
O Palácio do Planalto confirmou nesta terça-feira (23) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, propôs ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que os dois conversem na próxima semana. A proposta ocorreu durante um breve encontro entre os dois mandatários, no prédio das Organizações das Nações Unidas (ONU), que não estava programado.
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Segundo a assessoria do Palácio do Planalto, Lula e Trump conversaram rápida e amistosamente ao se encontrarem no edifício-sede da ONU. Lá, eles participavam da 80ª Assembleia Geral da entidade, junto com chefes de Estado e autoridades de outras 191 nações.
Ainda de acordo com o Planalto, Trump sugeriu, e Lula aceitou, uma conversa para a próxima semana. O encontro foi divulgado pelo presidente americano ao final de sua fala, em que ele também disse que gostou do brasileiro e que teve uma “excelente química” com o petista.
Integrantes do governo Lula viram o gesto de Trump como uma vitória para o brasileiro. Contudo, eles temem que o americano use o diálogo entre os dois como uma forma de pressionar e até humilhar o brasileiro. O norte-americano já fez isso na Casa Branca com líderes europeus.
Providências
Agora, assessores dos dois presidentes devem tomar as providências necessárias, mas ainda não está certo se a futura conversa será presencial ou por telefone. À jornalista Christiane Amanpour, da CNN, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, afirmou que a conversa deverá ser por telefone ou videoconferência. “O presidente está muito ocupado, tem uma agenda cheia. Talvez não seja possível se encontrar pessoalmente, mas encontraremos alguma maneira [de realizar a conversa]”, afirmou Vieira.
A preocupação, segundo integrantes do governo brasileiro, é que o diálogo não fuja do formato diplomático estabelecido. No início do ano, um encontro entre Trump e Volodimir Zelenski descambou para uma sessão pública de humilhação do ucraniano, por exemplo.
O encontro
“Encontrei o líder do Brasil ao entrar aqui e falei com ele. Nos abraçamos. As pessoas não acreditaram nisso. Nós concordamos que devemos nos encontrar na próxima semana. Foram cerca de 20 segundos. Conversamos e concordamos em conversar na próxima semana”, disse Trump. “Eu gosto dele e ele gosta de mim. E eu gosto de fazer negócios com pessoas de quem eu gosto. Quando eu não gosto de uma pessoa, eu não gosto. Mas tivemos, ali, esses [20 ou] 30 segundos. Foi uma coisa muito rápida, mas foi uma química excelente. Isso foi um bom sinal”, acrescentou, sinalizando que o Brasil pode “se dar bem” caso trabalhe de forma conjunta com os EUA. “Sem a gente, eles vão falhar como outros falharam”.
As declarações de Trump causaram surpresa por terem sido feitas em meio a uma crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, que eclodiu em julho deste ano. Washington, em um gesto de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, impôs tarifas comerciais às importações brasileiras e sanções a membros do Executivo e do Judiciário, como o ministro Alexandre de Moraes, do STF.