Bloqueio na RMC: filas e transtornos (Valquir Aureliano)

Pelo menos 91 pontos de rodovias estaduais e federais do Paraná foram alvos de bloqueios por aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta segunda-feira (31), boa parte deles caminhoneiros, em protesto contra a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição presidencial. Do total, 55 foram em rodovias federais e 36 em estaduais. Dez deles ocorreram na Região Metropolitana de Curitiba: Mandirituba, São José dos Pinhais, Fazenda Rio Grande, Campo Largo, Céu Azul, Tijucas do Sul, Araucária, Contenda e Lapa. O número e local dos bloqueios foram divulgados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Em todo o País, segundo boletim das 16h30, eram 221 bloqueios em 16 estados e no Distrito Federal. A PRF atua em todos os pontos para liberar o tráfego e também informou que vai acionar a Justiça para conseguir a liberação das vias.

No início da noite, o governo do Paraná afirmou que a Secretaria de Estado da Segurança Pública encaminharia à Procuradoria Geral do Estado pedido de ação judicial para liberar as estradas do Estado. Na Assembleia Legislativa, a bancada de oposição apresentou requerimento pedindo que o governador Ratinho Júnior (PSD) tomasse providências para liberar as rodovias.

A PRF afirmou que acionou unidades regionais da Advocacia-Geral da União (AGU) para garantir o fluxo de estradas brasileiras. Em nota, a AGU informou que ajuizará as ações, mas que “a Polícia pode atuar sem demandar autorização”. A AGU afirmou que “recebeu, por enquanto, pedido de atuação por meio das unidades da Procuradoria da União em Rondônia Goiás e no Pará”. O órgão informou que vai “tomar as medidas cabíveis por meio de suas unidades regionais”.

“É importante destacar que existem pareceres jurídicos da instituição que autorizam atuação de ofício das Polícias, sem demandar autorização judicial, como ocorreu em 2018, por ocasião da greve dos caminhoneiros”, registrou a AGU.

Cobrança
O Ministério Público Federal (MPF) deu prazo de 24 horas para que o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, explique quais providências foram tomadas para “garantir a manutenção do fluxo nas rodovias federais”. O órgão também pediu a relação completa dos trechos onde há interdições e as ações em curso em cada caso.

Mais cedo, a PRF informou que atendeu 136 ocorrências em rodovias federais desde domingo. A corporação disse que desde que encontrou os primeiros bloqueios, “adotou todas as providências para o retorno da normalidade do fluxo”. O comunicado afirma ainda que as equipes estão negociando a liberação das estradas, “priorizando o diálogo”, e observando o “direito de manifestação dos cidadãos”

Líderes da categoria tentam minimizar protestos

RISCO
Bancada ruralista alerta para desabastecimento

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) afirmou ontem, em nota, que as paralisações de rodovias por caminhoneiros que ocorrem em vários locais do País podem gerar desabastecimento e impactar a cadeia produtiva. A bancada ressaltou que respeita o direito à manifestação, mas pediu que as rodovias sejam liberadas para cargas vivas, ração, ambulâncias e produtos de primeira necessidade.
“A Frente Parlamentar da Agropecuária entende que o momento é delicado e respeita o direito constitucional à manifestação, porém ressalta que o caminho das paralisações de nossas rodovias impacta diretamente os consumidores brasileiros, no possível desabastecimento e em toda a cadeia produtiva rural do País”, disse a FPA, na nota.