura em algumas já existentes, dando origem às secretarias de Comunicação (ex-Comunicação Social e Cultura); Planejamento (ex-Planejamento e Projetos Estruturantes); Educação (ex-Educação e Esporte); Cidades (ex-Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas); e Desenvolvimento Sustentável (ex-Desenvolvimento Sustentável e Turismo).
Ação popular
O líder da bancada de oposição ao governo Ratinho Jr na Assembleia Legislativa, deputado Arilson Chiorato (PT), anunciou que o bloco vai entrar na Justiça com uma ação popular para tentar barrar a privatização da Copel.
A oposição protocolou um requerimento encaminhado ao governador pedindo a suspensão imediata da venda da Copel, e também de suspensão da tramitação na própria Assembleia. “Esse projeto também está em desconformidade com o plano plurianual e está ausente no plano de governo do governador eleito, Ratinho Jr.. Sem contar o prejuízo imenso para a companhia”, argumenta o parlamentar.
Outras medidas jurídicas estão em curso e devem ser protocoladas entre hoje e amanhã. A bancada também vai protocolar ações no Ministério Público do Estado (MP-PR), Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para apurar possível vazamento de informação privilegiada no mercado financeiro.
Assembleia adia votação de venda de ações da Copel
Deputados também adiaram decisão sobre reforma administrativa do 1º escalão

Assembleia: manifestação (Franklin Freitas)