Mais de 9 milhões de eleitores paulistanos estĂ£o aptos a comparecer Ă s urnas daqui a seis meses para escolher o novo prefeito da capital. Apesar de o prazo para registro de candidaturas na Justiça Eleitoral terminar em 15 de agosto, o cenĂ¡rio da disputa no maior colĂ©gio eleitoral do PaĂs estĂ¡ desenhado e promete poucas surpresas nas definições dos candidatos majoritĂ¡rios.
Entre atual prefeito, deputados, economista, ex-ministro, metroviĂ¡rio e padre, somente Guilherme Boulos (PSOL) e Altino Prazeres (PSTU) jĂ¡ concorreram ao cargo de prefeito de SĂ£o Paulo anteriormente, em 2020 e 2016, respectivamente. Os outros sĂ£o novatos na disputa. Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito, era vice na chapa de Bruno Covas na Ăºltima eleiĂ§Ă£o, e assumiu o cargo com a morte do titular do cargo em 2021.
Boulos e Nunes lideram as mais recentes pesquisas de intenĂ§Ă£o de voto, empatados tecnicamente. Os dois contam com reforço na campanha de seus padrinhos polĂticos. O deputado do PSOL tem o apoio do presidente Luiz InĂ¡cio Lula da Silva (PT), enquanto o atual prefeito conta com a aliança com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A partir da aliança com o PT, Guilherme Boulos terĂ¡ como vice a ex-prefeita Marta Suplicy. Ela retornou ao partido apĂ³s nove anos fora da sigla, em uma articulaĂ§Ă£o capitaneada por Lula.
Ricardo Nunes, apĂ³s o aceno positivo do nĂºcleo bolsonarista, tambĂ©m ganhou apoio do governador de SĂ£o Paulo, TarcĂsio de Freitas (Republicanos). Ainda nĂ£o hĂ¡ definiĂ§Ă£o sobre o vice na chapa, mas o prefeito jĂ¡ afirmou que nĂ£o escolherĂ¡ uma pessoa que incomode o governador e o ex-presidente.
O prefeito tem o apoio de PL, PP, PSD e Republicanos. As alianças de Boulos estĂ£o concentradas em partidos de esquerda: PT, PCdoB, PV, Rede e PDT.
A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) se apresenta como alternativa Ă polarizaĂ§Ă£o entre Nunes e Boulos. Ela nĂ£o recebeu o apoio oficial de nenhum partido atĂ© o momento. O entorno da prĂ©-candidata do PSB, entretanto, nega que ela esteja isolada e cita o apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB-SP), do ministro do Empreendedorismo, MĂ¡rcio França (PSB-SP), e de ex-secretĂ¡rios de Bruno Covas.
Tabata tambĂ©m tem o apoio do apresentador de TV JosĂ© Luiz Datena (PSDB), que foi convidado para ser vice na chapa da deputada. Ele migou do PSB para o PSDB nesta semana e pode ajudar a selar a aliança da prĂ©-candidata com os tucanos, mas ainda nĂ£o definiu se aceita o convite.
TambĂ©m se apresenta como prĂ©-candidata a economista Marina Helena, pelo Partido Novo. Ela participou do governo Bolsonaro como diretora da Secretaria Especial de DesestatizaĂ§Ă£o, Ă³rgĂ£o do MinistĂ©rio da Economia, entĂ£o comandado por Paulo Guedes. Em 2022, foi candidata a deputada federal, mas obteve apenas a suplĂªncia.
Em janeiro, quando estava grĂ¡vida, ela colocou fones de ouvido na barriga para que o filho “escutasse” o discurso do presidente da Argentina, Javier Milei, no FĂ³rum EconĂ´mico Mundial, em Davos, na SuĂça.
No outro lado do espectro polĂtico, Altino Prazeres, do PSTU, se apresenta como prĂ©-candidato a Prefeitura. O metroviĂ¡rio nascido no MaranhĂ£o (MA) jĂ¡ concorreu ao cargo em 2016, quando recebeu 4,7 mil votos. Em 2022, foi candidato ao governo do Estado, obtendo 0,06% dos votos (quase 15 mil). Nas duas ocasiões nĂ£o se elegeu e nunca exerceu mandato. De carreira sindicalista, Prazeres se coloca como “uma alternativa independente dos patrões”.
As prĂ©-candidaturas do deputado federal Kim Kataguiri (UniĂ£o Brasil) e do ex-ministro da EducaĂ§Ă£o Abraham Weintraub (PMB) compõem a ala das nĂ£o confirmadas pelos partidos.
O parlamentar foi apontado pelo Movimento Brasil Livre (MBL) como prĂ©-candidato Ă Prefeitura apĂ³s vencer as prĂ©vias do movimento no começo de junho deste ano, mas ainda nĂ£o conta com o apoio oficial de seu partido, que tem uma ala que deseja apoiar Nunes e, eventualmente, pleitear a vaga de vice. Ao mesmo tempo, o MBL tenta angariar as pelo menos 500 mil assinaturas necessĂ¡rias para se lançar como partido prĂ³prio.
O ex-ministro da EducaĂ§Ă£o Weintraub afirmou que sua estratĂ©gia serĂ¡ judicializar a possibilidade uma candidatura independente, mesmo filiado ao PMB. A legislaĂ§Ă£o brasileira nĂ£o permite que um candidato dispute a eleiĂ§Ă£o sem filiaĂ§Ă£o partidĂ¡ria.
JĂ¡ Padre Kelmon, ex-candidato Ă PresidĂªncia da RepĂºblica em 2022, se filiou ao PRTB em março para poder concorrer ao cargo. A antiga sigla do sacerdote, o PRD, negou dar o aval para Kelmon concorrer nas eleições municipais.
Fora do jogo
Nomes que contavam com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro desistiram do pleito apĂ³s Bolsonaro confirmar que apoiarĂ¡ Nunes. Ex-ministro do Meio Ambiente e deputado federal, Ricardo Salles (PL) chegou a ser citado por Bolsonaro nos dias em que o apoio Ă Nunes foi formalizado. O ex-chefe disse que sua preferĂªncia sempre foi Salles. “NĂ£o nego isso aĂ, gosto muito dele e tenho uma boa amizade com ele”, afirmou Bolsonaro, reforçando que “lamenta com o coraĂ§Ă£o” nĂ£o ter podido apoiĂ¡-lo no pleito.
TambĂ©m foi o caso do astronauta Marcos Pontes (PL). Atual senador e ex-ministro da CiĂªncia e Tecnologia do governo Bolsonaro, ele era cotado como “plano B” desde meados de 2023 para caso a aliança com Nunes falhasse.
Confira a lista dos pré-candidatos à Prefeitura de SP
*Abraham Weintraub (PMB), ex-ministro do governo Bolsonaro;
*Altino Prazeres (PSTU), sindicalista;
*Guilherme Boulos (PSOL), deputado federal;
*Kim Kataguiri (UniĂ£o Brasil), deputado federal e lĂder do MBL;
*Marina Helena (Novo), economista;
*Padre Kelmon (PRTB), padre;
*Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito de SĂ£o Paulo, candidato Ă reeleiĂ§Ă£o;
*Tabata Amaral (PSB), deputada federal.