O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, falou em “suprema perseguição” nesta quinta-feira (11). A declaração ocorreu depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) formar maioria pela condenação por todos os crimes na trama golpista.
Ainda nesta quinta, a oposição na Câmara dos Deputados divulgou nota em que classificou julgamento como “político”. E defendeu anistia.
A expressão utilizada por Flávio está sendo replicada pelos bolsonaristas nas redes sociais em defesa do ex-presidente, cuja pena pode chegar a mais de 40 anos. “A pretexto de defender a democracia, os pilares da democracia foram quebrados para condenar um inocente que ousou não se curvar a um ditador chamado Alexandre de Moraes”, disse Flávio no X, em referência ao ministro do STF relator do caso.
O senador, principal porta-voz do pai no mundo político desde que o pai passou a ficar em prisão domiciliar no dia 4 de agosto, passou o dia no Senado. Depois de formada a maioria na corte, seguiu para casa do pai, no Jardim Botânico, em Brasília.
“Chamam de julgamento um processo que todos já sabiam o resultado antes mesmo de ele começar. Não pelo que viria a ser produzido nos autos, mas por quem iria julgar. A isso chamam de defesa da democracia. Não, isso é defesa da supremacia”, afirmou também.
Apoiadores
Parlamentares e apoiadores do ex-presidente compartilharam nas redes fotos e publicações em apoio a ele também com os dizeres “querem matar Bolsonaro”. O próprio ex-presidente levantava a possibilidade de que morreria numa eventual prisão, diante do seu quadro de saúde.
A tese é propalada por seus aliados. Em entrevista à Folha na semana passada, o presidente do PP e senador, Ciro Nogueira (PP-PI), disse que, se o Supremo o colocasse na cadeia, “é porque querem matar o Bolsonaro”.
O líder da oposição na Câmara, Zucco (PL-RS), classificou o julgamento como “político”, em nota divulgada logo após a formação da maioria no Supremo. O deputado também exaltou o voto do ministro Luiz Fux, único da turma até o momento a divergir de Moraes e eximir Bolsonaro de qualquer crime.
Zucco acompanhou o julgamento de dentro do plenário da Primeira Turma em Brasília e falou com jornalistas no local. Ele disse que a condenação fortalecerá a defesa a anistia a condenados no 8 de janeiro no Congresso Nacional, que deve beneficiá-lo.
“Isso só nos fortalece. Estamos trabalhando a pauta da anistia com muita tranquilidade e muita firmeza em diálogos com líderes de outros partidos”, disse Zucco.
Julgamento
Por 4 votos a 1, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes, sob acusação de liderar uma trama para permanecer no poder após as eleições de 2022.
Seguindo voto do relator, ministro Alexandre de Moraes, o colegiado entendeu pela condenação pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
Após três dias de votação, os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Carmen Lúcia e Cristiano Zanin decidiram pela condenação. Zanin foi o último a votar, nesta quinta. Na sessão de quarta-feira, Luiz Fux abriu divergência e absolveu Bolsonaro e mais cinco aliados. No entanto, o ministro votou pela condenação de Mauro Cid e do general Braga Netto somente pelo crime de abolição do Estado Democrático de Direito.