Jair Bolsonaro na garagem de casa durante julgamento no STF
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 11.09.2025: JAIR BOLSONARO-JULGAMENTO-STF – O ex-presidente Jair Bolsonaro na garagem de sua casa, em Brasília. Bolsonaro ficou por cerca de 25 minutos no local, ao lado do irmão de sua esposa, Eduardo Torres, acenando para fotógrafos e transeuntes. O julgamento da Trama Golpista, no STF, pode condenar o ex-presidente por tentativa de golpe. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (11) condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses no julgamento da trama golpista. Ele foi condenado por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes, sob acusação de liderar uma trama para permanecer no poder. É a primeira vez na história do país que um ex-presidente é punido por esse crime.

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O resultado de 4 votos a 1, alcançado com o ministro Cristiano Zanin, consolida também um dos mais importantes julgamentos da história do STF. A Primeira Turma é composta pelos ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente do colegiado.

Desses 27 anos e 3 meses, 24 anos e 9 meses são de reclusão (ou seja, pena para crimes que preveem regime fechado). E 2 anos e 9 meses de detenção (pena para crimes de regime semiaberto ou aberto) Como a pena total é superior a 8 anos, Bolsonaro terá que começar a cumpri-la em regime fechado.

Por 4 votos a 1, a Turma entendeu que Bolsonaro é culpado em todos os cinco crimes atribuídos a ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em razão dos atos golpistas que tentaram derrubar a democracia e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre o fim de 2022 e o início de 2023.

A Turma decidiu também condenar os demais sete réus que foram julgados com Bolsonaro — ex-auxiliares do ex-presidente e militares.

Com a conclusão da análise das condutas de cada réu, foram condenados:

  1. Jair Bolsonaro, ex-presidente: 27 anos e 3 meses de prisão
  2. Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin): 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão. Além disso, perda do mandato parlamentar, por condenação ao regime fechado em período superior a 120 dias (número de faltas máximo permitido pela Constituição)
  3. Almir Garnier, ex-comandante da Marinha: 24 anos de prisão.
  4. Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal: 24 anos de prisão.
  5. Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI): 21 anos de prisão.
  6. Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa: 19 anos de prisão.
  7. Walter Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice na chapa de 2022: 26 anos de prisão
  8. Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro: 2 anos de prisão em regime aberto

Moraes propôs ainda inelegibilidade dos réus até 8 anos depois do prazo de cumprimento da pena (enquadra na Lei da Ficha Limpa), contando da decisão colegiada. TSE será oficiado para providências. Dino, Cármen Lúcia e Zanin acompanharam.

A Primeira Turma decidiu ainda condenar os oito ao pagamento solidário de R$ 30 milhões pelos danos causados pela depredação das sedes dos Três Poderes durante os atos golpistas de 8 de janeiro. Assim, Bolsonaro e os demais condenados deverão ajudar a pagar os prejuízos provocados com o vandalismo ocorrido no edifício-sede do Supremo, Congresso e o Palácio do Planalto. O pagamento deverá ser efetivado após o fim de todos os recursos contra a condenação.