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Deltan Dallagnol: desistência (Lula Marques/ Agência Brasil)

O tabuleiro político de Curitiba sofreu uma verdadeira chacoalhada na última semana, após Deltan Dallagnol (Novo) anunciar que estava desistindo de concorrer para o cargo de prefeito. O ex-deputado federal e ex-coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato vinha aparecendo como um dos principais nomes na corrida pela Prefeitura, empatado tecnicamente na liderança com outros quatro candidatos em recentes sondagens eleitorais. Diante da falta de apoios e do risco de ser declarado inelegível pela Justiça Eleitoral caso tivesse sua candidatura questionada por algum concorrente, no entanto, o político resolveu recuar e se retirar da disputa.

Opções aos curitibanos, contudo, não irão faltar, especialmente mais à direita do espectro político. Isso porque a gama de nomes que seguem no páreo ou pelo menos estão cotados para participar do pleito ainda é grande: são 15 nomes de 12 partidos diferentes. Nas próximas semanas, o cenário eleitoral deve ir se tornando menos nebuloso, já que entre o final de julho e o começo de agosto ocorrem as convenções partidárias (entre 20 de julho e 5 de agosto) e no dia 15 de agosto se encerra também o prazo para o registro das candidaturas.

Nomes na disputa

Por ora, de acordo com as mais recentes sondagens eleitorais, os candidatos mais bem colocados na corrida são Eduardo Pimentel (PSD), que é o atual vice-prefeito de Curitiba e terá o apoio do prefeito Rafael Greca e do governador Ratinho Júnior; Luciano Ducci (PSB), ex-prefeito da cidade (entre 2010 e 2012) e que tenta formar uma frente ampla de esquerda para o pleito; Ney Leprevost (União), deputado estadual e ex-Secretário da Justiça, Família e Trabalho do Paraná; e Beto Richa (PSDB), ex-governador do Paraná, ex-prefeito de Curitiba e hoje deputado federal.

O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem dois nomes cotados: Ricardo Arruda (deputado estadual) e Paulo Martins (ex-deputado federal e segundo candidato mais votado na disputa por uma cadeira no Senado em 2022). Já o PT do presidente Lula tem três nomes buscando a indicação: os deputados federais Carol Dartora e Zeca Dirceu e o advogado Felipe Magal.

A lista de pré-candidatos, no entanto, ainda tem mais opções. E três delas são mulheres: a deputada estadual Maria Victoria (PP), filha do deputado federal Ricardo Barros e da ex-governadora Cida Borghetti; Cristina Graeml (PMB), ex-colunista do jornal Gazeta do Povo; e Andrea Caldas (PSOL), que é professora na Universidade Federal do Paraná (UFPR) na área de Políticas Educacionais.

Fechando a lista de possíveis candidatos, temos ainda Roberto Requião, ex-governador do Paraná, que recentemente deixou o PT e se filiou ao Mobiliza, partido pelo qual concorrerá o próximo pleito; o deputado estadual Goura Nataraj (PDT), segundo candidato mais votado na última eleição para prefeito; e Luizão Goulart (Solidariedade), ex-prefeito de Pinhais e que agora tenta chefiar o Poder Executivo da Capital.

Movimentações nos bastidores

Com a saída de Dallagnol, não se sabe ainda se o Novo terá um candidato próprio a prefeito. Na última semana, inclusive, o ex-deputado federal esteve no Palácio Iguaçu, sede do governo estadual, em reunião com Eduardo Pimentel (PSD) e o governador Ratinho Júnior (PSD), na busca por uma composição.
Além do Novo o PSD também conversa com PL (de Paulo Martins e Ricardo Arruda) e União Brasil (de Ney Leprevost e Rosângela Moro).

Também na última semana, dois velhos adversários se reuniram para discutir outra possível aliança: Beto Richa e Roberto Requião. O tucano teria ouvido de Requião uma proposta para não sair candidato a prefeito, integrando a chapa de Requião na disputa. Em troca, Fernanda Richa, esposa de Beto, poderia ser indicada para vice de Requião.

Outra discussão “quente” envolve o PT. Parte da militância petista defende uma candidatura própria, enquanto outra parcela quer uma frente ampla de esquerda, com o partido apoiando Luciano Ducci (PSB). A definição deve ficar a cargo da direção nacional do PT. Enquanto isso, Ducci também conversa com o PDT, do deputado estadual Goura Nataraj, para a formação dessa frente ampla.

Quem deve sair ganhando com a desistência de Deltan?

Uma pergunta inevitável é quem deve sair ganhando com Deltan Dallagnol fora do páreo. E o mais provável é que Eduardo Pimentel seja beneficiado, uma vez que tem grande chance de ganhar o apoio de Dallagnol e, consequentemente, herdar alguns votos que seriam do ex-coordenador da Operação Lava Jato em Curitiba.

Ney Leprevost, no entanto, também tem a oportunidade de “faturar” politicamente com a situação. Isso porque o eleitor lavajatista ficou sem sua principal opção para prefeito em Curitiba. E sem Deltan, Leprevost poderá utilizar o prestígio do ex-juiz da Lava Jato, o atual senador Sergio Moro, para conseguir atrair eleitores que apoiam o trabalho da Lava Jato.

Há, também, os casos de Beto Richa e Luciano Ducci, que poderão fazer uma campanha mais amena sem a concorrência de Deltan. Isso porque Richa foi alvo da Lava Jato (inclusive chegando a ser preso), enquanto Ducci, embora não tenha sido alvo da Lava Jato, poderia ter a missão de defender Lula e o Partido dos Trabalhadores dos ataques que Deltan proferiria. Sem ele, o ex-prefeito terá a chance