Apesar de ainda faltarem quase dois anos para as eleições municipais, nos bastidores da política paranaense a corrida pela prefeitura de Curitiba já está em pleno andamento. E a principal cartada inicial para a disputa da sucessão do prefeito Rafael Greca em 2024 foi dada pelo governador Ratinho Júnior (PSD), ao nomear o vice-prefeito, Eduardo Pimentel, secretário de Estado das Cidades para seu segundo mandato. Pimentel é cotado para concorrer à prefeitura com o apoio do governador e do próprio Greca.
Ao assumir a Pasta – que é responsável pela distribuição de verbas e realização de obras nos municípios – o vice-prefeito garante visibilidade e força política para tentar voos mais altos daqui a dois anos.
A Secretaria das Cidades vai substituir a antiga Secretaria do Desenvolvimento Urbano – uma das pastas mais importantes do primeiro escalão do Estado. O próprio Ratinho Jr ocupou o cargo entre 2013 e 2017, no governo Beto Richa, deixando o posto justamente para articular sua candidatura ao Palácio Iguaçu.
A ida de Pimentel para o governo também contou com o aval de Greca, que sonha em disputar a sucessão de Ratinho Jr. Por essa articulação, o prefeito substituiria o vice na secretaria em 2024, quando deixar o comando do Executivo municipal, para tentar se cacifar para a disputa estadual.
A operação faz parte do acordo entre o prefeito e o governador, firmado desde as eleições municipais de 2020. Na época, Ratinho Jr agiu decisivamente para abrir caminho para a reeleição de Greca, retirando da disputa pelo menos três nomes fortes: o deputado federal e ex-secretário de Estado da Justiça, Família e Trabalho, Ney Leprevost (União Brasil); o ex-prefeito e deputado federal Luciano Ducci (PSB) e o ex-prefeito de Pinhais e deputado federal Luizão Goulart (SD). Os três desistiram de concorrer a pedido do governador, deixando Greca quase sem adversários na busca pelo segundo mandato.
Ambição
O prefeito também sonha em disputar a sucessão de Ratinho Jr em 2026. Nesse caso, porém, ele não tem ainda a garantia de apoio do governador. Outros nomes dentro do grupo de Ratinho Jr têm a mesma ambição, como o deputado estadual Alexandre Curi (PSB).
A recente eleição do vereador Marcelo Fachinello (PSC) para presidente da Câmara Municipal de Curitiba também fez parte das articulações políticas visando a sucessão municipal. Fachinello teve o apoio de Pimentel e Alexandre Curi, o que abriu caminho para que ele esvaziasse os planos do líder do prefeito no Legislativo municipal, vereador Pier Petruzziello (PP). Petruzziello pretendia ser o candidato oficial ao comando da Câmara, para tentar alavancar suas chances de disputar a sucessão de Greca, mas foi “atropelado” pela articulação do vice-prefeito e seu grupo.
Moro e Dallagnol também são cotados
Políticos que tiveram bom desempenho nas eleições de 2022 também podem entrar na disputa pela sucessão do prefeito Rafael Greca (PSD). É o caso, por exemplo, do ex-juiz e senador eleito, Sergio Moro (União Brasil), que fez 421 mil votos na Capital este ano, se cacifando para ser candidato ao comando do Executivo municipal.
A dúvida é se Moro vai querer concorrer ao cargo ou se preferirá guardar forças para um vôo nacional em 2026. O ex-juiz aposta em se tornar uma das lideranças de oposição ao governo Lula no Congresso para tentar se cacifar para a eleição presidencial. Em novembro de 2019, ele se filiou ao Podemos com a esperança de concorrer ao cargo, mas deixou o partido em março de 2020 para aderir ao União Brasil, depois de perceber que não teria apoio do primeiro partido para seus planos. O União Brasil também não garantiu a legenda para ele concorrer ao Palácio do Planalto, preferindo lançar o presidente nacional da legenda, Luciano Bivar como candidato.
Outro nome ligado à Lava Jato que se cacifou para concorrer à prefeitura da Capital foi o do ex-coordenador da operação e ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos), eleito o deputado federal mais votado do Estado, e que fez 156 mil votos em Curitiba. No campo bolsonarista, um dos fortes cotados é o do deputado federal Paulo Martins (PL), que não conseguiu se eleger senador, mas fez 256 mil votos em Curitiba.
Correndo por fora, estão também políticos do grupo do governador Ratinho Jr, como o deputado federal Ney Leprevost (União Brasil) e o deputado federal Luciano Ducci (PSB). Os dois desistiram de concorrer à prefeitura em 2020 a pedido de Ratinho Jr, que preferiu apoiar a reeleição de Greca.
Esquerda pode lançar Dartora e Goura
As forças políticas de oposição ao prefeito Rafael Greca (PSD) também já começam a projetar os nomes que poderão concorrer à sucessão municipal. Pelo PT, o nome mais forte é o da vereadora e deputada federal Carol Dartora, vista renovação dos quadros da esquerda na cidade, onde o partido nunca conseguiu eleger o prefeito.
Dartora já havia feito história nas eleições municipais de 2020, quando se tornou a primeira mulher negra a ser eleita para a Câmara Municipal. Repetiu a dose em 2022, ao se tornar a primeira mulher negra eleita pelo Paraná para a Câmara Federal. Além disso, ela fez 61 mil votos em Curitiba, consagrando-se como uma das principais lideranças da legenda.
Também no campo da oposição, o deputado estadual reeleito Goura (PDT), igualmente desponta como um nome natural para a disputa pela sucessão de Greca. Na eleição de 2020, mesmo sendo lançado na última hora após a desistência do ex-prefeito e deputado federal Gustavo Fruet (PDT), o parlamentar teve bom desempenho, fazendo mais de 100 mil votos.