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Cristina Graeml (PMB) e Eduardo Pimentel (PSD) debatem na RICtv (Foto: Igor CorrĂªa/ DivulgaĂ§Ă£o/ RIC)

Cristina Graeml (PMB) e Eduardo Pimentel (PSD), candidatos a prefeito de Curitiba, protagonizaram na noite deste sĂ¡bado (19 de outubro) mais um debate extremamente repleto de denĂºncias, crĂ­ticas e muito bate-boca. Desta vez, o encontro foi na RICtv. E o clima foi tĂ£o quente quanto (senĂ£o atĂ© mais acalorado) do que aquele visto na Band, no começo da semana, no primeiro embate entre os candidatos que estĂ£o no segundo turno disputando a Prefeitura de Curitiba.

DenĂºncias, investigações e condenações contra aliados polĂ­ticos; acusações de “desespero” dos dois lados; experiĂªncia versus inexperiĂªncia; e atĂ© mesmo questões familiares vieram Ă  baila no encontro entre Cristina e Pimentel. No Ăºltimo bloco, inclusive, houve um momento inusitado, quando o bate-boca se tornou mais rĂ­spido, em que os dois candidatos desabafaram usando as mesmas palavras: “Olha o nĂ­vel”.

Pimentel apostou na apresentaĂ§Ă£o de propostas mais detalhadas aos eleitores, mas ao mesmo tempo nĂ£o deixou de “atacar” a adversĂ¡ria. Principalmente, recordou os problemas que rondam diversos de seus aliados, como o candidato a vice-prefeito Jairo Ferreira Filho (que responde a um processo de R$ 1 milhĂ£o por suposto golpe numa idosa e foi recentemente condenado em segunda instĂ¢ncia num processo envolvendo quebra de contrato); o presidente do PMB no ParanĂ¡, Fabiano Santos (preso com um carro roubado dias apĂ³s lançar a candidatura de Graeml); e o coordenador de campanha da candidata, Eduardo Pedrozo (processado por enriquecimento ilĂ­cito).

Cristina, naturalmente, nĂ£o deixou barato. Fez crĂ­ticas diversas Ă  gestĂ£o de Rafael Greca (que tinha Pimentel como vice) na Prefeitura de Curitiba e tratou se exaltar seu prĂ³prio currĂ­culo frente ao de Pimentel (que a chamava insistentemente de inexperiente), tentando classificar o adversĂ¡rio como um candidato do sistema, um apadrinhado polĂ­tico. TambĂ©m recordou a grande coligaĂ§Ă£o polĂ­tica formada por seu adversĂ¡rio, dizendo que isso seria um indicativo de ‘loteamento’ do Poder Executivo. E entrou atĂ© em questões familiares, citando Nelson Slaviero, parente de Pimentel e que esteve hĂ¡ alguns anos na lista suja do trabalho escravo no Brasil.

Os dois grandes momentos do debate

O segundo e o terceiro bloco reservaram, talvez, dois dos principais momentos do debate entre os candidatos.

Esse primeiro momento veio jĂ¡ ao final do segundo bloco, quando Eduardo Pimentel começou a insistir para que sua adversĂ¡ria detalhasse suas propostas para a EducaĂ§Ă£o de Curitiba. Cristina Graeml bem que tentou escapar de dar uma resposta mais detalhada, mas Pimentel lançou mĂ£o, entĂ£o, de uma pergunta objetiva. Afinal, qual seria a porcentagem do orçamento do municĂ­pio que deveria ser investido na EducaĂ§Ă£o?

Cristina nĂ£o soube responder e tentou tergiversar, atĂ© seu tempo de fala se esgotar. Foi quando Pimentel respondeu, entĂ£o, Ă  pergunta que havia feito para a adversĂ¡rio, elencando na sequĂªncia suas prĂ³prias propostas para a EducaĂ§Ă£o.

JĂ¡ no terceiro bloco, um bate-boca mais acalorado acabou roubando a cena. Respondendo um ataque de Cristina, Pimentel disse que “podre” era a equipe que acompanhava a candidata do PMB.

“Seu vice Ă© condenado por pirĂ¢mide financeira, investigado por estelionato. Presidente do teu partido, preso com carro roubado dois dias depois de lançar a senhora candidata. Quem estĂ¡ certo, quem estĂ¡ errado? Seu vice vai ser secretĂ¡rio de finanças? Se jĂ¡ enganou [uma idosa] com R$ 1 milhĂ£o, imagine o que vai fazer com R$ 15 bilhões [orçamento do municĂ­pio]?!”, acusou o candidato do PSD.

Cristina, entĂ£o, passou a criticar o partido de Pimentel e nomes como Kassab e Rodrigo Pacheco, referĂªncias nacionais da legenda. Pimentei respondeu que o PMB de sua adversĂ¡ria apoiava Guilherme Boulos (PSOL) em SĂ£o Paulo. E Cristina, entĂ£o, apelou para questões familiares, perguntando porque seu adversĂ¡rio esconderia o sobrenome “Slaviero” e se isso se deveria ao seu parentesco com Nelson Slaviero, que jĂ¡ esteve na lista suja do trabalho escravo no Brasil.

“Parente a gente nĂ£o escolhe. Vice a gente escolhe, coordenador de partido a gente escolhe, presidente do partido ao qual vamos nos filiar a gente escolhe”, rebateu Pimentel.

Foi na sequĂªncia, inclusive, que os dois candidatos começaram a desabafar, seguidamente, soltando um “Olha o nĂ­vel”, com um acusando o outro de começar a usar ataques mais pessoais no debate.

Abaixo, vocĂª confere um resumo do que houve em cada bloco do debate na RICtv

Primeiro bloco: um raro momento de paz

O primeiro bloco começou com um raro momento mais pacĂ­fico no debate. Foi logo que os dois candidatos começaram o embate e, em vez de debaterem, se apresentaram aos eleitores/telespectadores. Depois disso, porĂ©m, jĂ¡ teve inĂ­cio a guerra verbal.

Pimentel, primeiro, perguntou sobre o novo Plano Diretor para a cidade. Cristina, entĂ£o, disse que governaria ouvindo as pessoas, seus anseios. E seu adversĂ¡rio, entĂ£o, a criticou dizendo que ela fala bem, mas nĂ£o tem profundidade.

Na sequĂªncia, Cristina tentou associar Pimentel ao Partido dos Trabalhadores (PT), dizendo que nomes importantes da sigla do presidente Lula (como Gleisi Hoffmann e Zeca Dirceu) estariam apoiando sua candidatura. O candidato do PSD, por sua vez, respondeu acusando a informaĂ§Ă£o de ser falsa, mas ressaltando que quer, efetivamente, o voto de todos os curitibanos, independente se no primeiro turno votaram em Luciano Ducci (PSB), Ney Leprevost (UniĂ£o), Maria Victoria (PP) ou Andrea Caldas (PSOL).

O “bang bang” continuou com Pimentel recordando que Cristina faltou a vĂ¡rias entrevistas ao longo da semana e questionando se ela estaria com medo de se explicar, de ter de responder sobre denĂºncias e investigações contra si ou seu vice-prefeito. TambĂ©m citou as posições polĂªmicas da jornalista durante a pandemia, negando a vacina e defendendo o tratamento precoce. E ela rebateu citando as denĂºncias de assĂ©dio eleitoral no Ă¢mbito da Prefeitura de Curitiba e a possibilidade de seu adversĂ¡rio ter feito uma espĂ©cie de “loteamento” do municĂ­pio, em face da coligaĂ§Ă£o formada pela campanha de Pimentel.

Segundo bloco: “Quanto o municĂ­pio deve investir em EducaĂ§Ă£o?”

Se no primeiro bloco os candidatos debateram livremente, utilizando uma espĂ©cie de ‘banco de tempo’, no segundo tempo jĂ¡ tiveram (ou deveriam ter tido) de seguir com perguntas e respostas acerca de temas sorteados. E o primeiro tema seria “Guarda Municipal”.

JĂ¡ de saĂ­da, Pimentel, em vez de comentar sobre o tema em si, tratou de recordar uma proposta de Graeml, de implementar uma tarifa de Ă´nibus por quilĂ´metro rodado em Curitiba – que, segundo ele, faria moradores de regiões perifĂ©ricas pagarem uma passagem mais cara do que aqueles que vivem em bairros mais nobres ou centrais.

Cristina, por outro lado, assegurou que reforçaria a GM se eleita e disse que Greca nĂ£o teria cumprido a promessa de contratar mais guardas, ao que Pimentel respondeu que mais de 500 agentes teriam sido contratados, alĂ©m de prometer dobrar o nĂºmero de botões do pĂ¢nico na cidade, para mulheres em situaĂ§Ă£o de violĂªncia. “Promete muito, mas faz pouco”, emendou a candidata do PMB.

Na sequĂªncia, o debate sobre a Guarda Municipal acabou seguindo para temas diversos, como a Linha Verde, o governador Ratinho Jr e atĂ© mesmo as gestões de Beto Richa, sempre com os dois candidatos trocando muitas farpas.

Isso atĂ© que o segundo tema foi sorteado: segurança no trĂ¢nsito e radares. De um lado, ela criticava que a Prefeitura de Curitiba sĂ³ se preocuparia em arrecadar. Do outro, ele rebatia que o municĂ­pio apenas seguia o CĂ³digo de TrĂ¢nsito Brasileiro (CTB), mas prometia fazer algumas revisões, estudar algumas melhorias para a Ă¡rea em sua gestĂ£o.

E dentro desse debate que deveria ser sobre segurança no trĂ¢nsito e radares, os candidatos acabaram entrando na Ă¡rea da EducaĂ§Ă£o. Pimentel insistia para que sua adversĂ¡ria detalhasse as propostas que tinha para a Ă¡rea. Ela tentava tergiversar, sair do assunto. AtĂ© que Pimentel apresentou uma questĂ£o objetiva: afinal, qual a porcentagem do orçamento municipal que deve ser investigo na EducaĂ§Ă£o? Cristina nĂ£o soube responder. Pimentel, sim: “25%”, disse ele, elencando na sequĂªncia suas propostas para a Ă¡rea, apĂ³s o tempo para manifestaĂ§Ă£o da candidata se esgotar.

Terceiro bloco: mais trocar de farpas e ‘olha o nĂ­vel’

No terceiro bloco, os candidatos voltaram a debater livremente. E Cristina começou perguntando o que seu adversĂ¡rio para reduzir o “preço abusivo” da passagem de Ă´nibus em Curitiba, ao que Pimentel citou o novo contrato do transporte coletivo, com licitalĂ£o a ser feita no prĂ³ximo ano. E tambĂ©m recordou a proposta da candidata de cobrar passagem conforme a distĂ¢ncia a ser percorrida pelo usuĂ¡rio, o que poderia fazer quem mora mais longe pagar mais caro pelo serviço, segundo ele.

Cristina, no entanto, defgendeu que sua proposta, na realidade, reduziria a tarifa. “NĂ£o haverĂ¡ aumentou da passagem de Ă´nibus na gestĂ£o Cristina Graeml”, assegurou a candidata.

Ao ser questionada sobre como reduziria o valor da tarifa, no entanto, ela acabou recuando. “Eu nĂ£o disse que reduziria, disse que vamos estudar”.

Na sequĂªncia, as coisas acabaram escalonando. Pimentel citou aqueles que estĂ£o no entorno de Cristina e as acusações ou mesmo condenações que pesam contra eles. Cristina, por sua vez, atacou quadros do PSD, partido do atual vice-prefeito, e questionou porque Pimentel “esconderia” o sobrenome Slaviero, perguntando ainda sobre Nelson Slaviero.

“Falou da prisĂ£o do presidente do meu partido, e a prisĂ£o do seu tio? É por isso que vocĂª esconde o Slaviero do seu nome?”, apontou a candidata. “Parente a gente nĂ£o escolhe. Vice a gente escolhe, coordenador de partido a gente escolhe, presidente do partido ao qual vamos nos filiar a gente escolhe”, rebateu Pimentel.

Pouco depois, os dois candidatos desabafaram sobre os ataques mais pessoais. “Olha o nĂ­vel”, disse primeiro Cristina. “Olha o nĂ­vel”, repetiu em seguida Pimentel, com um ainda acusando o outro de ter começado com as ofensas personalĂ­ssimas.

Quarto bloco: a trégua que durou pouco

O quarto e Ăºltimo bloco do debate começou com uma breve trĂ©gua, com os candidatos debatendo mais propostas. Falaram mais sobre vagas em creches, sustentabilidade e mobilidade urbana.

Para pressionar a adversĂ¡ria, Pimentel insistiu para que ela detalhasse suas propostas. Por exemplo, que dissesse qual o percurso que o VLT (VeĂ­culo Leve sobre Trilhos) que ela prĂ³pria propõe teria na cidade. Ela nĂ£o soube responder. “NĂ£o dĂ¡ pra trabalhar no improviso. Se ela for eleita, levarĂ¡ trĂªs anos pra aprender a administrar a cidade. AtĂ© lĂ¡ o municĂ­pio jĂ¡ colapsou”, criticou Pimentel.

O tom do debate, entĂ£o, voltou a subir. Cristina disse que nĂ£o achacou servidor e nĂ£o usou caixa pĂºblico para fazer sua campanha. Pimentel, por sua vez, voltou a citar o candidato a vice e coordenador de campanha de Cristina e as acusações que pesam contra eles.