Fruet responsabiliza prefeito Ducci por escândalo na Câmara

Para ex-deputado, prefeitura usa práticas fisiológicas, com troca de favores e cargos por apoio político no Legislativo

Ivan Santos

O ex-deputado federal Gustavo Fruet confirmou ontem sua filiação no PDT  e sua pré-candidatura à prefeitura de Curitiba para 2012, em ato público nas escadarias do prédio da Universidade Federal do Paraná, na praça Santos Andrade, centro da Capital. Ele responsabilizou o atual prefeito Luciano Ducci (PSB), pelo escândalo que envolve os gastos com publicidade da Câmara de Vereadores, presidida por João Cláudio Derosso (PSDB). Segundo Fruet, a crise no Legislativo é resultado das práticas políticas fisiológicas da prefeitura, que usa favores e cargos em troca de apoio político. Há uma relação ‘siamesa’ entre a prefeitura e a Câmara. Ducci e Derosso são hoje faces da mesma moeda. A base que apoia o Derosso é a mesma que a apoia a reeleição do prefeito, disse.

Derosso – que até o surgimento das denúncias era o nome mais forte para candidato a vice-prefeito na chapa de reeleição de Ducci – é acusado de ter contratado a Oficina da Notícia, empresa de propriedade de sua atual esposa, Cláudia Queiroz, por R$ 5,1 milhões, para serviços de publicidade. Na época em que a licitação foi realizada, no início de 2006, ela ocupava cargo de confiança na Câmara. Uma investigação do Conselho de Ética da Casa recomendou a suspensão por 90 dias do mandato do vereador, mas a punição até agora não foi votada pelo plenário por conta de manobras patrocinadas pela base aliada do prefeito.

Nunca Curitiba teve uma agenda negativa nacional tão grande como agora, e a prefeitura tem responsabilidade sobre isso. O recurso é público, o dinheiro é do povo e é a prefeitura quem repassa à Câmara, apontou Fruet. Segundo ele, a crise no Legislativo da Capital é fruto de práticas políticas fisiológicas que o Executivo utiliza para garantir maioria no Legislativo, em troca de favores e cargos.

Modelo esgotado — O ex-deputado – que em 2010 foi o mais votado em Curitiba na eleição para o Senado – disse que está recomeçando sua vida política disposto a enfrentar o desafio de discutir e trabalhar pelo futuro de Curitiba. Segundo ele, enfrenta uma série de problemas por conta do esgotamento de um modelo de planejamento de meio século. Fruet apontou as denúncias de manipulação de multas de trânsito e irregularidades nos contratos de operação de radares, a falta de solução para o problema da destinação do lixo, e a queda de qualidade no transporte público como sintomas dessa incapacidade da prefeitura em dar resposta aos problemas que atingem a cidade. Curitiba hoje passa a ideia de ser uma cidade como qualquer outra, que perdeu a capacidade de inovar, avaliou.

Fruet cobrou a abertura da caixa-preta dos radares, em especial do contrato com a Consilux, que o prefeito anunciou ter rompido após as denúncias de que multas de políticos e apadrinhados eram apagadas. Até hoje não se sabe o que aconteceu, se houve ou não manipulação de multas, se há ou não corrupção. Não há clareza, criticou.

O ex-deputado afirmou que ainda é cedo para discutir alianças para as eleições do ano que vem. Mas confirmou ter conversado com dirigentes do PV, PC do B, PT e outros partidos, sobre a possibilidade de uma futura composição. Fruet estava sem partido desde julho, quando deixou o PSDB por falta de espaço para sua candidatura a prefeito.