Colaboração não é a primeira opção, afirma defensor pioneiro

Folhapress

FELIPE BÄCHTOLD E JOSÉ MARQUES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O nome do paranaense Antonio Figueiredo Basto consta como advogado de 4 dos 11 réus em uma das ações penais da Operação Lava Jato já sentenciadas pelo juiz Sergio Moro, de Curitiba.
Seu cliente de mais destaque foi o doleiro Alberto Youssef, principal acusado na primeira fase da operação, em março de 2014.
A partir dali, ele passou a trabalhar para outros alvos da operação implicados nos depoimentos e investigações das primeiras fases da Lava Jato.
“Depois do primeiro acordo, com o resultado, vários outros vieram atrás. Por isso acabou tendo uma vasta clientela na Lava Jato”, diz Figueiredo Basto, que afirma que a delação nunca é a primeira opção.
O advogado afirma que não há conflito de interesses entre seus diversos clientes na Lava Jato e afirma que isso é levado em conta na hora de uma nova contratação.
Também nas primeiras fases da Lava Jato, outro escritório que atendia delatores e candidatos a delação era o da advogada de São Paulo Beatriz Catta Preta, que desistiu das defesas em 2015, alegando motivos de segurança.
Em alguns casos, Figueiredo Basto atua em parceria com o escritório dos sócios Adriano Bretas e Tracy Reinaldet.
PROCURA
Bretas diz estar envolvido na operação “desde o primeiro dia”, já que advogava anteriormente para Rafael Angulo Lopez, condenado pela atuação, junto ao doleiro Youssef, relacionada à entrega de dinheiro.
“Os advogados de modo geral são muito refratários a fazer acordo de colaboração premiada. Por conta dessa resistência dos colegas, poucos escritórios adeririam e, devido à escassez, a gente acabou sendo muito procurado”, diz.
Ele rejeita o rótulo de “especialista” em delação e afirma que se sua “raiz” é o trabalho em tribunal de júri.
Outro pioneiro em delações no Paraná, que também rejeita ser chamado de especialista, é Marlus Arns.
Arns, que fechou a delação de ex-executivos da Camargo Corrêa e advogou para o ex-deputado Eduardo Cunha, defende o instrumento judicial do acordo —mas está há um ano e meio sem fechar delações e orienta que os clientes não as façam.
Seu argumento é que o instituto precisa de maior segurança jurídica —com regulação, por meio de lei ou decisões de tribunais superiores— e limitação de quantidade. Só na Lava Jato de Curitiba, já foram firmados 158 acordos.
“A delação é um caminho para encurtar a investigação, mas está sendo usada para não se ter o trabalho de investigar”, critica.