A senadora Simone Tebet (MDB-MS) chegou atrasada ao teatro da PUC-SP, na segunda-feira passada, porque estava fazendo campanha pelo petista Luiz InĂ¡cio Lula da Silva em NiterĂ³i (RJ). Cumprimentava Lula, Fernando e Ana Estela Haddad, Geraldo Alckmin, Marina Silva e o economista PĂ©rsio Arida, quando ouviu a apresentadora dizer: “Sei que vocĂª acabou de chegar, mas vocĂª tem fĂ´lego para jĂ¡ falar?” A senadora titubeou por alguns segundos e perguntou: “É para pedir voto? EntĂ£o estou pronta”.

A plateia era composta por apoiadores do PT, que nĂ£o Ă© o pĂºblico da senadora, mas aplaudiu de pĂ© o curto e enfĂ¡tico discurso em defesa de Lula. “Agora nĂ£o Ă© a hora da omissĂ£o, a omissĂ£o Ă© um pecado capital contra o povo brasileiro.”

O apoio da emedebista foi o grande trunfo da campanha petista no segundo turno. O endosso da terceira colocada no primeiro turno jĂ¡ era esperado, mas a senadora surpreendeu a campanha com a rapidez da manifestaĂ§Ă£o de apoio e o alto engajamento.

A presença de Simone nos atos prĂ³-Lula passou a ser usada com a intenĂ§Ă£o de vender a ideia de que o petista tinha, enfim, conquistado uma frente ampla. Com discurso assertivo e distanciamento do PT, Simone tornou-se tambĂ©m uma rara voz crĂ­tica na campanha, ativista no convencimento de indecisos e uma das mais fortes lideranças polĂ­ticas do palanque.

Nada disso surpreendeu Lula, que deixou clara sua visĂ£o sobre o tamanho que a senadora ocupa na polĂ­tica, durante o almoço no qual Simone anunciou que trabalharia para elegĂª-lo. “VocĂª sabe que vocĂª nĂ£o volta mais para lĂ¡, para Mato Grosso do Sul, nĂ©?”, disse Lula, trĂªs dias apĂ³s o primeiro turno. A emedebista Ă© cotada para assumir um ministĂ©rio em um eventual governo Lula.

Simone condicionou seu apoio Ă  incorporaĂ§Ă£o de parte de sua agenda no projeto petista de um futuro governo, o que foi prontamente atendido. Entre as propostas estĂ£o a sanĂ§Ă£o de lei que regulamenta a equiparaĂ§Ă£o salarial de homens e mulheres em um mesmo cargo e o compromisso de zerar a fila de consultas e cirurgias do SUS.

AGENDAS. Simone circulou nos comĂ­cios entre a militĂ¢ncia e nos eventos com empresĂ¡rios, banqueiros, CEOs e economistas. TambĂ©m participou das peças para a televisĂ£o da campanha e foi atuante em agendas em Minas. Defendeu a tese de que Lula precisava apresentar os planos de governo em mais detalhes e clareza. TrĂªs dias antes do segundo turno, o petista divulgou uma carta, na qual se compromete por escrito com a responsabilidade fiscal – apesar da decepĂ§Ă£o do mercado.

Simone pediu para que Lula e outros petistas passassem a vestir roupas brancas em eventos e a estimular a militĂ¢ncia a deixar de lado o “vermelho PT”. “NĂ£o Ă© hora de pregar para convertidos, agora Ă© hora de conquistar votos”, disse, em uma reuniĂ£o com influenciadores digitais. Lula ouviu. No ato do Tuca, estava de branco.

As informações sĂ£o do jornal O Estado de S. Paulo.