SÃO PAULO, SP, RIO DE JANEIRO, RJ, PORTO ALEGRE, RS, FORTALEZA, CE, BELO HORIZONTE, MG – Centenas de manifestantes saíram às ruas de algumas capitais brasileiras para protestar contra a Copa do Mundo nesta quinta-feira (12), dia de abertura do Mundial. Em Belo Horizonte e Fortaleza, o protesto segue pacífico, enquanto Porto Alegre registrou atos de vandalismo, como ataques a agências bancárias e bancas de jornal. Não houve confronto com a polícia até o meio da tarde. Na capital paulista, um protesto terminou em confronto entre policiais militares e manifestantes na zona leste. O grupo tentou fechar a Radial Leste, via de acesso ao estádio Itaquerão, onde ocorrerá o jogo entre Brasil e Croácia, mas foi impedido pela polícia. Houve uso de bombas de efeito moral e balas de borracha, e ao menos seis pessoas ficaram feridas. Três estações do metrô também permanecem fechadas para o embarque por conta do protesto. Segundo o Metrô, as pessoas podem apenas desembarcar nas estações Carrão, Belém e Tatuapé, por questão de segurança. No Rio, cerca de 100 manifestantes, dos quais sete com o rosto coberto, fecharam o trânsito, na rua Barata Ribeiro, próximo à estação de metrô Cardeal Arcoverde, em Copacabana, zona sul do Rio. Os manifestantes foram cercados por policiais militares, e um deles foi detido por desacato à autoridade. Do alto dos prédios, alguns moradores jogam água e ovos e gritam palavrões. SÃO PAULO O protesto em São Paulo começou por volta das 9h desta quinta na Radial Leste, na zona leste de São Paulo. Um grupo de “black blocs” infiltrados, porém, forçou o confronto com a Tropa de Choque. Os conflitos ocorreram justamente porque a PM tinha a ordem de evitar que manifestantes interditassem a principal via que leva até o estádio Itaquerão. A polícia usou bombas de efeito moral e balas de borracha, o que provocou correria. Os manifestantes dispersaram por um momento, mas um novo confronto ocorreu por volta das 15h. Segundo a polícia, os manifestantes atiraram pedras contra uma tropa que estava protegendo o local. Por volta das 16h, cerca de 30 manifestantes permaneciam no local e a Radial Leste estava parcialmente interditada no cruzamento com a avenida Aricanduva. Ao menos seis pessoas ficaram feridas, entre elas a correspondente do canal CNN, Shasta Darlington. Há protestos também no Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Já as estações Carrão, Belém e Tatuapé estava fechadas para o embarque, por questão se segurança, segundo o Metrô. Os passageiros podem apenas desembarcar por elas. RIO DE JANEIRO A manifestação que começou pacífica, na manhã desta quinta (12), no centro do Rio, terminou com confronto entre PMs e manifestantes após três deles terem sido detidos e colocados em uma viatura. O protesto reuniu cerca de mil pessoas, segundo a Polícia Militar, entre servidores da Educação, ativistas e membros de partidos de esquerda. Eles caminharam da Candelária até a Lapa, ambas no centro do Rio, sem qualquer incidente, com gritos de protesto contra a Copa e carregando cartazes e bandeiras. A PM acompanhava com um efetivo de agentes e homens do Batalhão de Choque à distância, além de um helicóptero. Ao se concentrarem nos Arcos da Lapa, no entanto, após parte da multidão se dispersar, um tumulto se iniciou após os policiais deterem três manifestantes. As demais pessoas que viram a cena protestaram e cercaram os PMs, que reagiram com spray de pimenta. Os manifestantes, alguns deles mascarados, revidaram atirando vidros e pedras nos policiais. PORTO ALEGRE Na capital gaúcha, os manifestantes concentraram-se em frente à prefeitura ao meio-dia e seguiram em marcha pelo centro da cidade. O clima ficou tenso às 13h30, e alguns comerciantes decidiram baixar as portas. Pelo menos três agências bancárias tiveram a vidraça quebrada, e o letreiro de uma loja do McDonald’s foi depredado. Placas alusivas à Copa foram alvejadas por manifestantes mascarados. A porta de um prédio comercial da Oi foi apedrejada, e manifestantes rasgaram a lona de duas bancas de jornal que continham publicidade da Copa. Por volta das 14h30, os manifestantes chegaram ao Largo Zumbi dos Palmares, na região central. Parte dos apoiadores da marcha se dispersou. Outros decidiram caminhar em direção à Fan Fest, festa da Fifa promovida às margens do rio Guaíba. Segundo a polícia, há ao menos 200 manifestantes na avenida Borges de Medeiros, uma das principais da capital gaúcha, no meio desta tarde. Cerca de cem policiais fazem a segurança no local. Durante o ato, os manifestantes fizeram coro com críticas à Fifa. A locutora de um carro de som leu um texto em apoio a greves do serviço público no Estado e sobre remoções de imóveis para obras ligadas ao Mundial. O protesto contra a Copa recebeu críticas de moradores, comerciantes e pedestres do centro de Porto Alegre. Os manifestantes xingaram uma moradora que apareceu na sacada de um prédio com a camisa da seleção brasileira. Participaram do ato militantes de partidos como o PSTU e PSOL e de centrais sindicais e integrantes de organizações do movimento estudantil. BELO HORIZONTE Na capital mineira, cerca de 400 pessoas de diversos movimentos sociais se reuniram no começo da tarde na Praça 7, na região central, em protesto contra os gastos com o Mundial e para reivindicar direitos sociais básicos, com destaque para a moradia. O clima é de tranquilidade, segundo a Polícia Militar. “A nossa luta é pela moradia, contra a homofobia, pela cidadania. Queremos nossos direitos, queremos um lugar digno para morar”, afirma Juliana Alves, moradora da ocupação William Rosa. A reivindicação pelo transporte público também está na pauta do protesto, que tem a participação do movimento Tarifa Zero BH. Desde cedo, a região central da cidade é monitorada ostensivamente pela PM. Helicópteros da corporação sobrevoam a capital mineira, que recebe segurança também da Tropa de Choque. Muitos manifestantes foram revistados, assim como profissionais da imprensa. Um manifestante foi flagrado com um soco inglês e conduzido à delegacia por porte de arma branca. Por volta de 14h, o grupo cresceu e ocupava a avenida Afonso Pena, sentido Savassi. Os manifestantes se posicionam também no obelisco –mais conhecido como Pirulito da Praça 7. FORTALEZA Em Fortaleza, o protesto começou de manhã na avenida Beira Mar e foi até as proximidades da praia de Iracema, onde está montada a estrutura da Fan Fest. O movimento reuniu cerca de 200 trabalhadores, alguns com bandeiras de partidos e de movimentos sindicais. As principais palavras de ordem estavam relacionadas à organização da Copa do Mundo. “Dilma escuta, a Copa vai ter luta”, seguido por “se o aumento não dar (sic) a Copa vai parar”. Os operários da construção civil já estão com greve agendada para o dia 23 deste mês. Eles esperam um posicionamento das construtoras para reverter a paralisação. A principal reivindicação da categoria é aumento salarial de 15% (foi oferecido 7,5%). O salário-base dos operários na capital cearense é atualmente um mínimo (R$ 724). De acordo com o sindicato, o reajuste ofertado pelas construtoras não compensa as perdas de 6% com a inflação desde o último aumento, em março do ano passado (pelo INPC acumulado). “Lutamos ainda pela implantação de um plano de saúde para a categoria, pois é uma profissão que exige muito esforço físico e danos à saúde”, diz Laércio Santos, um dos líderes do sindicato dos operários de Fortaleza. NORTE E NORDESTE Protestos menores ocorreram ainda em capitais do Norte e Nordeste do país, como São Luís, Teresina, Belém e Maceió. Em Belém (PA), havia cerca de 200 manifestantes, e em Teresina, no Piauí, cerca de 50 pessoas. Sindicalistas e militantes políticos participaram do ato contra a Copa. Em São Luís, havia cerca de 200 pessoas de diversas categorias profissionais. Além da Copa, elas se manifestaram contra o reajuste de R$ 0,30 na tarifa de ônibus na capital do Maranhão. Em Maceió (AL), servidores federais participaram de carreata para pedir melhorias trabalhistas, com cerca de 50 veículos.
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