Política

Defesa de Bolsonaro pede fim de prisão domiciliar após PGR não denunciar ex-presidente por coação

Josianne Ritz
Jair Bolsonaro na garagem de casa durante julgamento no STF

JAIR BOLSONARO-JULGAMENTO-STF - O ex-presidente Jair Bolsonaro na garagem de sua casa, em Brasília. Bolsonaro ficou por cerca de 25 minutos no local, ao lado do irmão de sua esposa, Eduardo Torres, acenando para fotógrafos e transeuntes. O julgamento da Trama Golpista, no STF, pode condenar o ex-presidente por tentativa de golpe. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

A defesa de Jair Bolsonaro (PL) pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), a revogação de todas as medidas cautelares impostas contra o ex-presidente no inquérito que investigava a coação do Judiciário, com apoio do governo Donald Trump.


O pedido envolve a reconsideração da prisão domiciliar de Bolsonaro e da proibição de utilizar redes sociais. A petição está sob sigilo.O advogado Paulo Cunha Bueno diz que o pedido se deve ao fato de a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) não ter incluído o ex-presidente entre os acusados de coação contra o Supremo.

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“Com o oferecimento de denúncia, na qual o presidente Bolsonaro não foi acusado, esvazia-se a necessidade de quaisquer medidas cautelares, já que não há ação penal, cuja tramitação e eventual condenação seriam supostamente protegidas pelas severas cautelares que foram impostas e que há semanas vêm subtraindo-lhe a liberdade de ir e vir e de livre manifestação”, afirma.
Bueno argumenta ainda que a investigação não envolve infrações penais, mas sim “denúncias sobre violações de direitos humanos, formuladas pelo deputado Eduardo Bolsonaro e pelo jornalista Paulo Figueiredo, ao governo norte-americano”.

“Sem ação penal oferecida, as cautelares tornar-se-ão um fim em si mesmas, não havendo mais como serem mantidas de forma legal, de sorte que a defesa aguarda sua célere revogação.”
O ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão domiciliar de Bolsonaro em 4 de agosto sob a alegação de que o ex-presidente havia descumprido medidas cautelares impostas no mês anterior.
A decisão foi referendada pela Primeira Turma do Supremo, por 4 a 1. Somente o ministro Luiz Fux foi contrário à domiciliar.


A denúncia contra Eduardo Bolsonaro e Figueredo


O procurador-geral da República, Paulo Gonet, denunciou nesta segunda-feira (22) ao STF Eduardo e Figueiredo sob acusação de articularem ações com o objetivo de intervir nos processos do ex-presidente.
A denúncia acusa os dois de crime de coação, que “consiste em usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral”.
Jair Bolsonaro, que é investigado e foi indiciado no inquérito que trata do tema, não foi denunciado.
Em nota conjunta, Eduardo e Figueiredo disseram que o fato de a denúncia ter sido apresentada ao Supremo logo após as novas sanções dos EUA contra a esposa do ministro Alexandre de Moraes e autoridades brasileiras “evidencia a perseguição política em curso”. Eles ainda dizem que a acusação é “fajuta” e chamam a equipe de Paulo Gonet na PGR de “lacaios de Moraes”.


Eduardo viajou para os EUA em março, de onde comanda uma campanha para que o presidente americano, Donald Trump, determine punições a autoridades brasileiras, além de ter articulado o tarifaço contra produtos brasileiros, com o objetivo de livrar o pai da prisão.