Quarenta e cinco horas após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pela presidência da República, o atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), finalmente se pronunciou sobre o pleito realizado no último domingo. O discurso, aguardado com muita expectativa por toda a sociedade, foi breve. Nele, Bolsonaro não disse se reconhecia o resultado das urnas, mas condenou o bloqueio de estradas pelo país, em manifestações de bolsonaristas que não querem aceitar a vitória petista.
Sobre os protestos pelo país, Bolsonaro disse que seriam “fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral”. Por outro lado, repreendeu os manifestantes, dizendo que “as manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda”.
Ainda segundo Bolsonaro, a direita surgiu de verdade no Brasil. “Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade. Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nosso sonho segue mais vivo do que nunca.”
Transição
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, iniciará a transição de governo junto do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB).
Antes de Bolsonaro, nunca um candidato derrotado no segundo turno de uma eleição presidencial havia terminado o dia do pleito sem se pronunciar à população. O salão do Palácio do Planalto, por outro lado, estava preparado desde ontem para um pronunciamento do presidente.
Até que a manifestação de Bolsonaro ocorresse, contudo, uma série de reuniões foram realizadas, até uma definição sobre a resposta que seria dada à derrota. Enquato isso, diversos aliado do presidente já haviam reconhecido a derrota, como a ex-ministra Damares Alves (Republicanos), o senador Sergio Moro (União), a deputada federal Carla Zambelli (PL) e o governador do Paraná Ratinho Junior (PSD).
Abaixo, você confere, na íntegra, o pronunciamento do presidente da República
“Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro.
Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir.
A direita surgiu de verdade em nosso país. Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade. Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nosso sonho segue mais vivo do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso. Mesmo enfrentando todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra.
Sempre fui rotulado de antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou cercear a mídia e as redes sociais.
Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição. É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defender a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela da nossa bandeira.
Muito obrigado.”