Gaeco (Foto: Divulgação/MPPR)

Um diretor da Câmara Municipal de Quedas do Iguaçu, no Centro Sul do Paraná, recebeu uma “visita” do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Francisco Beltrão. Um mandado de busca e apreensão foi cumprido na residência do investigado, na segunda fase da Operação Tanque Cheio. Dinheiro, um celular e uma munição irregular foram apreendidos.

A investigação do Ministério Público do Paraná (MPPR) apura possíveis crimes relacionados à compra de combustíveis pelo legislativo do município. R$ 35 mil em espécie foram descobertos durante o cumprimento da medida. Além disso, o celular apreendido será periciado e analisado, assim como outros itens apreendidos na fase anterior das apurações (aparelhos eletrônicos e documentos).

Além da ordem judicial de busca e apreensão, foi deferido pelo Juízo o afastamento do diretor de suas funções, impedindo a continuidade da utilização do cargo público para a prática de possíveis crimes.

85 mil litros de combustível em menos de 5 anos

O mandado judicial cumprido nesta sexta-feira decorre de diligências realizadas na primeira fase da operação, realizada no dia 13 de agosto, quando foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão. Os elementos de prova colhidos naquela oportunidade apontam que o diretor da Casa Legislativa é quem, atualmente, gerencia a frota de veículos oficiais e também a distribuição de combustível entre vereadores e particulares que não integram o Legislativo local.

A investigação do Gaeco começou em abril de 2023, a partir do recebimento de informação anônima sobre superfaturamento de notas fiscais da Câmara. A partir disso, diligências preliminares foram realizadas e confirmaram irregularidades na aquisição de combustível, como, por exemplo, um consumo não condizente com a realidade local.

Para se ter uma ideia, entre janeiro de 2021 e abril de 2025 a frota de veículos da casa legislativa consumiu 85 mil litros de combustível, ao custo de quase R$ 700 mil ao erário – valor muito superior ao praticado por Câmaras Municipais de cidades que mantêm o mesmo número de vereadores e quantidade similar de habitantes ao de Quedas do Iguaçu.

Celular jogado no vaso e presidente afastado

Na primeira fase da Operação já havia sido determinado o afastamento das funções do presidente da Câmara Municipal de Quedas do Iguaçu por 90 dias. Na ocasião, forma cumpridos sete mandatos de busca e apreensão, todos na cidade sede do legislativo municipal, em um posto de combustíveis e nas residências dos investigados, que sofreram um bloqueio de R$ 500 mil.

Durante o cumprimento das medidas judiciais, expedidas pelo Juízo Criminal de Quedas do Iguaçu, foram realizadas três prisões em flagrante. Dois dos presos estavam com armas e munições ilegais, que foram apreendidas. A terceira prisão foi por obstrução de justiça em crime de organização criminosa – o detido tentou destruir o aparelho de telefone, jogando-o no vaso sanitário.