Cerca de 156 milhões de eleitores brasileiros aptos a ir Ă s urnas hoje vĂ£o definir a disputa presidencial em votaĂ§Ă£o de segundo turno. A campanha se encerra sem um favoritismo claro no persistente e polarizado confronto entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz InĂ¡cio Lula da Silva (PT). Este cenĂ¡rio eleitoral acentuou a divisĂ£o na sociedade e resultou num PaĂ­s fraturado politicamente.

Lula terminou o primeiro turno com uma vantagem de seis milhões de votos sobre Bolsonaro. As pesquisas – que mostram Lula liderando com uma frente, em mĂ©dia, de seis pontos porcentuais, segundo o Agregador de Pesquisas do EstadĂ£o.

Desde o inĂ­cio, a campanha presidencial deste ano foi marcada por uma forte concentraĂ§Ă£o de apoios nos dois principais oponentes. No primeiro turno, as votações no presidente e no petista somaram 91% do total de votos – Lula obteve 57,2 milhões de votos e Bolsonaro 51 milhões. Na mesma intensidade, a disputa atual tem uma inĂ©dita caracterĂ­stica: o confronto de superlativas rejeições que opõe o cristalizado antipetistmo ao mais recente antibolsonarismo.

No segundo turno, as campanhas de Lula e Bolsonaro arregimentaram novos apoios. O presidente reuniu os governadores dos principais Estados do Sudeste – com destaque para o mineiro Romeu Zema (Novo), reeleito o primeiro turno -, e o petista incorporou Ă  sua campanha a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que ficou em terceiro lugar com 4,9 milhões de votos.

Se para Lula a etapa final da campanha obrigou a uma inflexĂ£o para um projeto “alĂ©m do PT”, o foco de Bolsonaro foi investir no Sudeste para ampliar a vantagem do primeiro turno e “virar votos”.

Mas as quatro semanas derradeiras da campanha foram marcadas por um “vale-tudo” na internet. Jogo sujo e desinformaĂ§Ă£o, com direito a acusações de canibalismo e satanismo das redes sociais chegaram Ă  TV e ao rĂ¡dio impulsionados por aliados das candidaturas.

Esse contexto resultou numa campanha carente de propostas e discussões para o desenvolvimento do PaĂ­s. As campanhas de Lula e Bolsonaro apresentaram programas resumidos e pouco detalhados. O petista divulgou uma carta a trĂªs dias do segundo turno se comprometendo com “polĂ­tica fiscal responsĂ¡vel”; ontem, na vĂ©spera da votaĂ§Ă£o, o presidente publicou 22 tuĂ­tes com propostas de governo.

No Ăºltimo debate antes da votaĂ§Ă£o de hoje prevaleceram as acusações mĂºtuas e planos para um futuro governo foram coadjuvantes. Ao final do evento realizado na TV Globo, Bolsonaro foi provocado a responder se irĂ¡ respeitar o resultado das urnas: “Quem tiver mais voto leva. É isso que Ă© democracia”, disse o presidente, que jĂ¡ havia dado vĂ¡rias declarações lançando dĂºvidas sobre o processo eleitoral e as urnas eletrĂ´nicas, sem apresentar provas.

O clima entre os polos polĂ­ticos, no entanto, continua marcado pela violĂªncia polĂ­tica. A semana começou com a prisĂ£o no domingo do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que resistiu Ă  ordem de prisĂ£o com 50 tiros de fuzil e trĂªs granadas arremessadas contra policiais federais, e terminou ontem com o episĂ³dio em que a deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL-SP) persegue, com uma arma em punho, um homem no bairro dos Jardins, em SĂ£o Paulo. Ela disse ter sido agredida pelo homem, apoiador de Lula.

As informações sĂ£o do jornal O Estado de S. Paulo.