
O ex-deputado federal (cassado) e ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba criticou neste domingo, 7, o que chamou de ‘crescente arbĂtrio judicial’ no Brasil. “Se criou um ambiente de medo, porque nĂ£o existe regra. Quando vocĂª sabe que se vocĂª passar da regra vocĂª vai ser punido. Mas a gente nĂ£o vive mais o impĂ©rio das leis, mas de pessoas”, afirmou o ex-procurador da RepĂºblica na Brazil Conference.
“Esse Ă© o ponto comum ente a Lava jato e o que vemos hoje no STF. A Lava Jato combateu um tipo de abusos de donos de poder que praticavam corrupĂ§Ă£o. NĂ³s vemos hoje um outro tipo de abuso de poder, que Ă© o arbĂtrio e o abuso judicial”, seguiu.
O ex-procurador tambĂ©m criticou a ‘hipocrisia’ de pessoas que criticavam ‘supostos abusos da Lava Jato e agora silenciam diante de abusos escancarados, 100 mil vezes pior, praticados na mais alta esfera do nosso paĂs’.
PrĂ©-candidato Ă Prefeitura de Curitiba pelo Novo, Deltan participou do painel ‘Desafios e Perspectivas no Combate Ă CorrupĂ§Ă£o’ elencando uma sĂ©rie de tĂ³picos ligados ‘a destruiĂ§Ă£o da Lava Jato’. Ele destacou trĂªs ‘ondas de reaĂ§Ă£o do sistema’ Ă OperaĂ§Ă£o: ‘a mudança de regras do jogo’; a ‘perseguiĂ§Ă£o’ dos agentes que buscaram combater a corrupĂ§Ă£o; e a anulaĂ§Ă£o ‘casuĂstica’ de casos.
“O que estĂ¡ acontecendo Ă© o que sempre aconteceu no Brasil. Elites extrativistas se uniram ao longo da histĂ³ria para roubar o Brasil, extrair riquezas, se proteger e a impunidade Ă© sĂ³ a cereja do bolo dessa extraĂ§Ă£o de riqueza que gera um capitalismo de compadrio, que prejudica o desenvolvimento nacional. E quando elas se vem ameaçadas pela revelaĂ§Ă£o dos escĂ¢ndalos de corrupĂ§Ă£o, essas pessoas ameaçadas mudam as regras do jogo e criam um fundo bilionĂ¡rio para elas possas perpetuar no poder”, indicou.
Nesse contexto, a avaliaĂ§Ă£o de Deltan Ă© que, hoje, a corrupĂ§Ă£o se uniu a um segundo problema, o ‘crescente arbĂtrio judicial’. O ex-procurador citou, por exemplo, o que considera ‘cerceamento de liberdade de expressĂ£o no conteĂºdo’. Para ele, ‘pessoas que deram opiniões’ foram restringidas no perĂodo eleitoral e nĂ£o cabe Ă Justiça ‘sindicar opiniões’. “Se criou um conceito de desordem informacional para tirar do ar um vĂdeo com informações verdadeiras”, sustentou.
AlĂ©m disso, o ex-chefe da Lava Jato apontou o suposto cerceamento de liberdade de expressĂ£o via meio de comunicaĂ§Ă£o, com a derrubada de perfis em redes sociais. Para Deltan, a medida configura ‘censura prĂ©via’: “NĂ£o tem previsĂ£o legal. É o equivalente a cortar a lĂngua de uma pessoa”.
Outros pontos criticados pelo deputado sĂ£o ‘medidas invasivas sem fundamento aparente, com objetivo de pesca probatĂ³ria’, o avanço de investigações ‘sem competĂªncia no Supremo Tribunal Federal’, sobre pessoas sem foro por prerrogativa de funĂ§Ă£o e o julgamento de rĂ©us do 8 de janeiro. “Condenações por crimes impossĂveis, a penas desproporcionais. MensalĂ£o desviaram R$ 100 milhões foram punidos com 7 anos de pisĂ£o. E senhorinhas presas com BĂblia e um terço na mĂ£o pegaram 17 anos de prisĂ£o”, sustentou.
“Violações do devido processo legal no inquĂ©rito das fake news, milĂcias digitais e atos antidemocrĂ¡ticos; inquĂ©ritos temĂ¡ticos; sigilo, criando ambiente de terror”, seguiu.