Cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso do poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação na campanha de 2006, o deputado estadual Geraldo Cartário (PDT), pediu ontem licença do cargo por 150 dias. Como Cartário foi eleito pelo PMDB, assume a vaga o suplente Ademir Bier (PMDB). A licença, porém, não tem efeito sobre a decisão da Justiça, que deve ser oficializada nos próximos dias com a comunicação pelo TSE ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE/PR) da sentença. O TRE então deve oficializar a decisão à Mesa Executiva da Assembleia, para que seja cumprida a cassação, e efetivada a posse de Bier como titular no cargo.
Até lá, os advogados de Cartário devem tentar novos recursos com efeito suspensivo para evitar a perda de mandato. Oficialmente, o pedetista alegou que pediu a licença para tratamento médico e viagem ao exterior. Na prática, ele vai aproveitar o afastamento para “sair dos holofotes” e trabalhar em sua defesa jurídica.
A cassação de Cartário foi confirmada na noite da última quinta-feira, quando os ministros do TSE rejeitaram, por quatro votos a três, recurso. Ele teve o registro de sua candidatura nas eleições de 2006 cassado e a inelegibilidade por três anos decidida inicialmente pelo TRE por suposto abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação. A representação foi encaminhada à Justiça pelo suplente e atual deputado estadual AlissonAnthony Wandscheer (PPS), filho do ex-prefeito de Fazenda Rio Grande, Antonio Wandscheer (PMDB), adversário político de Cartário nomunicípio. Segundo a acusação, o deputado usou, na divulgação de sua campanha, o grupo Cartário Comunicação, do qual é proprietário.
A representação foi aceita no dia 3 de outubro de 2006, dois dias depois da eleição. Na época, o Tribunal Regional Eleitoral considerou a proclamação dos eleitos como data-limite para impugnação do registro. As acusações incluem o uso da música Amigo, do cantor Roberto Carlos, no programa de rádio Balanço Geral no dia 23 de junho de 2006. O programa é apresentado por Cartário e veiculado em 34 emissoras do Estado. Durante a campanha, o programa foi apresentado pela sua filha Geraldine Cartário, conhecida como Tutuca. Ela também é dona da emissora e presidente do PMDB de Fazenda Rio Grande.
A degravação do programa – usada como prova no julgamento – incluiu trecho na qual o deputado pedia aos “ouvintes a lembrarem ele quando ouvissem a música”. Em sua defesa, Cartário alegou que usou essa música desde o início de sua carreira política. (IS)