Franklin de Freitas – Moro: busca de palanque forte

A filiação do ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro ao Podemos como pré-candidato à Presidência da República deve ter reflexos diretos também na disputa pelo governo do Estado nas eleições de 2022. Em busca de um palanque forte para Moro no Paraná – terra natal do pré-candidato e sede da “República de Curitiba” que deu fama nacional ao ex-juiz – o partido pode ser obrigado a lançar um nome próprio para a disputa pelo Palácio Iguaçu.

A princípio, antes que a pré-candidatura de Moro fosse lançada, o Podemos, que integra a base do governo Ratinho Junior (PSD), tinha um pré-acordo para apoiar a reeleição do atual governador. Em troca, o grupo de Ratinho Jr cederia a vaga de candidato ao Senado para os planos de reeleição do senador e líder do Podemos, Alvaro Dias, um dos articuladores do projeto presidencial do ex-ministro. Agora, porém, o Podemos condiciona o apoio à reeleição do governador a seu engajamento na campanha de Moro.

O PSD de Ratinho Jr lançou a pré-candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), à Presidência da República. Caso Pacheco emplaque seu nome, Ratinho Jr ficaria impedido de subir no palanque de Moro. Com isso, o Podemos seria levado a lançar um candidato próprio à sucessão estadual. Entre os nomes cogitados pelo partido estão o atual presidente estadual da legenda e ex-prefeito de Guarapuava, César Silvestri Filho; e o senador Flávio Arns.

Sinais – Em busca da reeleição, Ratinho Jr tem dado sinais ambíguos sobre como pretende conduzir a questão nacional. Aliado de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ele mantém boa relação com os três senadores do Podemos: Alvaro, Arns e Oriovisto Guimarães, e conversações com o partido. Ao mesmo tempo, indica a tendência de se “descolar” de Bolsonaro sem queimar pontes com o eleitorado mais conservador que segue fiel ao presidente.

Segundo fontes da bancada governista na Assembleia Legislativo, o governador deve esperar o cenário “clarear” antes de tomar qualquer decisão, o que dificilmente acontecerá antes de abril do ano que vem. Uma das dúvidas é justamente a capacidade que Moro terá de encarnar o papel de representante da congestionada “terceira via”, em que até agora nenhum dos demais pré-candidatos conseguiu empolgar o eleitorado, segundo as pesquisas de intenção de voto.

Outra questão é se a pré-candidatura do senador Rodrigo Pacheco vai decolar. Caso ela naufrague, o PSD deve buscar aliança com outro pré-candidato. Por enquanto, o presidente nacional do partido, ex-ministro Gilberto Kassab, garante que a legenda vai levar o nome do presidente do Senado até o final. O mesmo Kassab, porém, não descarta internamente uma aproximação com a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).